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Sorte madrasta esta de herdar um partido preso na teia que a aranha tece
Ainda é cedo para dizer algo muito maturado sobre o dia de ontem. Apenas quero deixar o registo de que pensei ontem exactamente o que, entretanto, acabei por ver escrito por Vital Moreira. Tem plena razão, a meu ver, o Vital Moreira, e eu que aqui tenho criticado o desempenho político de Ferro Rodrigues, enquanto líder da oposição, sou obrigado a reconhecer que, de facto, não há infortúnio que não lhe aconteça, desde que assumiu a liderança do partido. Mas o pior dos males que aconteceu ao PS foi o ter-se deixado enredar, ao longo de trinta anos (seria inevitável?), na teia da aranha do caciquismo nacional. O dia de ontem, deveria constituir, após as eleições, um momento para reflexão sobre aquele veneno mortal que a aranha segrega. Isto, independentemente, como é óbvio, de se saber se a causa directa da síncope cardíaca de Sousa Franco, se ficou a dever, ou não, às cenas trauliteiras da lota de Matosinhos. Estou inteiramente de acordo com o que escrevem o Amor e Ócio, ou o Daniel Oliveira. Mas é, sobretudo, nas belas palavras que li em Um pouco mais de Azul e em A Natureza do Mal, que melhor se diz o que importa dizer, neste triste momento, para os socialistas, mas também para todos os portugueses, em geral.
Post-scriptum: Texto corrigido no tocante às referências ao dia 9 de Junho. Onde estava "o dia de hoje" está agora "o dia de ontem", pois já era dia 10 de Junho. No dia 9 de Junho, após registar o trágico acontecimento, fizémos, respeitosamente, silêncio. Acrescentámos, também, a referência a um outro muito belo texto, escrito a este propósito, e que só por mera distracção não foi, também, referenciado aquando da redacção inicial deste post.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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