terça-feira, fevereiro 28, 2006

Quando a carne é fraca

Houve quem pelo carnaval anunciasse na blogosfera que se iria dedicar ao sexo. Ora no campo, ora na cidade. Iniciativa, aliás, replicada por outros, com o respectivo link de aprovação. Sugestão, certamente, da origem etimológica e civilizacional da palavra e da quadra em apreço. Atendendo a que o carnaval são três dias no ano, não admira, portanto, que a sublimação do sexo seja uma das facetas da internet e que em sondagens de opinião sobre a prática do sexo, os portugueses mintam tanto, ao darem de si a imagem de autênticos atletas da modalidade.

As causas das coisas (4)

O episódio conhecido como "envelope nove" trouxe à luz dos media os buracos negros da democracia da nação e também a incompetência da investigação criminal cá da paróquia. A reacção subsequente [por parte de quem deve zelar pelo estrito cumprimento das leis e pelos direitos, liberdades e garantias constitucionalmente consagrados no regime democrático em vigor] apenas parece estar a colocar mais luz sobre a dimensão, alcance e significado desses buracos negros. Aparentemente, tudo isto se passa perante o preocupante silêncio dos parlamentares, do governo e do PR. Está bom de ver que os culpados, "feitas as contas", serão os "mensageiros". Como de costume, dar-se-á a impressão que se recolocou a ordem para que a ordem fique como estava. Curiosamente, numa rápida viagem pela blogosfera, também não encontrámos qualquer referência à decisão do TIC, hoje noticiada pelo Público. Decisão, aliás, ao que julgamos saber, inédita em trinta anos de democracia e claramente violadora da liberdade de imprensa.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

A ler

BSS, por RPP, no Canhoto.

Retratos da preguiça sedutora















Dedicado à Bomba.

Dito de outro modo

"Jorge Sampaio termina o mandato como começou. Emocionado, com a lágrima ao canto do olho, profundamente empenhado numa “causa nacional” propícia ao sentimento fácil e à irrelevância política".

In: O Espectro

As causas das coisas (3)

"O exagero em todo o género é tão essencial ao jornalismo como à arte dramática: porque se trata de tirar de cada acontecimento o maior partido possível. Assim todos os jornalistas são alarmistas de profissão: é o seu modo de se tornarem interessantes. Por isto assemelham-se aos cães de guarda, os quais, logo que se faz o menor movimento, ladram que parece vir tudo a baixo. Deve-se regular por aqui a atenção que convém prestar ao seu apito de alarme, afim de que eles nos não perturbem a digestão"

Schopenhauer, in Amor, Mulheres e Casamento.

In: Almocreve das Petas

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

25ª lei dos debates da blogosfera

Em parte, a blogosfera não existe. É coisa virtual, ficção. Impassível das fraquezas e virtualidades do contacto corpo a corpo. Contudo, nem tudo na blogosfera é a manha aludida com perspicácia nas leis do Abrupto. Hoje de manhã ao ouvir a notícia do tremor de terra em Moçambique, a primeira coisa que me ocorreu foi o Ma-schamba do JPT. Estranho, porque não conheço o JPT. Apesar de passado conjunto nunca nos encontrámos. A blogosfera não são apenas hiperligações que estrategicamente ficam por fazer, também são elos que se criam, a pretexto do intercâmbio de ideias, opiniões, memórias, projectos, gostos e desgostos. Apesar de tudo não passou coisa muito grave. Felizmente.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O direito à preguiça

"Uma estranha loucura está a apossar-se das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta atrás de si misérias individuais e sociais que, há dois séculos, atormentam a triste humanidade. Esta loucura consiste no amor ao trabalho, na paixão moribunda pelo trabalho, levada ao depauperamento das forças vitais do indivíduo e da sua prole. Em vez de reagirem contra esta aberração mental, os padres, os economistas e os moralistas sacrossantificaram o trabalho".

Paul Lafargue (1842-1911), O direito à preguiça, 1883.

Retratos da preguiça no maravilhoso oitocentismo


















Bernard Emile (1868-1941), Madeleine dans le boulevard d'amour.

Cada cavadela sua minhoca

Marques Mendes disse ontem no Algarve que será criminoso se o governo não fizer um forte investimento no turismo e particularmente no golfe na utilização dos fundos do próximo QCA. O futuro deste líder do maior partido da oposição é promissor.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Ao cuidado dos parlamentares do CDS/PP

E o que fazemos aos cidadãos nacionais que furtam telemóveis, automóveis, caixas multibanco e agridem ou matam pessoas? Retiramos-lhes a nacionalidade?

