1. Passados mais de trinta anos sobre a descolonização começa a ser possível fazer história sobre o colonialismo português, mas também sobre a governação dos países desde então independentes. A excelente reportagem de Anabela Saint-Maurice sobre as roças do Cacau e os contratados em São Tomé e Príncipe, que ontem o canal 2 da RTP repetiu, é disso mesmo um bom exemplo.
2. As explorações agrícolas já não existem. Casas, instalações, outros meios de produção e até um hospital e o seu equipamento, lá estão, pilhados, abandonados, entregues aos efeitos do tempo e das leis da natureza. O povo que antes ali habitava lá permanece, mas tal como as construções e equipamentos coloniais, à mercê das mesmas leis da natureza. Vive apenas do que essa natureza, as árvores e o mar, espontaneamente propicia. Um ex-contratado, ou descendente dos que foram de Angola e Cabo-Verde, dizia: "no tempo colonial havia tudo, tínhamos tudo, menos liberdade. Agora só temos liberdade, o resto falta tudo".
3. Como classificar os governantes de um país que nunca conheceu guerras, nem conflitos armados, sejam eles políticos, regionais, étnicos, ou outros; independente há 33 anos, e que, ainda assim, mantêm um país e o seu povo naquele estádio de desenvolvimento?