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Adenda ao populismo televisivo (ou de outra índole)
Usando, uma vez mais, uma expressão do Terras do Nunca, se há coisa "que me encanita", a mim, é o argumento dos ex-colonizados - mesmo quando são independentes há trinta anos, quanto mais quando o são há quase dois séculos - de que os seus problemas actuais se devem à política colonial. No vertente caso, que o Brasil teria os problemas de marginalidade e violência urbana que tem, também devido ao facto dos portugueses terem deportado para lá os criminosos e malfeitores que por cá faziam das suas. É obvio que está por demonstrar a natureza hereditária dos comportamentos desviantes, ou outros. Ou melhor, já foi demonstrado o contrário, a ausência de correlação entre as duas variáveis. Mas além do mais, trata-se de um argumento que só uma perspectiva populista e mal intencionada pode sustentar, na medida em que serve para, simultaneamente, atirar para outros a responsabilidade das suas incapacidades, para organizarem as respectivas sociedades de outro modo, e para passarem um auto-atestado de incompetência, na medida em que se está a afirmar que após muitas dezenas, senão mesmo centenas de anos, não conseguiram ainda a auto-determinação dos seus actos, da sua governação. Mas claro que tais apreciações têm se ser vistas como provindo dos sectores populistas, e moralmente mais débeis, do poder dessas sociedades: os pseudo-jornalistas, os oportunistas do poder corrupto e os pseudo-intelectuais, por qualquer razão, inferiorizados.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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