quinta-feira, maio 06, 2004

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TRANSFIGURAÇÃO

Esta chuva que continuamente cai
E continuamente cerra o horizonte,
Que fecha e oculta o que ora talvez amasse
- O que poderia amar perdidamente,
O que poderia ver e humanamente amar!...
Esta chuva que continuamente cai,
Quanta doçura nela encontro,
Quantos iluminados gestos sem saber porquê!
Quanto mistério, cor, descanso e aroma,
Quanta presença discretamente serena
Frente à limpidez de paisagem que se admira,
Frente à mulher que em nosso peito prepara uma límpida festa
E nos convida a amar com os olhos rasos de água!

(Ruy Cinatti, 1958)

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