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A propósito de um muito belo poema que li em um pouco mais de azul, recordei-me de As Mãos e os Frutos, daquele que é um dos maiores nomes vivos da poesia portuguesa. Eugénio de Andrade, neste domingo pequeno.
I
Só as tuas mãos trazem os frutos
Só elas despem a mágoa
destes olhos, choupos meus,
carregados de sombra e rasos de água.
Só elas são
estrelas penduradas nos meus dedos.
- Ó mãos da minha alma,
flores abertas aos meus segredos.
(...)
XX. PEQUENA ELEGIA CHAMADA DOMINGO
O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tão pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mãos
os montes e os rios
e as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.
Hoje os montes e os rios
e as nuvens
não vêm nas tuas mãos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens
e sem rios...)
O domingo está apenas nos teus olhos
e é grande.
Os montes estão distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.
(Eugénio de Andrade - AS MÃOS E OS FRUTOS)
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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