quinta-feira, junho 03, 2004

___________________________________________

Teoria da conspiração ou pesadelo de uma noite ainda mais longa?

A noite passada tive um pesadelo. Sonhei com um país distante onde em tempos recuados vigorou um regime no seio do qual um escândalo sexual de prostituição e pedofilia fora abafado como convinha, pela policia da moral e bons costumes, porque envolvia figuras do regime. Muitos anos mais tarde a passagem desse escândalo a série televisiva, virava as tripas do ódio à democracia, por parte dos defensores daquele regime ainda incrustados no aparelho de Estado. Resolveram, então, à primeira oportunidade do véu levantado por uma investigação jornalística, sob o qual jaziam realidades putrefactas oriundas de décadas e décadas de pseudo-moralismo, exercerem o seu derradeiro serviço à causa, antes da sua geração abandonar, em definitivo, os subterrâneos do poder nesse país distante. Jorrar a lama que obstinadamente se recusaram a admitir estar-lhes impregnada no corpo e nas mentes, para cima do seu verdadeiro inimigo: os políticos que incarnam o regime que odeiam, a democracia, e que exercem, a espaços, o poder nessa democracia. Havia que liquidar, sobretudo, aqueles que prenunciavam o garante da sua continuidade. De caminho, eliminando com o mesmo ódio de dentes cerrados algumas figuras que representam o exemplo que as televisões lhes devolvem quotidianamente, da liberdade de expressão, do sucesso pessoal não dependente da obediência ao torniquete de uma visão mesquinha e pacóvia do país e do mundo, mas antes do que julgam ser a libertinagem contrária a uma moral (hipócrita) que se revela apenas no escuro dos antros de perversão sexual desses moralistas, e jamais concede que determinadas posturas perante a vida possam aparecer assim, despudoradamente, sob a luz dos holofotes das televisões, para que todo o povo delas tome conhecimento. E porque a culpa de tudo isto é, sempre, de determinados políticos, era urgente acabar com eles, de uma vez por todas. Dar-lhes um golpe fatal, do qual não sairiam tão cedo, para os gabinetes do poder. Acordei sobressaltado. Tinha acabado de ter um pesadelo. Fora mais longa, ainda, a noite...

Sem comentários: