quarta-feira, junho 09, 2004

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Em defesa do Padeiro do BE

Múltiplas referências ao já célebre "padeiro do BE", em blogs que muito estimo, e dos quais sou leitor assíduo, como este, este, este e este, obrigam-me a deles discordar.

Sei que vou escandalizar muitos dos meus leitores, mas muito sinceramente não acho que a ideia do padeiro e do rolo da massa seja assim tão desprezível. Considero-a, de resto, bem coerente com a linha de agitprop do BE, e mais não faz do que recorrer à figura de retórica mais corrente, no discurso político: a metáfora. É evidente que não pode ser julgada a partir dos cânones estéticos bem pensantes de intelectuais politicamente correctos. É preocupante sim, o baixar o nível da campanha política ao insulto, ao ataque pessoal, às referências a supostos defeitos físicos. Isso sim, é descer o nível do combate político ao "trauliteiro", ao "rasca". Isso dever-nos-ía preocupar a sério. O outdoor do BE, e os cartazes a ele ligados, são um excelente meio de passar uma mensagem de forma eficaz, recorrendo a uma linguagem metafórica, repito, que nada tem de "falta de nível". De resto, desde quando um cartaz de propaganda eleitoral é suposto ser rico em conteúdo substantivo textual, discursivo? Desde quando um cartaz de propaganda não deve usar as técnicas mais básicas da comunicação (política) de massas, recorrendo ao humor, à linguagem coloquial, ao texto (slogan) rapidamente assimilável pela generalidade dos cidadãos? Isto não é, necessariamente, contrário a algum princípio democrático, nem resulta, obrigatoriamente, em qualquer falta de cultura cívica, muito menos quebra da elevação da qualidade do debate político. Não confundamos a metáfora do rolo da massa, com as mocas de Rio Maior, essas sim, próprias de caceteiros que espreitam, de moca em punho, encavalitados na actual coligação no poder...

Mesmo não indo votar no BE, eu gosto dos outdoors e cartazes desta campanha do BE.

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