segunda-feira, outubro 31, 2005

Solicito definição de cidadania

É extraordinário o que se tem ouvido da boca de pessoas da candidatura de Manuel Alegre e do próprio sobre a origem da sua candidatura: "esta candidatura nasce da cidadania e não dos partidos". Em primeiro lugar porque o candidato é um dos mais antigos homens de partido, e bem, da democracia portuguesa. Em segundo lugar, e fundamental, porque aquela frase tem como pressuposto que os partidos são exógenos à cidadania ou esta estranha aos partidos, o que remete esta concepção de cidadania para algo de bizarro e que eu gostaria que me explicassem e definissem melhor.

Alegremente divertido

Tenho-me divertido alegremente com a profusão de referências alegres a expressões e opiniões por mim usadas aqui e alegremente mal interpretadas noutro blog que muito aprecio e que alegremente resolveu, qual menino rabino, não fazer o respectivo link da praxe.

sábado, outubro 29, 2005

Há espaço para outra candidatura à direita

Santana Lopes defendeu hoje que há espaço para outra candidatura à direita, pois a candidatura do centro-direita de Cavaco Silva não esgota o espaço político à direita. Tem inteira razão. Creio que ele próprio, ou Paulo Portas, deviam chegar-se à frente e avançar para uma candidatura a Belém.

O saldo negativo das migrações de cérebros

Concordo com o Rui Pena Pires que importa descontar o sensacionalismo e nacionalismo na notícia da fuga dos cérebros portugueses. Mas não será que o problema existe na medida em que o saldo entre saída e entrada de "cérebros" parece ser desvantajoso para Portugal? E não será esse facto um sinal da fraca capacidade nacional, não digo para a retenção desses "cérebros", mas para a atracção de "cérebros" independentemente da sua nacionalidade? Creio ser crescente o número de jovens que emigra (antes de "serem cérebros") para a obtenção de qualificações graduadas e pós-graduadas. Até aí tudo bem. Esse é, por si mesmo, um sinal positivo. Mas o facto de muitos deles (serão a maioria deles?) não regressarem, não será um sintoma da falta de oportunidades e expectativas de melhor futuro em Portugal e da escassez do desenvolvimento do país, face às exigências desses jovens, crescentemente informados sobre as oportunidades profissionais e de vida noutros paises? Por outro lado, não será que a parcela de mão-de-obra altamente qualificada do contingente proveniente dos países de Leste - além de ser ignorada nas suas qualificações, por razões corporativistas mas também porque o país não reune, no seu tecido económico e mercado de emprego, capacidade de absorpção dessa mão-de-obra qualificada - é um contingente em decréscimo à medida que se iniciam processos de acelerado desenvolvimento das respectivas economias, agora que muitos deles aderiram ou estão a preparar-se para aderir à UE? A serem positivas as respostas a estas questões, o problema parece existir, de facto, e possuir a sua origem na debilidade estrutural da base económica nacional e na fraca modernização do nosso aparelho estatal e da nossa estrutura empresarial. Ambos desajustados face às novas exigências do mercado de emprego global no que aos sectores económicos e profissionais mais qualificados diz respeito. Reverter esta situação é, parece-me, tarefa para algumas décadas. Enquanto isso corremos o risco de perder um comboio em andamento e em alta velocidade.

Tempo bom

Chuva, muita chuva. O mau tempo vai continuar, dizem. Engano. Chuva não é mau tempo. Pelo contrário. Chuva é tempo bom.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Dois anos de judiaria

A Rua da Judiaria é um blog de culto. As suas qualidades já aqui as exaltei por diversas vezes, incluindo há um ano por altura do seu primeiro aniversário. Faz hoje mais um ano de existência e o trabalho dedicado e profundo do seu autor justifica todo o êxito que aquele blog tem alcançado, posicionando-se entre os mais notáveis da blogos nacional. Felicitações ao Nuno Guerreiro, por tanto do conhecimento que nos tem trazido.

Ansiando pelas majorettes















Primeiro foram as bandeiras multiplicando o nacionalismo e a gravata vermelha. Depois foram as fotos de família no jornal Expresso. Agora foi o "Uncle Sam Needs You". Não tarda virá a frase: "Não perguntes o que o país pode fazer por ti, mas sim o que tu podes fazer pelo país". E as majorettes? Sim, quando aparecem as majorettes?

