sexta-feira, abril 28, 2006

Assim não dá

1. Perante a apresentação da reforma da segurança social pelo governo, ontem no parlamento, o PSD, pela voz do seu líder, disse nim. O CDS ficou-se pelas graçolas do costume do marialvismo do partido sexy: 'nós aqui neste grupo parlamentar damos o exemplo para resolver o problema da taxa de natalidade. Nos últimos tempos vários de nós fizeram filhos'. Ah machão!

2. Na blogosfera, os patrulheiros do costume, sempre à cata de casos e erros de governação, disseram zero à proposta de reforma da segurança social.

3. Assim não dá. Estão difíceis os tempos. Para a oposição.

4. Que lindo está o dia.

Pontaria

Enquanto o governo está em Trás-os-Montes a anunciar a decisão de construção, nos próximos seis anos, de uma auto-estrada e outras vias (num total de 270 km) naquela região empobrecida do país, Marques Mendes está no Alentejo a dizer que 'o governo entre governar para criar desenvolvimento e governar para gerir o empobrecimento, optou pela segunda hipótese'.

Retratos da preguiça na blogosfera



Dedicado ao mais célebre gato da blogosfera nacional: o Varandas.

Tenham um Bom Fim-de-semana !

Para além da esquerda e da direita

Há quem defenda que a dicotomia já não faz qualquer sentido para ler e interpretar politicamente a realidade. Pode ser que assim seja. Porém, pelo menos no caso português, tomemos como exemplificação prática os seguintes dados: Após o discurso do PR no parlamento, no dia 25 de Abril passado, as bancadas mais à esquerda permaneceram silenciosas, enquanto as restantes aplaudiram. Durante a cerimónia, uma referência aos militares de Abril fez levantar em aplauso as bancadas mais à esquerda, enquanto as restantes permaneceram em silêncio absoluto. Em ambos os casos, são silêncios que dizem muito da pertinência da divisão esquerda direita, no caso português. Do mesmo modo que diz muito o facto de uma só bancada ter aplaudido em ambas as situações. Trata-se do partido charneira do espectro político nacional. Pese embora o facto desse lugar ter sido frequentemente almejado por outros, a verdade é que ao longo dos trinta e dois anos de democracia, ele foi sendo conquistando pelo PS, com muita pena daqueles que defendem a inoperacionalidade da divisão esquerda versus direita.

Hipocrisia económica

Como se responde a uma empresa que, sabendo-se sem concorrência e, portanto, numa situação de monopólio no mercado, no caso a EDP, termina uma missiva a um seu cliente (sem possibilidade de escolha) da seguinte forma:

"Esperando poder continuar a merecer a sua preferência (...)" ?

quinta-feira, abril 27, 2006

Eu gosto é do verão (Morning glory)

O sol a brilhar, os abdomens ao léu, o Cohen a dizer-me ao ouvido: "No words this time? No words. No, there are times when nothing can be done. Not this time. Is it censorship? Is it censorship? No, it’s evaporation. No, it’s evaporation.". Ah! E uma imperial que vem mesmo a calhar.

Trainspotter (tinha-me esquecido...)

"O último produto de Margarida Rebelo Pinto entrou directamente para o topo da tabela de vendas da FNAC e da Bertrand. Por obra e graça da Divina Providência Cautelar. Quando a dita for levantada (e será, sem dúvida) o tal de "Bróculos e Alforrecas" também vai vender que nem pãezinhos quentes.

Chama-se simbiose à associação heterogénea de dois seres vivos, com proveito mútuo."

in: Guarda-Factos. Imperdível também este texto, a propósito do tema "os comentadores da blogosfera"

Amigável

Em entrevista ao Diário Económico Marques Mendes defendeu que o governo deveria encetar negociações para "rescisões amigáveis" na administração pública. Sugerimos, pois, que se iniciem amigavelmente as negociações pelas resmas de funcionários que ele próprio, amigavelmente, enquanto ministro dos governos de Cavaco, fez entrar para a administração pública.

A sério?

Marques Mendes em entrevista ao Diário Económico defendeu a estabilidade governativa e afirmou não ser desejável antecipar eleições.

quarta-feira, abril 26, 2006

A diferença está aqui

A única forma de reduzir a exclusão e a desigualdade social é criar riqueza e redistribuí-la com justiça social. Ora, sucede que criar riqueza no mundo actual só é possível com um forte e permanente investimento na tecnologia e no conhecimento. Este foi o sentido das palavras do Presidente ontem no Parlamento. Este é o sentido do discurso que Sócrates tem feito e a orientação política que tem seguido. A diferença está em que se alguém chegou tarde a esta orientação política, esse alguém é Cavaco Silva. Mas se chegou agora ainda bem. Mais vale tarde do que nunca. Por isso, a conclusão comparativa entre Cavaco e Sócrates que JPP retira do discurso de Cavaco nas comemorações do 25 de Abril, é, de facto, pura desonestidade intelectual, má-fé e malabarismo argumentativo.

