sábado, julho 30, 2005

Água roubada ao Abrupto



Com a seca que por aqui vai será melhor, de facto, viajar até Marte em busca do precioso líquido...

Transparência precisa-se

«Pode o governo colocar em linha os estudos sobre o aeroporto da OTA para que na sociedade portuguesa se valorize mais a "busca de soluções" em detrimento da "especulação"?»

in: Abrupto.

quinta-feira, julho 28, 2005

Contributos para um dicionário

Vital Moreira enumera dez casos de má pronunciação das palavras em "lisboetês". Mas podia enumerar mil, sendo os erros sempre dois. Os alfacinhas pronunciam como "ch" a junção de dois "esses" ou do "s" com o "c". Por isso aqui deixo dois contributos diferenciados para o "dicionário da pronúncia lisboeta". Estes frequentemente usados, entre outros, pelo professor que examina em palestra dominical, entre muitas coisas, também o mau uso da língua nacional, inclusive por parte de ministros. Trata-se do "chô tôr" em lugar do "senhor doutor".

Isolados e modernidade tardia

O aumento crescente dos isolados tem menos a ver com a transição democrática do que com a transição para a modernidade tardia. Sendo uma consequência do acréscimo de liberdade individual, e da importância dos valores mais hedonistas e egocentrados, resulta do extremar da modernidade, a qual implica um crescimento cada vez maior das possibilidades e oportunidades de autonomia individual, embora também de alguns riscos sociais e pessoais que daí possam eventualmente decorrer.

Caciquismo comunista

O voto do PCP contra a limitação de mandatos nas autarquias não admira. Para o PCP o governo - todos os governos - são maus e deveriam cair ao fim de três meses. Porque desse poder o PCP está arredado e sabe que tão cedo dele não participará. Inversamente, nos municípios onde o seu poder existe há vinte e até há mais anos, vive-se no "melhor dos mundos". Uma espécie de céu na terra. Um oásis no deserto. Apenas imperfeito naquilo que extravasa as competências autárquicas. Trata-se de uma postura coerente com o totalitarismo autoritário que marca os seus ideais. Acresce que essa continuidade do PCP à frente dessas autarquias se fica a dever, em boa parte dos casos, à personalidade que preside à autarquia. Caso existam limitações de mandatos para presidente da autarquia, é muito discutível que o partido mantenha o poder nesses municípios. A isto pode chamar-se, com propriedade, o caciquismo comunista.

Alta velocidade e carros de bois

Não tem razão, a meu ver, Vital Moreira, neste específico caso. É justamente porque ainda existem situações destas (uma estação ferroviária que mais parece um apeadeiro numa das principais cidades do país) que os megalómanos investimentos da OTA e do TGV (contestados pelo manifesto dos 13) não justificam senão os interesses das empresas de obras públicas e dos construtores civis que farão florescer prédios como cogumelos na proximidade da OTA. Num país que ainda tem estes investimentos por fazer (estações ferroviárias principais com um mínimo de dignidade e condições de segurança) justifica-se investir, desde já, em infraestruturas para a Alta Velocidade? Poder-se-á argumentar que esse investimento passaria, também, por mudar este estado de coisas (como a estação de Coimbra B). Mas pergunto, e as estações onde não venha a passar o TGV? Acontecer-lhes-á o mesmo que às inúmeras estradas secundárias ao lado das auto-estradas e itinerários principais? Quem não teve já a experiência de saír de uma auto-estrada, dessas do período aúreo do fontismo cavaquista, e entrar, logo a seguir, numa autêntica via para carros de bois?

Olha quem fala

Valentim Loureiro diz que Marques Mendes é um líder menor. Pode ser menor do que ele, mas Valentim também não é homem de grande estatura...

Cidadão des-mobilizado

O post abaixo exige uma declaração de interesse. Neste momento não sou um cidadão auto-mobilizado. Desde que um imberbe condutor me destruiu literalmente o meu veículo, sou um cidadão des-mobilizado. Automobilisticamente falando, bem entendido.

