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Lisboa Abandonada
Meritório é o trabalho iniciado por Pedro Fonseca e que numa inteligente campanha promocional, há uns anos, o autor-cidadão deu a conhecer a todos quantos trabalham no campo das questões urbanas e territoriais. Aquele projecto foi ganhando forma, volume e substância e é já, neste momento, um instrumento incontornável para quem estude ou trabalhe sobre Lisboa. Ao Pedro Fonseca juntaram-se outros cidadãos, interessados, que são um bom exemplo de como o exercicío activo da cidadania é, não só possível, como gratificante e cada vez mais urgente.
Lisboa Abandonada revela-nos mais um retrato do país real. Neste caso, exemplar da ausência de estratégia, por parte do trabalho autárquico em Portugal. E, que me perdoem alguns amigos, mas este retrato da Lisboa Abandonada poderia, e deveria, ter sido corajosamente enfrentado, pelo menos desde que o país passou a ter condições estruturais para o enfrentar. Isto é, desde os tempos em que a autarquia passou a ser liderada pelo PS no início da década de 1990.
A CML desenvolveu, ainda no ínicio do mandato de Jorge Sampaio, um pioneiro trabalho em Portugal, de planeamento estratégico. Faltou, depois, coragem (ou vontade?) política para levar o Plano Estratégico à prática. E a responsabilidade dessa inversão de rumo deve ser imputada aos, então, autarcas do Partido Socialista.
Hoje, a CML é o exemplo paradigmático da falta de estratégia na acção. Limitando-se a gerir as oportunidades, de forma errática e casuística, sem planeamento, com absoluta incompetência e arrogância perante os saberes técnicos. Uma lógica populista subordinada a uma gestão balofa de imagem mediática, sem conteúdo e dependente de caprichos pessoais, na linha da mais rasteira noção do que é a política.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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