Harakiri

"Os jogadores não gostam do Vitória, porque se gostassem morriam no campo e eles não morrem."


Adepto do Vitória de Guimarães em reportagem televisiva.

terça-feira, abril 25, 2006

Liberdade

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

segunda-feira, abril 24, 2006

Poemário

Paraíso estanque:
estrelas a mais
barrando
a subida.

Luiza Neto Jorge (1939-1989)
A Lume

in: Poemário, Assírio e Alvim, Lisboa, 2006.

domingo, abril 23, 2006

Retratos da preguiça na blogosfera










Foto gentilmente sugerida pelo LNT (não anónimo Luís Novaes Tito) do Tugir.

Trainspotter

"É isto que mais gosto em JPP. Na Blogos escreve dos jornais e nos jornais da Blogos. É saudável, evita-se que de uma ou outra forma se perca a escrita."

in: Tugir.

Economia de casino

Parece que há quem tome a metáfora à letra.

quinta-feira, abril 20, 2006

Tempo

Geralmente nebuloso, com poucas ou nenhumas abertas.

quarta-feira, abril 19, 2006

19 de Abril de 1506

Sobre a mobilização do espectáculo

O drama, para os que avaliarem os tempos actuais enquanto redutíveis à mobilização do espectáculo como fonte de mais-valias, será tão somente este: o que permanece entre dois eventos espectaculares, e para além deles, é um longo intervalo cheio de vazio.

terça-feira, abril 18, 2006

Alerta azul




















É lançado a 2 de Maio no Canadá e a 23 de Maio nos EUA. Depois não digam que eu não alertei. Esta produção de Leonard Cohen vai dar muito que falar.

Hallelujah (tardio)

"Hallelujah"

(Com os cumprimentos da gerência deste estabelecimento)

Now I've heard there was a secret chord
That David played, and it pleased the Lord
But you don't really care for music, do you?
It goes like this
The fourth, the fifth
The minor fall, the major lift
The baffled king composing Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah
Hallelujah

Your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you
To a kitchen chair
She broke your throne, and she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

You say I took the name in vain
I don't even know the name
But if I did, well really, what's it to you?
There's a blaze of light
In every word
It doesn't matter which you heard
The holy or the broken Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah

I did my best, it wasn't much
I couldn't feel, so I tried to touch
I've told the truth, I didn't come to fool you
And even though
It all went wrong
I'll stand before the Lord of Song
With nothing on my tongue but Hallelujah

Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah, Hallelujah
Hallelujah

Leonard Cohen

sexta-feira, abril 14, 2006

Roído de inveja (esse pecado mortal)

... foi como fiquei ao ler que perante o pedido de uma garrafa de Barca Velha, feito no Bloguítica, o seu autor vai ser presenteado por um exemplar do precioso néctar, por parte de alguém que tomou o pedido à letra. Mesmo sabendo que não há almoços grátis, quanto mais garrafas de Barca Velha, não queria deixar de registar aqui o meu plágio. Hoje mesmo comprei um excelente borrego, a colocar no forno para fingir que também celebro o que dizem ter sido a ressurreição do Homem filho de Deus. Sucede que a gerência do hipermercado topou que eu surripiava, salvo seja, em doses razoáveis, um muito aceitável vinho a preço mais do que aceitável e, vai daí, sacaram o divinal líquido da prateleira, certamente para regressar findo o período pascal, com preço mais condizente com os interesses terrenos. Em suma, vinha mesmo a calhar uma garrafinha de Barca Velha ou congénere, quiça ainda em tempo de regar adequadamente o dito cordeiro de deus.