Coletes reflectores das lógicas nacionais

A obrigatoriedade do uso de apenas um colete reflector por veículo faz todo o sentido em Portugal. Senão vejamos. Se, em caso de necessidade, dos cinco passageiros de um automóvel acidentado que sejam obrigados a abandonar o mesmo e a circular fora do veículo, apenas um possuir colete, isso quereria dizer que quatro passageiros continuariam à mercê do hipotético atropelamento. Mas, no caso português, cerca de 98% dos automóveis de passageiros para cinco lugares, circulam com apenas uma pessoa, o condutor. Embora estes dados não sejam oficiais, pois obedecem apenas à técnica do olhómetro, que utilizei na ponte 25 de Abril à hora de ponta, poderemos dizer que a probabilidade estatística da injustificação de mais do que um colete por veículo é muito próxima de 100%.

Expozinha

Muito interessante a intervenção urbanística na zona ribeirinha de Coimbra. Excelente requalificação daquela parcela da cidade com uma continuidade bem conseguida face ao belo jardim público e à avenida que o ladeia do lado oposto ao rio. Uma simbiose perfeita entre uma paisagem novecentista e outra de século vinte e um. A Parque-Expo reproduz ali o modelo Expo/Parque das Nações, o que é um bom exemplo de que o mimetismo nem sempre é desajustado. Só lamento duas coisas: que aquela intervenção simples, embora bem conseguida, não justifique os milhões que implicou e que, acto contínuo, tenha logo surgido uma barreira de betão, armado em condominio privado de luxo, com vista para a expozinha.

Coimbra

É uma bela cidade Coimbra. Pena é que se tenha deitado há tanto tempo à sombra exclusiva e paralisante da especulação imobiliária.

quarta-feira, julho 27, 2005

terça-feira, julho 26, 2005

Silêncio útil

Sobre a hipótese de candidatura de Mário Soares defendo o silêncio útil.

Mystic River

O imigrante brasileiro indiciava todos os sinais de culpa. Jimmy apenas sabia que a sua filha Katie tinha sido barbaramente assassinada. Dave estava morto há muito tempo, desde a sua infância no bairro operário de Boston, ou de São Paulo, pouco importa. O imigrante brasileiro porventura desde que, em busca de melhores dias, rumou com a sua fisionomia nada anglo-saxónica para a cidade de Londres. Jimmy disparou à cabeça de Dave. O crime de Dave foi a violação da sua condição de ser humano por ter nascido no lado errado do mundo. Nunca chegaram a transpor a fronteira, para a outra margem, Dave e o imigrante brasileiro.

Registo nada confessional

O que penso da hipótese de candidatura de Mário Soares à Presidência da República nem aos blogues confesso. Mas registo a reacção censória dessa veleidade infantil do debutante político, por parte daqueles que constituirão a lista de honra dos apoiantes desse jovem promissor da política nacional, repleto de ideias frescas sobre os actuais problemas que o país enfrenta [não daqueles que se colocavam em 1985, há vinte anos portanto] e que se chama Aníbal Cavaco Silva. Nunca tinham ouvido falar deste nome confessem lá... Manuela Ferreira Leite também não.

Destaques

Uma auto mutilação é para mim escrever depois do quadro de Sisley. Mas tornou-se imprescindível registar o destaque do Bruno semanas antes e da Charlotte esta semana. Dois blogues em destaque permanente no meu astrolábio aqui ao lado.

sexta-feira, julho 22, 2005

Não é música


(Alfred Sisley)

***

Não é música

Não é música o que ouvimos.
Não é de água este brilho de prata.

Eu estou aqui sobre as pontes do rio.
Outros são os que espreitam pela bruma das margens.

Talvez me lembre:
tu vinhas devagar pelo lado das acácias.
Cingias cada árvore e as colunas, os braços de um
deus cruel, o saber dos templos.

Não é um salmo o que ouvimos.
Não é de harpas este lamento,
não é o ofício das mãos esculpindo um rosto,
não é a palavra de deus que ecoa nas escarpas.

Algures te ocultas e não deixas sinais.
Quem és tu
cujo perfil se desvanece, cuja doçura se perde nos
confins da tarde?

Eu estou aqui onde se unem as margens, onde escurecem
as sendas e as sombras,
onde correm as nuvens, as pedras, as águas.

Outros são os que te aguardam pelo lado das acácias.


