quinta-feira, junho 24, 2004

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Poemário

S.JOÃO

Junho, jacarandá azul que vais partir,
leva-me pela mão do fogo do solstício
com fogueiras que salte quando se estende o trevo
e me persuade um mar que beleza assegura.
Incertas margaridas amaciam com suas moitas
o campo, e em leite e mel estalam figos.

A vida me percorre, hoje, ontem e amanhã,
com rapidez sem tréguas e volta ininterrupta.
O tempo, o tempo sempre: o tempo, o tempo, o tempo:
saltarei enquanto dure esta corda das horas.
Meu salteador, o tempo. Oh, amarrai-me a um tronco,
amarrai este pé, amarrai esta noite!

MARÍA VICTORIA ATENCIA (1931)
Antologia Poética
(tradução de José Bento)

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Hoje não poderia saltar a fogueira: estou coxeando.

Uma boa noite (atrasada) de SanJoão!

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