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ESPERANÇA
(Speranza)
O gigantesco roble que abatido
jazeu o Inverno todo no chão mole,
mostrando na medula, como em rol,
que há cento e noventa anos foi nascido,
mal chega Abril, quando toda a corola
a mão da Primavera abre, sorrindo,
dos seus cortados nós se desenrola
o sonho de inda ser frondoso e lindo.
Abrolha e sonha (alheio à sorte escura)
A eterna e azul abóbada serena,
com hóspedes que cantam e esse forte
gemer do vento, na estação futura.
Não sei por que me causa tanta pena
tal moribundo que recusa a morte!
Guido Gozzano (1883-1916)
Versão de A. Herculano de Carvalho, Oiro de Vário Tempo e Lugar,
Editorial O Oiro do Dia.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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