José Agostinho Baptista

quinta-feira, julho 21, 2005

A crise (2)

A última palavra do último filme de Kubrick, a propósito de uma crise conjugal e do que poderia salvar um casamento foi proferida por Nicole Kidman e sabemos que foi esta: "Fuck".

A crise

De que lado estará a razão, se do ministro que sai, se das condições que o levaram a sair, é algo que veremos apenas dentro de alguns anos. Trata-se, em todo o caso, creio bem, de uma crise, não do governo [que geriu magistralmente a questão do ponto de vista das formalidades], mas do próprio país. A solução para esta crise não é fácil, ou não a conhecemos nós pobres mortais deste extremo da península onde habita um povo que não se governa, não se deixa governar e tem cada vez maior dificuldade em encontrar quem o queira governar.

A crise, a seca e o país a arder

Enquanto isto o país arde de ano para ano cada vez mais. Só este ano já terão ardido mais do que trinta mil estádios de futebol como aqueles dez construídos o ano passado. Correlativamente a seca extrema e a aridez dos solos vão transformando o território nacional num extenso deserto. Quanto a isto os governos e as oposições reagem com a ausência de uma única medida que permita descortinar o mínimo sinal de inversão desta crise. Uma única palavra de preocupação com o agravamento das economias do interior, já de si em processo de definhamento, decadência e desvitalização social e económica. Os sucessivos governos demonstram uma incapacidade e incompetência total para resolver, ou sequer minimizar, este gravíssimo problema, que não é só ambiental, porque ao sê-lo é também económico e social.

Uma pasta cheia de obras

A oposição de uma estratégia neo-liberal, representada pelo ministro Campos e Cunha, ao investimento público, não possui qualquer relação com a opção pelo paradigma do betão em detrimento do paradigma do conhecimento contido na Agenda de Lisboa e, supostamente, orientador fundamental das politicas europeias deste início de século. Pela simples razão que a Estratégia de Lisboa e o seu paradigma do conhecimento não dispensam o investimento público, embora não orientado para o betão. Mas compreende-se que um ministro das obras públicas defenda o investimento em obras públicas (como a OTA e o TGV), caso contrário a sua pasta seria uma pasta vazia.

Stanley Kubrick Collection



Só é pena que a edição nacional tenha subtraído o Doutor Estranho Amor à edição original. Vá-se lá saber porquê...
À venda na FNAC por apenas 64,90 €, uma colecção que inclui 8, (oito) DVD's e 7 (sete) dos melhores filmes de todos os tempos, de um dos maiores cineastas de sempre. Lá está 2001: Odisseia no Espaço; Lolita; Full Metal Jacket; Laranja Mecânica; Shining; Barry Lyndon; Eyes Wide Shut e o documento Stanley Kubrick: Uma Vida Em Filmes.
Depois não digam que eu não avisei...

Eyes Wide Shut

Em política não há coincidências. Apenas causas e consequências.

quarta-feira, julho 20, 2005

Os espertos experts

Um colega costumava brincar com a utilização, entre nós, da expressão experts, para referir os peritos, chamando-lhes "espertos". A verdade é que neste país de espertos muitos deles se transformaram em experts de qualquer coisa. São uns espertos estes nossos experts...

Silly Season

Não se ligue ao post em baixo. Afinal, já entrámos na silly season...

Afinal onde quer ele chegar?

Defendi aqui a distinção entre a sua experiência e competência políticas face a uma competência (dizem) estritamente técnica do seu colega das finanças. Quando se chegou à frente na questão do sentido em manter o sufrágio à constituição europeia, julguei a coisa combinada com o chefe de governo, assim como quem diz digo eu que ele não pode fazê-lo. Mas será possível que também agora terá sido ele incumbido da auto-critica como catalizador, meio tortuoso, da desculpabilização do governo e do partido que o suporta? Demasiado tortuoso para ser verdade. Então quer isto dizer um subir para o banco das presidenciais? Mas como, se esta situação configura uma marcação de distância face ao seu principal (e único viável?) apoio partidário? Tortuoso seria, de facto, o desespero do PS em fazer eleger o seu candidato presidencial que o obrigaria à simulação de uma absoluta independência que o tornaria elegível, reforçando a sua legitimidade para a cohabitação com o governo em exercício que, por sua vez, saíria ganhador porque apoiaria um independente, demonstrando desprendimento partidário face ao orgão de soberania em questão. Demasiado tortuoso para ser verdade? Talvez...