Duplo air-bag sem paridade

"Cientistas americanos afirmam que ter uns quilos a mais pode ser muito útil - mas apenas ao volante. Os investigadores da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, analisaram mais de 22 mil acidentes rodoviários e concluíram que os homens com uma barriga avantajada têm maiores probabilidades de sobreviver ao choque do que os condutores magros. A razão é simples: segundo os cientistas, o pneu de gordura pode funcionar como um airbag anatómico e ajuda a absorver o impacto do choque. No entanto, mulheres mais pesadas não desfrutam dos mesmos benefícios porque a gordura tem tendência para se alojar noutras áreas - e não na barriga. Mas não se pense que os homens encontraram aqui uma desculpa para deixar crescer a sua barriga de cerveja, porque o estudo revela que esta regra apenas se aplica a condutores moderadamente pesados. "O risco de morte aumenta significativamente nos campos opostos de massa corporal (os mais magros e os mais gordos) entre os homens, mas não entre as mulheres", concluíram os investigadores."

Lido no sítio da Galp Energia

Aviso à navegação

No peditório que os media puseram a circular, da cantilena do pobrezinho do povo que os políticos são uns malandros que não querem trabalhar, não dou nem uma moedinha.

Ao sabor da quadra

O líder da CIP, Van Zeller, acredita que em Portugal as consequências do desemprego nunca atingirão os níveis de anomia que se verificam em países mais desenvolvidos. Referia-se aquele líder dos capitães da indústria nacional, sem citar o conceito, ao que, em tempos, Boaventura Sousa Santos designou por sociedade providência. Pois eu creio que a continuarmos assim, do estado providência diremos que, entre nós, se finou ainda antes de saír da infância, da sociedade providência que padeceu de velhice e não sobreviveu à tardia, mas inexorável, urbanização do país. Paz à sua bondosa alma. Restar-nos-á, pois, a divina providência, o que poderá ser muito reconfortante para algumas alminhas, mas de nada vale às nossas barriguinhas.

quarta-feira, abril 12, 2006

Por falar em decadência europeia
















Já há resultados oficiais das eleições em Itália?

O que eles têm em comum

Há, no mundo actual, um curioso triângulo de confluência ideológica. Uma plataforma de entendimento composta pelo conservadorismo da direita dos valores, pela esquerda do totalitarismo colectivista e saudosista do sovietismo e pelo fundamentalismo islâmico. As três correntes de pensamento partilham de um ódio visceral a uma civilização que consagra a liberdade dos indivíduos como um valor fundamental.

terça-feira, abril 11, 2006

Decadências

É claro que as uniões de facto e o matrimónio não podem ser colocados no mesmo plano. As uniões de facto são incomparavelmente preferíveis. De resto, se todos os que optam por contrair matrimónio optassem pela união de facto, evitavam contrair uma doença que grassa na europa decadente: as elevadas taxas de divorcialidade.

E se a questão for esta?

O que é preferível? Ter um emprego garantido pelo menos por dois anos, que pode, ou não, durar por mais tempo, ou não chegar a ter emprego nenhum?

La decadanse (à atenção do Prof. Doutor JC das Neves)

(Para ouvir, accione o toca-discos ao lado)

Tourne-toi
- Non
- Contre moi
- Non, pas comm'ça
- ...Et danse
La décadanse
Bouge tes reins
Lentement
devant les miens
- Reste là
Derrièr' moi
Balance
La décadanse
Que tes mains
Frôlent mes seins
Et mon coeur
Qui est le tien
- Mon amour
De toujours
Patience
La décadanse
Sous mes doigts
T'emmènera
Vers de lointains
Au-delà
- Des eaux troubles
Soudain troublent
Mes sens
La décadanse
M'a perdue
Ah tu me tues
Mon amour
Dis m'aimes-tu?
- Je t'aimais
Déjà mais
Nuance
La décadanse
Plus encore
Que notre mort
Lie nos âmes
Et nos corps
- Dieux Pardo-
Nnez nos
Offenses
La décadanse
A bercé
Nos corps blasés
Et nos âmes égarées
- Dieux!
Pardonnez nos offenses
La décadanse
A bercé
Nos corps blasés
Et nos âmes égarées

(Serge Gainsbourg e Jane Birkin)

Decadência

Quando se fala da "decadência da europa" está a falar-se de que europa? Essa europa de que se fala inclui os EUA e o Canadá? [isto é, estamos a falar da 'matriz cultural europeia'?] É que me parece que alguns dos "índices de decadência" apontados à Europa detêm valores mais elevados em países como os EUA e o Canadá do que na Europa geograficamente dita.

Post-scriptum: coloco a questão porque, em regra, os aurautos da tese da "decadência da europa", em termos sócioeconómicos e políticos, contrapõem-na à "vitalidade norte-americana".

A fé move montanhas

No Dia Seguinte da Sic-n, 43% dos que telefonaram acreditam que os três lugares cimeiros do campeonato da 1ª liga de futebol, ainda não estão decididos.

