sábado, maio 29, 2004

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O Negativo de Portugal na cabeça das nossas elites

Estou muito de acordo com o que escreve o Aviz a propósito da peregrina ideia do Portugal Positivo. O que aqui escrevi a esse propósito tinha implícita a perspectiva agora exposta pelo Francisco José Viegas. Alguns dos nossos intelectuais odeiam este Portugal, estes portugueses e, enquanto elite, demonstram também o seu elitismo, quando do alto do seu cosmopolitismo bem pensante, e da sua cultura cultivada, desprezam esta nossa triste realidade, de país pobre, inculto, provinciano e atrasado. Pois é, não conseguimos fazer melhor, nem nós, os portugueses, nem eles...

Permito-me citar, de seguida, este excerto do texto do FJV, com o qual estou particularmente de acordo. Apenas acrescentaria, ao rol de acontecimentos históricos, as vitórias do Benfica...

"Ao contrário do que supõe essa ideia de “melhorar a auto-estima dos portugueses”, o que é necessário é, de facto, melhorar as condições da sua bolsa. Vão ver como os problemas de auto-estima desaparecem. Isso tem acontecido ciclicamente: em momentos de festa, de euforia (com a representação de D. Manuel ao Papa, com a exposição do Mundo Português, com a Expo’98, com as vitórias do FC Porto e com o Euro 2004), as questões de auto-estima não se colocam a não ser às elites.
Esse é o problema das elites portuguesas: elas gostariam de ter outro país. Um país mais culto e mais educado, mais “moderno” e sem bolsas de pobreza dramáticas. Por isso, em vez de aborrecerem os portugueses, deviam primeiro olhar para si próprias. Para a televisão que criaram, para a escola que permitiram, para a arrogância da vida política, para os maus exemplos empresariais."

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