Décima segunda lei da blogosfera

12ª Lei : Não postarás, apenas teserás:

Nos próximos tempos crescerá por aqui, certamente, a intermitência. É que tenho que me dedicar com afinco à 'turbo diesel de geometria variável'.

A sério?

"Apenas uma ínfima parte da blogosfera (a mediática) obedece a leis".

in: French kissin.

Os idiotas úteis

Daniel Oliveira dizia no Eixo do Mal (SIC-N), que os que não têm a posição que ele próprio defende em relação aos acontecimentos derivados das caricaturas de Maomé, estariam a ser "idiotas úteis". Creio que quereria dizer que fariam o jogo de uma certa direita xenófoba, racista e neo-fascista. Pois creio, sem ofensa, que quem está a cumprir o papel de "idiota útil", em relação à intolerância e às ambições de um certo islamismo fanático, xenófobo, fundamentalista e terrorista, são os que se posicionam, em relação a esta questão, no prisma em que se posiciona o Daniel Oliveira, ou o ministro Freitas do Amaral. A prova está na sequência das declarações do embaixador do Irão. Primeiro o apoio às afirmações do MNE e, acto continuo, as afirmações em relação ao Holocausto.

As causas das coisas (2)

"A blogosfera tem evoluído do amiguismo para o grupismo e deste para o tribalismo. Permanecem, no entanto, leis de desenvolvimento desigual".

In: Abrupto

Manif´s pela liberdade de expressão (3)

Amanhã vou manifestar-me em frente à redacção do 24 Horas, pela liberdade de expressão em Portugal.

Everybody knows

Ao ouvir Lobo Xavier proclamar na Quadratura do Círculo que "para os socialistas, o ideal era uma escola ou uma universidade em cada esquina", pensei extactamente o mesmo que Filipe Nunes escreve no Canhoto. Mas pensei mais. Pensei, também, que quando o Professor Cavaco abriu o mercado para as universidades, para os não socialistas o ideal passou a ser uma universidade em cada bolso. Depois, claro, foi o que toda a gente sabe, jaguares, festas, sodoma e gomorra.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Redundâncias

Com a gripe das aves, as expressões "inchado como um pavão" (ou será peru?), ou "o canto do cisne", tornaram-se autênticas redundâncias.

créditos: inspiração em textos recentes do Tugir.

Em defesa da pluralidade

O movimento gay prossegue, e bem, a sua luta pela integração da homossexualidade na "normalidade" plural. Como o slogan do spot publicitário anuncia, o que se pretende é o direito à indiferença e não à diferença. O que se trata é de transformar a homossexualidade, como orientação sexual, e respectivos estilos de vida, tão legítimos quanto a heterossexualidade e seus estilos de vida. Ao invés da ideia de pretensão de "aceitação da diferença", de algo "anormal", e bizarro, vulgarmente estereotipado na "bicha" ou na "mulher máscula". Ora, o percurso mais certeiro para tal estratégia de integração é, justamente, a integração pelos ícones mais conservadores do universo da normalidade socialmente aceite e legitimadora da estigmatização da pluralidade de orientações sexuais.

Primeiro, o casamento, essa institucionalização da normalidade sexual, até agora consagrada à constituição de família, em sentido reaccionariamente restrito. Esquecem-se, os que atacam a possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que aquele mais não é do que um contrato celebrado entre duas pessoas que não as obriga à procriação. Antes são contratualmente obrigadas ao respeito mútuo, à salvaguarda da dignidade do outro e à inter-ajuda. Não se percebe por que razão esses preceitos não podem ser aplicados a duas pessoas independentemente da sua pertença sexual.

Mais recentemente, um dos ícones mais consagrados do conservadorismo reaccionário da supremacia do homem sobre a mulher a oeste e de uma determinada ideologia da masculinidade, o universo cinematográfico western, no qual a sagração do poder e domínio do “homem branco” no mundo é, extensiva à mulher, figura quase sempre frágil e invariavelmente subjugada ao poder másculo. O que me ocorre dizer é que sempre achei duvidosa a construção ideológica do gesto do ‘coboi’ que acendia o fósforo na própria barba.

Nota explicativa (2)

O que é extraordinário é que alguns líderes (e seus crentes) da guerra santa contra os infieis e o ocidente imoral, escolham para paises onde viver, precisamente, esses países infieis do ocidente imoral.

Nota explicativa

O que é extraordinário, neste caso das caricaturas, é que países liderados pelo fanatismo do terror com base numa ideia de religião, talibans e quejandos, tenham posto o continente europeu a discutir a liberdade de expressão em países como a Dinamarca, a Noruega, a França...

