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A democracia e as fronteiras entre negócios e política
Ao contrário do que ironiza Vital Moreira no Causa Nossa, não me parece que possamos afirmar que "um dos prodígios da democracia é o fulgurante sucesso de certos políticos nos negócios...".
Bem pelo contrário, parece-me que nos regimes totalitários é bem menos transparente essa relação e bem mais produtora de promiscuidade duvidosa. Ao menos em democracia essa mobilidade de competências pode estar associada ao reconhecimento de que o mundo da administração da coisa pública e o mundo da gestão empresarial não são, necessariamente, universos estanques. Pelo menos do ponto de vista do saber-fazer e competência profissional que ambos exigem. Ao invés do que uma visão ultrapassada tanto do Estado como da iniciativa empresarial, por vezes nos quer fazer crer. Por exemplo, nos discursos anti-políticos e anti-política de alguns dos nossos mais reconhecidos empresários. Como se um mundo moderno sem Estados fosse não só possível, como desejável.
Sem dúvida que devemos exigir, como cidadãos, a maior transparência daquela relação. Isso mesmo faz a superioridade moral da democracia face aos regimes totalitários. Mas, por favor, não culpemos agora a democracia de todos os problemas contemporâneos. Como se a fonte "de todos os males" tenha origem na democracia e não na sua ausência de alguns procedimentos por parte de alguns dos seus agentes e agências.
Começa a ser preocupante o enviezamento do alvo da crítica...que apenas poderá interessar, precisamente, aqueles que anseiam por uma "alternativa à democracia"...
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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