A fé divide os homens

Como fica demonstrado no caso prático dos clubes de futebol.

sexta-feira, abril 07, 2006

To whom it may concern

Sei de um jovem português nascido no ano de 1978, que não vive em Portugal. Vive em constante jet-lag. Entre Moçambique, o Brasil, os EUA, a China, a Finlândia, a Inglaterra. Devido à sua actividade profissional. Como entre nós não havia um curso superior que, para abreviar, traduzo por 'produção de espectáculos', aquele jovem foi para uma universidade inglesa fazer o tal curso. Actualmente tem uma empresa na área da "montagem de espectáculos" sediada em Inglaterra (no seu apartamento) e que trabalha no globo. Daí a sua mobilidade global, sempre acompanhado pelo seu palmtop Nokia e pelo portátil Apple, com ligação permanente à world wide web. Sucede também que este jovem é um daqueles militantes do Fórum Social Mundial e do movimento anti-globalização que, sempre que pode, lá vai atirar umas pedras à globalização. O que este jovem não sabe é que atira umas pedras a si próprio, à sua actividade, ao seu estilo de vida, à época em que vive. A globalização não é o G8 mas uma época, com um regime económico e com estilos de vida respectivos, nos quais ele está inserido como poucos e, cada vez mais, como muitos. Mas isso ele ainda não percebeu.

"Para Angola já e em força"

Anda tudo admirado com as taxas de crescimento do PIB de dois dígitos de Angola. No Canhoto chama-se a atenção para algo que não vi ainda ninguém alertar: o ponto de partida. Se olharmos apenas para os números relativos, o que não vemos é que este é um crescimento que resulta do nível muito baixo de partida, há bem poucos anos. Conjuntura igual já ocorreu, de resto, em Angola. Importa chamar a atenção, aos que desconhecem esse facto, que anos antes de 1974, consequência da estratégia de Salazar em 1961 (reforçada com o marcelismo em 1970) face a Angola, também se registavam taxas de crescimento de dois dígitos na economia da então "província ultramarina". Porventura, aliás, as taxas mais elevadas de todas as economias mundiais, à época. Isso não fazia de Angola um país no rumo certo do desenvolvimento, tal como agora não faz e sobretudo não fazia de Angola um país isento de níveis miseráveis de desenvolvimento humano (para usar o conceito da ONU), tal como agora não faz.

Isto não está nada fácil (plágio concorrente)

Se atentarmos bem nas falências recentes na blogos, rapidamente percebemos que a coisa não está fácil. O governo governa, o presidente, como previ aqui, tem mais que fazer que dar a mão à direita e deixa governar, que isto não está para brincadeiras de birras e bébés em incubadoras. E depois estamos em Abril, os passarinhos fazem os ninhos, não fazem guerras. Mas se repararmos bem nas falências na blogos, percebemos que acima de tudo Abril é o "mês da direita fugir para o Brasil".

quarta-feira, abril 05, 2006

Retratos da preguiça enquanto ela própria

0,29

A avaliar pelo correio electrónico que recebo com frequência indesejada, nos tempos actuais só há uma coisa que se quer muuuuito pequena: o spread do empréstimo bancário.

terça-feira, abril 04, 2006

O marketing agressivo dos desesperados

1. Esta noite vou dormir descansado. Ao fim de vinte e sete dias com telefonemas diários da PT para me forçarem - é o termo - a aderir aos seus planos de preços, não recebi hoje nenhum telefonema. Já pensava apresentar queixa policial por perseguição e invasão das minhas escolhas como consumidor. O marketing agressivo é sempre uma opção dos desesperados.

2. Entretanto, do outro lado da moeda concorrencial, os funcionários da SONAE.COM, deduziram que têm para me oferecer uma proposta de comunicações mais barata. A estes devia processá-los por andarem a vasculhar as minhas facturas em comunicações. Se assim não é, como sabem eles que a proposta que têm para mim é mais barata?