Coisas previsíveis

O apoio de Valentim Loureiro a Isaltino Morais.

terça-feira, julho 19, 2005

Fraude científica

O Canhoto chamou a atenção para um estudo sobre insucesso escolar, realizado por Luis Valadares Tavares que é, cientificamente, uma fraude. RPP menciona que LVT só pode concluir que "nos concelhos da área metropolitana de Lisboa, [o meio social] é homogéneo porque ele não dispõe de dados sociais desagregados abaixo do concelho". Acontece que mesmo utilizando apenas dados ao nível de desagregação do concelho, não sabemos onde LVT terá ido buscar a ideia de homogeneidade do meio social na AML. Qualquer que seja a variável utilizada, permite inferir justamente o contrário. A AML revela grande heterogeneidade social inter-concelhia, colocando desde logo três concelhos em destaque, Lisboa, Oeiras e Cascais, ao fazer subir nesses concelhos (com o concelho de Lisboa em primeiro lugar) o peso proporcional dos residentes com as mais elevadas qualificações escolares e profissionais, dos residentes das profissões do topo da hierarquia das categoriais profissionais, dos residentes dos grupos sócio-económicos melhor posicionados. O facto daqueles três concelhos concentrarem com importância relativa significativa, os meios sociais mais privilegiados, permite a sua clara distinção no contexo da AML. Os dados disponíveis sobre a composição social da AML permitem ainda detectar outras assimetrias inter-concelhias. Mas se utilizarmos dados mais desagregados do que o nível territorial concelhio, como os dados por freguesia ou, ainda mais rigorosamente, agregados significativos de sub-secções estatísticas (vulgo quarteirões), podemos verificar extensas manchas territoriais de meios sociais profundamente heterogeneos no interior dos respectivos concelhos. Lisboa, por exemplo, é um caso paradigmático dessa heterogeneidade interna de meios sociais. Mais ainda, Lisboa é um bom exemplo de polarização social, porque reune no seu interior manchas territoriais dos meios sociais mais díspares que será possível encontar na realidade urbana do país. O pressuposto de homogeneidade do meio social na AML, afirmado por LVT é, pois, uma rotunda fraude científica.

Contradições democráticas

De todos os candidatos a presidente da autarquia da capital do país, o único que até ao presente demonstrou conhecer quais são as questões essenciais da cidade, o modo como os seus problemas podem ser resolvidos, sem populismos nem compromissos partidários e evidenciou competência e solidez de conhecimentos na área, bem como uma visão estratégica para a cidade inevitavelmente integrada no seu contexto territorial da área metropolitana - é a candidata que, muito provavelmente, terá o mais baixo resultado eleitoral dos cinco contendores das próximas autarquicas em Lisboa.

Manuel Alegre Estático?

Uma estátua é por definição algo de estático, imóvel, embora perene, talvez por isso mesmo. Se exceptuarmos os casos de culto da personalidade como no Iraque de Saddam, onde as estátuas ao líder personificam a omnipresença da sua autoridade total e totalitária - só conhecemos estátuas de mortos que permaneceram na história. Aquilo ou aqueles que queremos vivos não podemos pretender imobilizar numa estátua ou colocar num museu, lugar por definição onde se guarda aquilo que já não faz parte da realidade viva do quotidiano dos povos. O que pretenderão os promotores desta caricata iniciativa?

segunda-feira, julho 18, 2005

Conectividade e convivialidade

De novo conectado com o mundo. Regresso, por momentos, ao "convívio e à convivialidade". Com posts que estavam na gaveta e que apesar de extemporâneos ficam registados, abaixo.

Convívio

Oito praças para o convívio e a convivialidade é o que promete o Prof. Manuel Maria Carrilho para Lisboa. Convívio e convivialidade são, portanto, duas coisas diferentes e, deduzo, complementares. E o que Lisboa precisa, urgentemente, é de praças para o convívio e a convivialidade. Há candidaturas à principal autarquia do país muito sérias. O nível de qualidade das propostas está a aumentar. Onde chegaremos?