Manif´s pela liberdade de expressão (2)

Esta noite o meu périplo será pelas embaixadas da Coreia do Norte, da China e de Cuba, onde me manifestarei pela liberdade de expressão naqueles países.

Urgências

Se não estou em erro faz hoje (quero dizer ontem) um mês que o ainda PR exigiu um apuramento de responsabilidades, a partir de um inquérito urgentíssimo ao PGR. Quantos meses faltam para atingir o limite da urgência?

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Manif´s pela liberdade de expressão

Esta noite vou fazer um périplo pelas embaixadas do Irão, Arábia Saudita, Koweit, Líbia, manifestando-me a favor da liberdade de expressão naqueles países.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Match Point

Ao invés de recorrer aos sites americanos sobre cinema para construir uma opinião sobre o mais recente filme de Allen, prefiro emitir a minha própria opinião em modo de desafio à vossa reflexão: os espelhos por vezes incomodam, não?

As causas das coisas

"Os portugueses são quem aposta mais no "Euromilhões", 27 por cento do total. Por aqui se vê a esperança que têm de ganhar uma vida decente com o seu trabalho."

Cada tiro sua minhoca

Hoje (quero dizer ontem), Luís Marques Mendes mostrou-se solidário com os magistrados, nas razões da greve por aqueles promovida. O futuro deste líder do maior partido da oposição é promissor.

Limites da liberdade de expressão

Deve a liberdade de expressão ter limites? Deve, quando a expressão é monocórdica.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Uma opa nada hostil

Pode ser que a abertura de hostilidades hoje, bem cedo, venha a ser benéfica para todos nós, consumidores contribuintes dos opíparos custos das comunicações nacionalistas.

Conselho

Depois do resultado de hoje, eu se fosse o holandês temia o hamas cá da paróquia e tirava bilhete para a Holanda.

Ilusões ocidentais

Ao contrário do que muitos conceituados analistas têm afirmado, em minha modesta opinião o Hamas jamais irá mudar de perspectiva, reconhecendo Israel e acabando com actos terroristas. O Hamas ganhou as eleições, parece-me, justamente graças às posições radicais que tem, tendo em conta o que temos estado a viver crescentemente no mundo, com particular velocidade na última década. Aquela organização não iria agora alterar radicalmente a sua natureza e "trair" o significado do voto popular. Essa é uma lógica do pensamento político informada, e formada, pela "cultura política democrática de tipo europeu". Ora, a lógica de movimentos islâmicos como o Hamas, é outra, completamente diversa. Por isso, julgo estarmos em presença de sinais muito preocupantes não apenas para o médio oriente, como para o mundo em geral e sobretudo para uma cultura democrática de tipo europeu que consagra a liberdade como valor primordial.

Não há coincidências

Esta reacção extemporânea a pretexto das caricaturas não surge por acaso apenas após o Irão fundamentalista ter deitado as garras de fora e o Hamas ter ganho as eleições na Palestina. Trata-se antes de três factos correlacionados que dão continuidade ao que o mundo tem vivido no pós onze de setembro e prenunciam, creio, algo de muito complicado no horizonte dos próximos tempos.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Retrospectiva de uma eleição (2)

Domingo, Novembro 27, 2005

Uma questão de fé

Se Cavaco ganhar será apenas graças àquela parcela do eleitorado que votou em Sócrates para que esse, com a maioria absoluta, os salvasse da crise. Mas como Sócrates não se revelou Messias, antes exigindo esforço colectivo, fim de pequenos e médios privilégios e co-responsabilização na saída da crise, agora, resta-lhes crer noutro Messias que lhes possa trazer a salvação.

Castas

Tudo o que por aí se tem escrito sobre a coterie da "crítica literária", mutatis mutandis, ou talvez nem isso, aplica-se à casta do universo dos jornais. Ou ainda não se deu por isso na blogosfera?

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Argumentos à la carte

As intervenções de Bill Gates em Portugal "só têm sido publicidade" porque não é o PSD que está no governo. Parece que alguém se esqueceu que a Microsoft é uma empresa. Se viesse da esquerda uma tal observação, logo se diria: "esta gente não aprende nada".

Jet lag ou o sentido da oportunidade

No dia em que o governo esteve em alta com a afirmação do investimento de Bill Gates no país, em formação e criação de empresas e emprego, Luís Marques Mendes resolve dar uma conferência de imprensa para dizer que o governo não se preocupa com o emprego dos jovens.