segunda-feira, maio 10, 2004

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"É que, desde muito cedo, escrever foi para mim a ambição de exprimir uma certa consciência do mundo, consciência infeliz, naturalmente, mas responsável, e sempre o que fazia me parecia muito aquém da minha ambição"

Eugénio de Andrade


Pela mão de António Lobo Antunes, na revista Visão, soube que está muito doente o poeta Eugénio de Andrade. Nunca saberá quem sou e que admirei e admirarei para sempre a sua poesia. Nunca saberá que foram os seus poemas que tanto me fizeram e fazem ter o prazer da leitura da poesia e da procura na escrita poética dessa alvura das coisas simples, essa claridade pura que todos os dias renasce.

Ao poeta Eugénio de Andrade e a todos quantos na sua poesia se revêem, dedico este pedaço de um poema que há vinte anos escrevi.

WALTER RODRIGUES (Lisboa - 24 anos)

No chão da música
para acariciar a mão
demora-se ainda o silêncio

nos poros

Na luz vertical
dos espelhos o rosto
dessas pétalas decepadas

sobre o chão

ANUÁRIO DE POESIA - AUTORES NÃO PUBLICADOS
1985, Assírio & Alvim

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