Democracia avançada

Será isto, Urbano Tavares Rodrigues?

http://www.blogger.com/= in progress=true

[Em progresso igual à verdade]

quinta-feira, julho 14, 2005

Soares e o terrorismo

Já aqui elogiei, por diversas vezes, o papel histórico de Mário Soares na consolidação da democracia em Portugal e a longevidade das suas capacidades intelectuais no que concerne a discernimento político e visão estratégica. Do mesmo modo ja aqui critiquei a sua perspectiva face ao modo como lidar com o terrorismo da Al-Qaeda e, sobretudo, face à explicação da sua natureza e origens. Continuo a não compreender como alguém daquela craveira política persiste em buscar "na pobreza do mundo árabe" as causas daquele terrorismo e muito menos compreendo a sua persistência em estabelecer comparações - no modo como lidar com o problema - com os movimentos independentistas das ex-colónias portugesas.

quarta-feira, julho 13, 2005

Humor amarelo

Nem todos os temas são passíveis de humor. Tentar fazer humor, ou ironia que seja, com o tema da ameaça terrorista que vitima como sucedeu em Nova York, Bali, Madrid e Londres, é de indubitável mau gosto. De resto, incompreensível quando provém da boca de alguém que tem as responsabilidades políticas de Freitas do Amaral. Alguém que, em acréscimo de responsabilidade, não é propriamente um parvenu da política. Nos seus tempos de líder do CDS, Freitas era não só comedido na linguagem como até austero, senão sorumbático, no discurso e na postura. Se uma presença mais descontraída condiz com a evolução política, e porventura pessoal, que foi sofrendo nos últimos trinta anos, já o relaxamento no uso das palavras e na justeza da sua oportunidade, é algo que deveria repensar, por maioria de razão do significado simbólico que o seu nome hoje representa no país. A sua justa veemente condenação do apoio de Portugal à invasão do Iraque não condiz com esta afirmação: «Ninguém, no Ocidente, descobriu até agora qual é o critério de escolha dos terroristas, mas custa-me a crer que o critério seja fotográfico»

Post-scriptum: chegámos a esta notícia via Bichos Carpinteiros

terça-feira, julho 12, 2005

Maquiavel

Se o Príncipe descesse à Terra por estes dias, desceria certamente por uma ligação wireless.

Sensíveis corporações

De todas as corporações deste país, há uma particularmente sensível, os jornalistas. Uma corporação de reacções epidérmicas à minima crítica. Chego a pensar que alguns jornalistas acreditam serem seres que pairam superiormente sobre a própria democracia, como se tivessem sido eles os gregos fundadores. Como se fossem eles os seus predistinados e exclusivos guardiães do templo da crítica que, por isso, tudo e todos podem criticar mas que simultaneamente se consideram impassíveis de qualquer crítica. Seres que parecem julgar-se iluminados e proprietários exclusivos da verdade e do saber. Oh deuses que assim o sois, guardai para os pobres mortais uma réstea mínima que seja dessa vossa sublime perfeição.

Requisição de serviços problemáticos

Se tem um computador e uma ligação à internet que funcionam, não requisite os serviços de informática para fazer actualizações do seu hardware. Opte por estar como está. Pode funcionar lentamente. Pode até ter necessidade de outro tipo de ligação. Pode até estar com bugs na sua ligação, ou no seu pc. Mas não tem problemas. Estes só surgem, todos, a partir do momento em que reclamou aqueles serviços para resolver problemas que você, afinal, não tinha e agora, pode estar certo, vai passar a ter. Esses e muitos mais...

segunda-feira, julho 11, 2005

Viajantes com vidas miseráveis

Também eu já fui obrigado a partilhar o conhecimento destas vidas miseráveis que viajam na executiva do Alfa. Certo dia foi um jovem estudante de medicina no Porto e de família residente em Cascais que em três horas de viagem entre o Porto e Lisboa expôs publicamente toda a sua miserável vida. Um chato a quem todos os amigos e familiares interlocutores despachavam a conversa ao telemóvel. Um desgraçado que, cheio de fome, bem relatava que já tinha acabado o pacote de bolachas, mas não conseguia fazer-se convidado por nenhum dos inúmeros familiares e amigos para jantar. Acabou por conseguir um peixinho congelado que a mãe, a custo, aceitou comprar-lhe num hiper de Cascais. O bife que lhe estava mesmo a apetecer ficou para melhores dias. Ao menos em turística sempre se apanha o povo que veio da terra participar no programa do Goucha, falam altíssimo, não param sentados cinco minutos e levam como recordação lá para a terrinha, orgulhosos, os bonés da TVI.

