sábado, junho 05, 2004

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Sobre os Hospitais SA

As preocupações com a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos nos hospitais SA parecem permanecer ao nível dos aspectos materiais dos mesmos. O relatório, em apreço, vai ao ponto das preocupações com espaços verdes exteriores e com o estacionamento (pois claro, os automóveis são essenciais à saúde). Devo dizer que recentemente tive de lidar com a realidade hospitalar de dois hospitais: um deles SA e outro ainda não. Tanto num como noutro não encontrei condições materiais abaixo de excelentes. Tanto num como noutro, não encontrei recursos humanos abaixo de excelentes, em competência profissional, em humanismo no tratamento dos pacientes e em competências relacionais para com os familiares dos doentes. Dir-me-ão que uma andorinha não faz a primavera. Mas esta foi a experiência que tive e não posso deixar de a referir, aqui, como excelentes exemplos no país real. O que esta experiência pessoal também me permitiu observar, foi que é sobretudo ao nível organizacional que os hospitais continuam com fortes debilidades. Foi possível observar a desorganização de procedimentos burocrático-administrativos e de gestão dos processos. Os deficientes sistemas de informação e de comunicação (interna e face ao exterior). Ora, não foi esta a principal razão que levou à empresarialização dos hospitais? Se a introdução de uma lógica empresarial não visa, em primeiro lugar, preocupar-se com a gestão, mas inversamente com as obras e os aspectos urbanísticos, melhor seria contratar arquitectos paisagistas e engenheiros civis para os hospitais SA, ao invés de gestores empresariais que até ao presente ainda não evidenciaram, na prática, a razão de ser da sua contratação.

Post-scriptum: Aproveito a oportunidade para homenagear as qualidades profissionais e humanas do pessoal médico, de enfermagem, auxiliar e administrativo do Hospital Pulido Valente e do Hospital de Santa Cruz, registando, em particular, os Serviços de Cirurgia Cardio-Toráxica do Hospital de Santa Cruz, dirigidos pelo Prof. Queiroz e Melo e a equipa de cirurgia liderada pelo Dr. José Calquinha. Bem sei que considerarão mais não fazerem do que o seu dever profissional, mas ainda assim, bem hajam por o desempenharem com elevada devoção, humanismo e competência!

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