Há um país profundo que um terço da população portuguesa, concentrada na sua única metrópole, ignora. É o país onde o 25 de Abril é apenas uma data de vaga memória, onde os crucifixos ainda não foram retirados das paredes das escolas. Estão lá pendurados há mais de trinta anos. Talvez há mais de cinquenta. Mas até agora ninguém se importou com o facto da democracia ainda não ter chegado a esse país. Depois hão-de queixar-se que os eleitores desse país aguardam ainda que um D. Sebastião surja do nevoeiro para os salvar.
1 comentário:
Recordo-me há uns anos de ter visto uma entrevista a um senhor de avançada idade que vivia (será que ainda vive?) no Portugal profundo. Cavaco tinha visitado a sua aldeia e quando o jornalista perguntou ao idoso se conhecia aquele senhor ele respondeu-lhe que era o presidente do conselho. Pelo menos naquela aldeia parece que o 25 de Abril ainda não tinha chegado. Em contrapartida parece-me que o 25 de Abril já partiu de alguns locais para nunca mais ser visto.
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