Dúvidas corporativas

Ao que parece ainda há quem duvide que os media são, também, produtores de realidade.

sábado, julho 09, 2005

Homenagem ao Poeta



Há vinte e cinco anos morreu o poeta dos "vícios de mais". O maior dos quais terá sido o vício de viver. Aqui vos deixamos a homenagem de Chico Buarque. Em A Praia (sem essa da garota), foi anunciada uma grande homenagem à personalidade de Vinícius de Morais. Aconselhamos, pois, vivamente, que vão à praia, nos próximos dias. O clima promete.

London question point

Não devemos acreditar, a priori, em tudo o que os media dizem. Mas, a ser verdade que Londres baixou as guardas da segurança face ao terrorismo, tendo diminuido o grau de alerta na cidade há duas semanas, quando estava agendada para solo britânico a cimeira do G8, não deveria Blair ser chamado a dar explicações desse facto?

sexta-feira, julho 08, 2005

O regresso da vítima institucional

Santana Lopes (lembram-se dele?) pediu a intervenção dos deputados no que apelida de "devassa da sua privacidade por parte dos paparazzi". Faz mal PSL, pois corre o risco de quando os voltar a chamar para sair nas revistas del corazón, eles lhe dizerem para falar com os deputados. E, como todos nós sabemos, sem esse mediatismo "cor-de-rosa" a criatura não sabe respirar.

O filme?

O filme não vale um cêntimo dos cinco euros do bilhete. Sequência fílmica sem conseguir o efeito de crescendo de intensidade dramática que um filme destes exigiria. Sem verosimilhança alguma, necessária também, et pour cause, num filme de ficção científica que de resto, disso mesmo, tem muito pouco. O pormenor da máquina de filmar caída no chão a funcionar, quando todos os circuitos electrónicos de carros, telefones, rádios, etc., tinham avariado, parece uma falha básica. Avariada também esteve, neste filme, a qualidade de representação dos actores. Mesmo Tom Cruise já fez melhor. E a participação secundária de Tim Robbins é insuficiente para apagar as más representações de actores secundários e figurantes. O filme em si não merece nem mais uma linha. O que merece mais duas linhas é a minha preocupação com o significado da risota de uma parte substancial da plateia em cenas sem qualquer motivo de humor, intencional ou involuntário da parte do realizador. Só o arroto das pipocas e o ruído do sugar o fundo do copo do refrigerante justificarão aquelas risotas. Democratizou-se apenas a acessibilidade material. Não se democratizou o essencial.