O argumento urbanóide

O meu post intitulado "O não argumento" foi recomendado por alguns bloguistas e criticado por outros. Não pretendo prolongar qualquer discussão sobre o assunto, até porque não "durmo em serviço" e o meu candidato não é Cavaco, mas não quero deixar de reiterar que a designação Professor de Boliqueirme, a meu ver, tem subjacente uma narrativa que revela o sentido de assimetrias de poder oriundas do lugar (social e espacial) de origem dos seus protagonistas. O que está em questão não é o epíteto "Professor" mas sim o "Boliqueime". Que o LNT não tenha dúvidas que quando na sua tropa se apelidava os mancebos originários do distrito de Viseu, como "O Viseu", era extactamente isso que estava em jogo. A questão não é de "pureza linguística escandalizada", argumento reiterado aqui, mas sim de refutação da discussão política baseada em critérios discriminatórios sustentados no lugar social de origem e nos territórios homólogos, num país em que o seu atraso, no contexto europeu, está ainda profundamente marcado pelas assimetrias territoriais de desenvolvimento e de acesso ao poder, no sentido alargado do conceito de poder. Ao contrário do que julgam os julgadores baseados naqueles critérios, a sua postura não revela qualquer supremacia pretensamente cosmopolita mas, inversamente, um profundo provincianismo de argumentos.

Rankings

Recomendo vivamente a consulta deste ranking. Mas os dados respectivos devem ser lidos até ao fim. Da esquerda para a direita, em linha. Começando pela linha um e continuando na linha 2.

A táctica do quadrado

O motivo pelo qual o país está onde está é precisamente esse. Cada um apenas se preocupa em defender o seu quadradinho.

Desabafos

Vivemos um tempo em que a crise de legitimidade da governação e dos políticos está cada vez mais presente nas representações e discursos veiculados pela opinião pública e pela opinião publicada. Mas em dias em que se testemunha o que hoje testemunhei de postura por parte de alguns cidadãos; perdoar-me-ão os leitores, mas só me ocorre dizer que não sei como ainda há quem aceite governar este povo que não tem o mínimo sentido do interesse colectivo, da responsabilidade cívica e dos deveres de cidadania.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Barata demagogia

Com a devida consideração pelo João Tunes, não posso deixar de registar aqui o quão barato vende demagogia ao publicar uma cópia digitalizada do despacho do ministro da justiça em que nomeia uma assessora para a manutenção dos conteúdos da página oficial do ministério. Se o valor acrescentado para a qualidade da justiça e da cidadania, bem como para a eficácia e produtividade dos serviços públicos, vier a ser metade do que se regista, por exemplo, com este serviço web das finanças, os 3254 euros (650 contos ilíquidos) de vencimento, para a manutenção daquele serviço, constituirão um mau exemplo de justiça remuneratória. "Bons empregos", na óptica do despesismo, do clientelismo e do amiguismo partidários, são empregos de assessores com vencimentos de valores muito superiores àquele, e de cuja competência para o cargo e produtividade para o Estado e os cidadãos, se pode dizer que são iguais a zero. É este o ponto em que a questão das remunerações dos assessores deve ser, quanto a mim, colocada.

terça-feira, outubro 25, 2005

Dupont et Dupont












Ramalho Eanes sempre foi um admirador de Cavaco. Sabemos agora porquê. Ambos partilham do mesmo sonho: uma "democracia" sem partidos.

domingo, outubro 23, 2005

Então e o argumento da má-fé?

Do ponto de vista argumentativo, devo confessar que concordo muitas vezes com o que escreve e diz Pacheco Pereira. Muitas outras nem por isso. Ao ler este texto e a respectiva argumentação no Abrupto pensei exactamente o que aqui diz, com mestria, o Miguel Cabrita. Assim não dá. Relembro o argumento da má-fé, que JPP tanto aprecia. Se este texto de JPP sobre o blog Super-Mário não é má-fé, ou um encadeado de juízos de intenção, então o que é? Mas há um sinal neste texto de JPP que o devia conduzir à auto-análise. É que este texto revela um estilo e um léxico que ele tanto tem condenado no BE e em Louçã. O que quererá isto dizer do ponto de vista da contenda eleitoral que se avizinha e da ansiedade sobre os respectivos resultados?

