terça-feira, novembro 01, 2005

Resposta apenas ensaiada

O companheiro João Tunes ensaia uma resposta à minha solicitação de definição de cidadania, não para definir cidadania, mas tão só para ripostar a um outro post que aqui inseri e ao qual, pelos vistos, apenas responde agora. Numa espécie de prato frio. A verdade é que fico sem resposta em ambos os casos. No caso da demagogia que antes critiquei e no caso da bizarra noção de "cidadania exógena aos partidos" que agora solicitei me fosse definida. Mas não deixo de registar os belos exemplos de "alegre cidadania" que nos deixa. Destaco o do movimento em torno de Otelo Presidente. Uma espécie de cidadania, "ou és por nós, ou vais dentro", "fascistas para o campo pequeno" e etc. Por outro lado, outro exemplo de "cidadania", o partido do generalíssimo Eanes. O partido contra os partidos. Um epifenómeno que não deixou saudades à democracia e que agora defende, pois claro, uma cidadania com uma "presidência musculada". Quiça, uma coisa assim latino americana, tipo Hugo Chaves, Perón, ou coisa parecida. Finalmente, sustenta como exemplo os "independentes nas autárquicas". Neste caso é o paradigma da cidadania à Major Valentim, a chamada cidadania "fo**-se", à Ferreira Torres, a chamada cidadania "aos pontapés", ou a cidadania à Fátima Felgueiras, a chamada "cidadania responsável mas não parva", ou cidadania foragida à justiça. Que belos exemplos de "cidadania encenada", não haja dúvidas...

Adenda: Responde o JT a este post acusando-me de não ir à substância da questão. Na verdade não fui à substância porque dela não havia rasto na resposta do JT. Relembro que o ponto era o conceito de cidadania. Por esse motivo peguei nos exemplos dados pelo JT para deixar clara a minha perspectiva. E essa é a que defende não ser a oposição partidos versus cidadãos organizados fora dos partidos, uma boa oposição para a democracia, já que esta deve ter nos partidos uma base fundamental. Mas essa é uma discussão para a qual o JT não oferece argumentos que mereçam discussão. Pelo contrário, o JT prefere enveredar pelo ataque pessoal, chamando para ela quem não tinha de ser chamado, já que a minha questão sobre a cidadania não tinha necessariamente relação com a candidatura de Mário Soares, e aí obriga-me a encerrar esta discussão por se tratar de um nível ao qual não desço e muito menos reconheço ao JT, pessoa que nem sequer conheço pessoalmente, condições para sobre mim formular juízos de carácter.

1 comentário:

Carlos Alberto disse...

Um bom principio, vale mais do que um Homem
Passos ManuelHomem

Manuel Alegre é para mim, uma referência de um grande Homem, um bom Cidadão e um grande DEMOCRATA. Discordo, da oportunidade da sua candidatura Presidencial, mas não o considero um "leproso". Comparo a sua atitude, com outros que em situações semelhantes, fizeram o contrário do que ele está a fazer. Sem se vítimizar. Soares, não concordou com a escolha do Partido, para o 2º mandato de Eanes, e afastou-se da liderança e do partido. O saudoso Salgado Zenha quando assumiu a sua candidatura, apoiado pelo PRD + PCP, saiu do Partido. São estes principios que marcam.
O discurso da vítima, "a mim ninguém me cala", é patético, a roçar o coitadinho, bem ao jeito Português.

Há quem diga que Alegre poderá passando a uma 2ª volta e mesmo perdendo, ser um factor de instabilidade interna no Partido e por arrastamento ao Governo da Nação, ou da Pátria, como ele diz.
"No rescaldo que se seguirá, Alegre poderá ter um capital político acumulado que não será de todo irrelevante".
Seria, para mim, muito estranho que tendo perdido, democraticamente nas urnas e em votação livre, as eleições para sec.-geral do PS, com sessões de esclarecimento das mais participadas, de que há memória, viesse agora, qual Robin dos Bosques, destruir tudo aquilo que dificilmente se está, com alguns erros reconheço, a construir para o futuro de Portugal. E é este o meu receio.

Que com Manuel Alegre na Presidência, o processo reformista, necessário ao desenvolvimento Pais, possa ser minado e travado desde Belém.
Já estou a ver as filas do pessoal das Corporações, a solicitarem audiências presidenciais. À saída vejo, ironizo, o Cluny a dizer, agora ninguém nos pára...
Ninguém mais do que eu, quer estar enganado, nesta conclusão. E porque tento abafar, no meu intimo este receio, e querendo acreditar que estou errado, é que numa hipotética
segunda volta, se o meu candidato não lá não chegar, o que não creio,
afirmo, que estarei, a afixar o cartaz de Alegre, no carro de som a
"puxar" pela sua candidatura, na mesa de voto em
qualquer função, em sua representação, estarei onde for preciso, para derrotar Cavaco.
No entanto, não deixo de criticar a "oportunidade" desta candidatura. Bem vi a forma como a direita o andou a empurrar, para que avançasse. E lá escorregou no embuste. São estas situações em que ele, facilmente cai, a razão dos meus receios...

"A mim ninguém me cala", claro que ninguém o cala, a si ou a outro qualquer. Não esqueça que é militante de um partido democrático. Mas é-lhe conveniente ir "estando" no centro do tal aparelho, que diz combater, para dessa forma se apresentar, para fora, como vítima do mesmo.

Não esqueça, Manuel Alegre que "Um bom principio, vale mais do que um Homem".

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz perder o jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se faz com o trigo e com a terra
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


Uma coisa garanto, desde já, se para desgraça nacional o "camarada" Jerónimo, ou o afoito Anacleto, estiverem na 2ª volta, seriam as primeiras eleições livres, às quais faltaria, ficando em casa sentado no sofá.

A mim, por favor, não me exijam tanto.