Desestruturada irresponsabilidade ilimitada

Desde há alguns anos que o conceito de "família desestruturada" é muito usado nos meios da intervenção social (acção social?), pretendendo referir as famílias onde pelo menos um dos seguintes factores está presente: O desemprego, a reclusão, o alcoolismo, a toxicodependência, a violência doméstica, a deficiência mental, a monoparentalidade sem recursos suficientes para fazer face à gestão da vida, ou a desordem pessoal proveniente da pobreza e exclusão social. São situações que, provavelmente, para a generalidade dos leitores deste blogue, estão distantes e com elas apenas mantêm um contacto remoto. Mas há outras situações de "desestruturação pessoal e familiar", em meios sociais só aparentemente improváveis de se encontrarem em tal situação. Foi uma dessas famílias que recentemente me caiu em cima. No sentido próprio. Um jovem, muito jovem, e muito irresponsável também, que conduzindo um automóvel propriedade da sua progenitora, incapaz de o controlar devido ao excesso de velocidade e à inépcia total, embateu violentamente na traseira do meu próprio veículo. Primeiro o jovem diz que se distraiu. Depois diria que é o terceiro acidente que tem desde que conduz (não admira, penso eu). Depois diz que eu não tenho de me queixar porque não vou pagar nada, pois quem paga são os seguros (e algumas mãezinhas também, desconfio), depois telefona para a mãe e de seguida para a irmã. Esta, habituada a ter acidentes, ao que referiu, (problema endémico, penso eu...) diz que "nem sempre quem bate por trás é culpado". Depois chega a mãe e o jovem chora no ombro da mãe. De seguida a irmã telefona para o pai que, ao que se podia deduzir, se demarcou da responsabilidade na ocorrência, pelo que a jovem desata numa sequência de gritos e choro no meio da rua. Perante este quadro, julguei ser conveniente chamar as autoridades para tomarem a devida nota do acidente. Só de seguida proponho a assinatura da declaração amigável, que é rejeitada pela mãe (proprietária do veículo) que deste modo desresponsabiliza o filho e tenta desresponsabilizar-se a si própria. Pois, coitadinho do seu filhinho não tem culpa que haja outros carros a circular na via, sendo assim inevitável que ele os abalroe. Não sendo o primeiro, mas o terceiro acidente (confessado pelo próprio) que este irresponsável provoca, quer isso dizer que aquela mãe continuará a permitir que o seu filhinho maior de idade, mas menor de responsabilidade e auto-sustento, ande por aí a atirar com a sua desestruturação e a desestruturação da sua família, para cima dos outros pacatos cidadãos que circulam pela via pública. Em face deste caso que sabemos frequente, nos tempos que correm, neste país, só podemos concluir que legislação mais severa no tocante à responsabilização dos condutores parece tão necessária quanto procurar urgentemente as formas e os meios de intervir na cultura de generalizada desresponsabilização e facilitismo que impera nas instâncias de socialização cá neste reino.

quinta-feira, julho 07, 2005

A Guerra dos Mundos 07/07

Estreia hoje. Ontem já tinha comprado bilhete, mas não fazia a mínima ideia que seria exibida logo pela manhã, a guerra dos mundos.

Uma questão de regime civilizacional

O preço a pagar pelo regime civilizacional existente no espaço geo-político onde nos inserimos é o ter que enfrentar os que, graças aos princípios políticos e civilizacionais desse regime, têm as condições necessárias para o atacarem. É o caso de Alberto João Jardim e da Al-Qaeda.

Paradigmas tecno-económicos

Tenho tentado encontrar o plano tecnológico por aí, em busca do caminho para o paradigma da sociedade do conhecimento, mas apenas tenho esbarrado no paradigma do betão, da grande obra pública, do promotor imobiliário. Um paradigma historicamente ultrapassado, como sabemos.

O equívoco tecnocrático

Uma elevada competência especializada em qualquer área necessária à governação, não dispensa uma razoável competência política geral. A tecnocracia é um mito sem qualquer eficácia em matéria de política. Tal como aqui chamei a atenção, logo nos primeiros dias deste governo, fica crescentemente provado que assim é. Dois independentes no governo são o positivo e o negativo daquele pressuposto: Respectivamente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e o Ministro das Finanças.

quarta-feira, julho 06, 2005

Alta Velocidade (2)

Já é possível criar uma empresa num só dia, devido à desburocratização dos processos para o devido efeito. Não a desburocratização, mas sim a racionalização dos processos burocráticos, faz parte da modernização de qualquer país ou economia. Mas será que o busílis da questão está, sobretudo, aqui? Ou antes na solidez dos projectos empresariais, na sua pertinência para uma economia moderna e fortemente competitiva, na sua capacidade de gestão e inovação? Esperemos que, em breve, não sejam estas empresas criadas agora num dia, encerradas em apenas uma hora.

Serviço público aos incendiários

Se, como todos sabemos, as nossas florestas ardem todos os verões devido à incúria dos proprietários florestais, devido à falta de sentido cívico dos portugueses em geral, devido à falta de meios adequados para prevenir e combater os incêndios e devido à desorganização territorial, administrativa e empresarial. Se, como todos sabemos, aqueles factores não se alteram com a passagem de um inverno. Por que razão, que não seja a prestação de um serviço aos incendiários, se estão a gastar os dinheiros públicos na informação diária das zonas e graus de risco de incêndio no país?