Não se brinca em serviço

Ora aí está uma coisa inteligente. Os especialistas de diversas áreas são frequentemente requisitados a emprestarem o seu saber especializado a grandes reportagens, ou simples peças jornalísticas, sem que a contrapartida em referenciação à autoria de uma parte do texto, depois reescrito pelos profissionais dos media, seja sempre a mais correcta. O geógrafo Jorge Malheiros, especialista em Migrações, parece ter resolvido o problema à profissional. A RTP está a anunciar um grande programa, no modelo documentário, sobre a emigração portuguesa nas décadas dos grandes fluxos migratórios para a outra Europa e para as ex-colónias, se bem captei o anúncio, com a referência explícita à "consultadoria científica de Jorge Malheiros". Nem mais. Eis como se fazem as coisas à profissional!

segunda-feira, abril 03, 2006

O país rasca

A linguagem e a respectiva simbologia, utilizadas no spot publicitário da Galp, oportunisticamente a propósito do mundial da bola, apenas vem provar como o nível geral do pais está a descer ao rasca. Mas não é de agora. Há muito que a expressão "filhos da puta" é cantada nos estádios de futebol, como se fosse aceitável que as pessoas se apelidassem com recurso a tais epítetos, e nunca ninguém se interrogou sobre o que isso significa de rasquice que vem à superfície no maravilhoso mundo da bola, mas que é visível em quase todos os universos deste país à beira-mar plantado.

Agradecimentos

Aos seis blogueiros que deram os parabéns ao FC, ou assinalaram o seu 2º aniversário. Obrigado companheiros de bloganço: LNT/CMC, LV, MJMatos, JPT e Real.

Adenda: Aproveitando a oportunidade, ficam os parabéns ao Bomba Inteligente, pelo terceiro aniversário, comemorado há algumas horas atrás.

Complex ?

Bem me parecia que o governo deveria primeiro implementar as medidas Simplex e depois anunciá-las. Como não o fez, e também não coordenou o Simplex com o Prace (Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado), o que aconteceu foi que criou no Simplex medidas a serem implementadas em organismos que o Prace dias depois extinguiu.

Literatura, macdonalds e auto-plágios

1. Grandes autores, por exemplo da sociologia, escreveram parágrafos e parágrafos exactamente iguais em livros distintos. Certamente porque achavam importante o conteúdo desses parágrafos, e o que neles era escrito (ou re-escrito) constituía um leitmotiv das suas teorias. Reescrevê-los com recurso a sinónimos seria trabalhoso e desnecessário, porque não se tratava de plágio. Acredito que tais repetições também ajudavam ao volume de saber de páginas feito. Mas será isso ilegitimo? Não creio. Tal estilo de auto-citação dispensa a auto-referenciação blibliográfica, a que tanto se recorre na produção científica, e que obriga à leitura, ou consulta, do texto auto-citado e potencia o lugar nos rankings das citações dos autores das áreas científicas. No paradigma actual, em que quase não se publicam livros científicos de grande volume e em que o número de citações é o critério decisivo da avaliação do mérito dos autores-cientistas, o auto-plágio demonstraria inclusive, caso ainda se praticasse, uma postura de "excesso de honestidade intelectual". Em qualquer dos casos, aqueles autores, independentemente de se re-escreverem, continuaram a ser grandes autores da sociologia.

2. No caso da "literatura light", em que o objectivo primeiro é o sucesso de vendas, e esse depende de um conjunto de técnicas-truques, compreende-se ainda melhor o recurso ao "auto-plágio" de excertos que se julga serem bons no fim a que a respectiva produção se destina: a venda de livros de leitura fácil, destinados, portanto, a um certo consumo de massas. Aquele tipo de livros está para a literatura, como os MacDonalds estão para a restauração. Nunca vi crítica gastronómica sobre hamburgers da fast-food. Não percebo, pois, por que razão a crítica literária se sente tão indignada com a fast-food da literatura, a não ser porque esse tipo de literatura vende livros em quantidades só equiparáveis aos hamburgers vendidos pela MacDonalds. O facto da MacDonalds vender que se farta, não é o motivo pelo qual eu prefiro outro tipo de restauração. Em todo o caso, sempre direi que a MacDonalds é a marca mais bem conseguida, no ramo da fast-food, segmento hamburgers. Independentemente dos hamburgers serem produzidos segundo um princípio de "linha de montagem", sempre iguais, eles são o que há de melhor no ramo da fast-food. Para um consumo de massas, portanto. Por outro lado, devo acrescentar que preferia que todas as pessoas tivessem uma alimentação correcta (eu próprio incluído). Mas, mal por mal, sempre acho preferível saber que as crianças do mundo desenvolvido se empanturram de hamburgers, do que saber que noutras paragens as crianças morrem de subnutrição.

sábado, abril 01, 2006

Word verification

Quando nos pedem na net para repetirmos, por escrito, uma sequência de letras meias tortas, é para testar se estamos a conduzir sóbrios nas auto-estradas da informação, ou é apenas um meio tortuoso de ficarem com o número da nossa carta de condução e, desse modo, controlarem se usamos vias verdes e por que caminhos andamos?