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"Tempos difíceis"
António Barreto, no Público, do passado domingo:
(...)
"Sou ocidental, considero que a dita civilização do mesmo nome é a principal obreira, nos tempos modernos, da liberdade e da dignidade do indivíduo, sendo também a que, nos últimos séculos, mais contribuiu para o desenvolvimento da cultura e das ciências. Penso também que, mau grado horrores recentes conhecidos, pertencem a essa área do mundo praticamente todos os exemplos de vida decente. Sei que esta civilização está sob ameaça séria, dos seus próprios defeitos, com certeza, mas sobretudo dos seus inimigos, que a querem simplesmente destruir e conquistar. Por isso estimo, há alguns anos, que muitos desses inimigos, nomeadamente os gangs milionários dos produtores e dos distribuidores de petróleo e de droga, assim como os ditadores cleptocratas, muitos deles socorrendo-se do fanatismo islâmico, estão a precisar de uma lição, tanto em termos políticos como militares e económicos. E sou de opinião que as organizações terroristas, islâmicas ou não, devem ser combatidas com todos os meios, sem misericórdia nem complacência. Mas não me revejo na campanha americana no Próximo Oriente, da Palestina ao Iraque, nos desastres provocados e na incompetência política manifesta. Nem na hipoteca israelita da política americana. Nem na inútil passividade das Nações Unidas. Nem na covarde chantagem de alguns países europeus, como a França e a Alemanha. E receio os resultados da catástrofe em curso: ao contrário do Vietname, onde só os americanos perderam, com o Iraque, Israel e a Palestina, entre outros, perderemos todos, especialmente os ocidentais. Espero que se ponha um termo à política belicosa do Estado de Israel e se crie um Estado independente da Palestina. Como desejo que os americanos, com a colaboração dos Estados ocidentais e europeus, corrijam radicalmente as suas estratégias actuais, vençam as guerras contra o terrorismo e derrotem os Estados, os partidos e os movimentos que, sobretudo no universo islâmico, põem em perigo o ocidente e impedem a paz no mundo. O que não faz de mim um agente dos americanos, muito menos anti-americano ou anti-ocidental".
(...)
Vale a pena ler o texto todo aqui.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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