Orgulhos

Nada tenho contra o orgulho gay. Também não tenho nada a favor. Como também não tenho nada contra o orgulho hétero, nem nada a favor. Apenas não percebo a razão pela qual o orgulho gay se manifesta sob a forma carnavalesca. Como nunca percebi a graça dos machões de fartos bigodes que invariavelmente se mascaram de mulher em Ovar ou Torres Vedras.

Alta Velocidade

A economia mundial globalizada como hoje a conhecemos só é possível devido à alta velocidade permitida pelo desenvolvimento tecnológico de meios de circulação do dinheiro, das matérias-primas, das mercadorias, das pessoas. Para que assim seja torna-se necessário que os países que integram essa economia globalizada se equipem em infraestruturas que permitam essa alta velocidade, como as vias férreas para o TGV, os aeroportos com capacidade adequada, a banda larga. Mas, nos países onde não há economia integrada nos circuitos da alta velocidade da economia mundial globalizada, aquelas infraestruturas servem para quê?

terça-feira, julho 05, 2005

Metamorfoses

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A sensação da mudança e renovação advém muito, também, do efeito subjectivo que aquelas induzem na nossa percepção da realidade, como prova o facto de continuar a ter o reflexo condicionado de procurar este outro Fórum Comunitário que, afinal, já não existe.

Classes desprotegidas em Portugal

Os juízes, os professores, os polícias, os enfermeiros e os militares da Armada.

(em actualização permanente)

Lemos, ouvimos e registamos

"O que a cidade de Lisboa não precisa é de um animador cultural".

Pacheco Pereira na SIC-N, referindo-se a Manuel Maria Carrilho.

É Tempo

de agradecer o incentivo à continuação deste projecto, ao Rui MCB do Adufe, ao CMC do Tugir, à Helena do Shoshana, à Emília do Netescrita, ao Leonel Vicente do Memória Virtual, a Sérgio Aires do Destaques a Amarelo, a Carlos Azevedo do The Cats Scats e aos demais leitores e bloguistas que me perdoarão a falta de memória.

Um agradecimento especial pelo grande incentivo e pelo seu exemplo na blogosfera e/ou fora dela é devido ao meu amigo e colega Paulo Pedroso do Canhoto, (obrigado Paulo pelas tuas palavras na caixa de comentários), ao Bruno do Avatares de Um Desejo, obrigado pelo destaque dado esta semana a este Fórum e parabéns pela nova imagem, ao Vital Moreira, do Causa Nossa, que fez disparar o Site Meter do FC, ao João Tunes, do Água Lisa, pelas suas amáveis, embora excessivas, palavras, ao JPN do Respirar o Mesmo Ar, pela simpatia da referência ao autor deste blogue.

É tempo, ainda, de felicitar pelo seu aniversário o Adufe, o Bloguítica e essa Excelência da blogosfera que é A Praia. Parabéns também para Um Pouco Mais de Azul, não pelo aniversário, ou pelas palavras de incentivo, mas pela sua nova pele que o blogue bem merece.

Finalmente, dois agradecimentos, ainda mais especiais, a duas amigas e leitoras atentas do Fórum: a Elsa e a Dulce que via SMS, ou telefonicamente, manifestaram o seu desalento pela probabilidade do encerramento deste blogue.

Todas estas manifestações foram determinantes para que a emissão deste Fórum fosse retomada, com renovado alento.

segunda-feira, julho 04, 2005

Aqui a Emissão Segue Dentro de Momentos

Pedimos desculpa pelas alterações. A emissão segue dentro de momentos. Já estivemos mais longe de resolver os problemas técnicos para uma nova versão do Fórum Comunitário. Mais uns toques daqui, uns retoques dali, a reconstituição da caixa de comentários e estaremos "no ar" para agradecer o incentivo a todos os leitores e amigos deste Fórum.

sexta-feira, julho 01, 2005

With a brand old name (if possible)

A pedido de várias famílias, umas constituídas e outras a constituir, o Fórum Comunitário está a ver se consegue regressar à blogosfera, com outra "linha editorial", se possível menos exigente para o seu autor. Agradecemos as simpáticas palavras de todos os leitores e, por agora, não desliguem o Fórum Comunitário. Brevemente daremos notícias.