terça-feira, maio 11, 2004

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Não vamos à bola com este "futebol"

Não vamos abrir aqui uma excepção. Porque não vamos falar de futelolês. Vamos antes falar do estádio de infra-desenvolvimento da personalidade humana. Não sendo nós entendidos na problemática futebolística, gostamos de ver um bom espectáculo de futebol. Sim é verdade. E temos as nossas simpatias clubísticas. Sim, também é verdade. Independentemente dessas simpatias, parece-nos evidente que, na actualidade, o Futebol Clube do Porto (FCP) é o clube português que possui o futebol melhor estruturado, em termos de estratégia de jogo, e mais sedimentado em termos de organização aos diversos níveis. É o clube que melhor e mais eficaz futebol joga, no país, e quiça na Europa, senão mesmo no mundo. Isso deve-se a vários, e já antigos, factores por demais conhecidos dos entendidos nesta matéria. Mas é, além disso, indubitável que tudo isso se viu positivamente reforçado com a ida do treinador José Mourinho para o FCP. Aquele técnico tem evidenciado uma competência e um espírito ganhador indiscutíveis e merecedores do nosso aplauso, até por se tratar de um português, que assim manifesta muito do que gostaríamos de ver no país, em geral.

Porque precisa, então, José Mourinho de revelar uma atitude de tanta falta de humildade? Não conseguimos perceber, uma tal postura perante a vida, vinda de alguém que não carece da arrogância, ou não seja ela factor de um estádio de infra-desenvolvimento da personalidade, imprópria dos grandes homens. Por que motivo necessita um homem que tudo ganha, tudo conquista, de vir afirmar que para o Benfica o próximo jogo da taça de Portugal será o jogo da década (dos últimos dez anos), tal como para o FCP o será o próximo jogo da Taça dos Campeões Europeus que vai disputar com o Mónaco? Não só isso não é verdade em relação ao Benfica, para o qual aquele jogo será importante para esta época mas nunca será o "jogo da década", como são desnecessárias, a um treinador da estirpe de Mourinho, esta sobranceria e basófia.

Julgo que o FCP vai vencer o Mónaco, e eu vou torcer por isso, e até que vai vencer o Benfica, embora não me agrade nada admiti-lo desde já...

Mas, e se o Futebol Clube do Porto perder com o Mónaco? e se além disso perder, também, com o Benfica? Como será que uma personalidade que não sabe conviver com os êxitos e sucessos pessoais, suportará as derrotas, os insucessos, o fracasso?

Como reagirá um ganhador sem espírito de humildade e sem grandeza de carácter, nas vitórias, perante o seu fracasso e o sucesso dos mais fracos?

[Não foi de futebol que falámos, porque disso teremos muito (demais?) nos próximos tempos...]

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