1. É uma boa notícia, que só peca por tardia, a de que as universidades portuguesas vão passar a ser avaliadas por um júri internacional. Uma parte do trabalho das universidades, os seus centros de investigação, já o é há alguns anos. Não se compreendia que o ensino universitário não o fosse também. Mas não se pense, porém, que as universidades não eram já avaliadas, há alguns anos. Até agora, no entanto tratava-se de uma avaliação feita por uma comissão de avaliadores nacionais, composta por docentes de um mesmo curso, embora de outras universidades. Não escamoteando que existe competição entre os cursos ministrados em diferentes universidades, tal situação conduzia a que os cursos fossem avaliados por concorrentes. Não colocando em causa a objectividade de tais avaliações, haverá que reconhecer maior neutralidade a um "árbitro" que simultaneamente não faz parte daquele "jogo".
2. Aquela notícia revela ainda que o critério de empregabilidade dos cursos será um critério decisivo da avaliação. Uma vez mais, uma boa notícia, se em simultâneo se considerarem outros critérios, bem como a especificidade disciplinar de cada curso e a respectiva utilidade social, com base numa visão avançada dessa utilidade social e não a partir de uma qualquer tecnocracia de circunstância, economicismo ou "cientismo" baratos. A esse propósito revelava a notícia que medicina, enfermagem e medicina dentária, são cursos de empregabilidade total. Diríamos mais. Neste caso a percentagem de empregabilidade é "superior a 100%", sendo necessário importar profissionais de Espanha. Com os numerus clausus daqueles cursos em Portugal, não admiram tais taxas excedentárias de empregabilidade. Mas em compensação, não admira, também, que estudantes com média de entrada de 18 valores vão cursar medicina para o estrangeiro, apenas porque não tiveram vaga em tão "exigentes" universidades.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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