O não argumento

Já uma vez aqui protestei contra o argumento anti-cavaquista baseado na expressão "o professor de boliqueime", pelo que essa expressão tem de implícito racismo social e sobranceria pequeno burguesa urbana pretensamente (mas só pretensamente) cosmopolita. Não é por argumentos que não o chegam a ser que espero ver contraditada a candidatura de Cavaco e muito estranho que gente que se reclama da esquerda democrática e republicana enverede por esses caminhos. Acresce que o uso de tal estilo na análise e comentário político, do ponto de vista estritamente táctico, é um estrondoso tiro no próprio pé. Da parte do sector político onde me situo exigo outra postura e em particular da candidatura que apoio aguardo argumentos com outro patamar de qualidade.

Declaração de desinteresse: nasci e vivi toda a vida em cidades. Há cerca de trinta anos que resido na cidade de Lisboa.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Campanha eleitoral

A Impresa já começou a campanha eleitoral. Na SIC-N discute-se as presidenciais mas só se fala das virtudes ganhadoras de Cavaco. Não há um único comentador que não seja alinhado com Cavaco.

Pois...

«Não tenho porta-voz. Eu sou o porta-voz de mim próprio. Ninguém da minha candidatura está autorizado a falar por mim»

(...)

«A Assembleia Nacional tomará uma decisão...»

Aníbal Cavaco Silva, Candidato a PR, 21 de Outubro de 2005

A política anti-políticos de Cavaco

Ao contrário do que diz Pacheco Pereira, o conteúdo da entrevista de Morais Sarmento é para ser levado muito a sério. É certo que em Cavaco não se justifica o pendor revanchista no seu presidencialismo caudilhista e messiânico, como no seu correligionário Sarmento - que ainda não digeriu a varridela do poder que recentemente sofreu - mas isso apenas sucede porque em Cavaco a visão da política sempre consistiu no seu entendimento subjacente à visão que dela tinha Salazar: acima das lutas partidárias. Ela deve ser a arte da liderança individual de um homem só, iluminado e regenerador da Pátria sempre em perigo nas mãos ignóbeis de "políticos profissionais". A sua visão da política, a sua política e as suas políticas, sempre consistiram em colocar a render esse capital político que advém do discurso popular e populista contra os "políticos profissionais". É isso que o povo quer ouvir. Ou, pelo menos, é isso que Cavaco acha que o povo quer ouvir. Esta é uma ideia política. E não é exterior à política. Tem um nome e é extremamente nefasta para uma concepção verdadeiramente liberal e republicana da democracia. É fundamental, por isso, que todos os que partilham dessa concepção da democracia não embarquem em candidaturas ingénuas, de oportunidade político-partidária, ou pessoal, e votem em Soares.

As cores da gravata

A gravata é um símbolo. Diz-me que gravata usas e dir-te-ei não o que és mas o que pretendes significar que és. Eu que até gosto de gravatas verdes sempre achei excessivo que os dirigentes do sporting usassem sempre que aparecem nessa qualidade e mesmo sem o fardamento do clube, uma gravata verde. Que os associados do sporting tenham engolido tanto sportinguismo de gravata de Dias da Cunha, Bettencourt e Lopes, não me admira. Apenas espero que os portugueses de esquerda não escorreguem na gravata vermelha de Cavaco.

Os liberais e os seus inimigos

Já me tinha parecido que estes liberais não vêem lá muito bem. A realidade, quero dizer. Por isso vêm com balelas primárias destas, sobre "os liberais vistos pelos seus inimigos":

«A positividade da empresa: É curioso, mas os liberais vêm * a perfeição nesse modelo que é a “empresa”, quando falam das “empresas” adoptam um tom divinatório, convencidos de que as “empresas” irão resolver “os problemas” se puderem simplesmente “ser empresas”, operar. Isto é a ontologia da empresa, assim mesmo com estas palavras.»

* sublinhado nosso.

Os piores inimigos destes liberais vêm deles próprios. Mas eles não vêem isso...

quinta-feira, outubro 20, 2005

Cynical matter

As "meninas" que após terem tentado vender, sem êxito, a sua história sobre Cristiano Ronaldo aos tabloides britânicos, o denunciaram à polícia, argumentaram exactamente o quê para o terem acompanhado até ao quarto de hotel? Que o futebolista as convidou para lhes mostrar a sua colecção de borboletas que guardava no cofre do quarto?

quarta-feira, outubro 19, 2005

Super-Mário

Um blog a seguir e a difundir.

Direitos adquiridos (3)

«É extraordinário como a CGTP que foi a confederação dos sindicatos da classe operária se transformou no sindicato dos privilegiados dos corpos especiais do Estado»

Silva Lopes, em resposta a Ernesto Cartaxo, dirigente da CGTP que reclamava a defesa dos direitos adquiridos pelos trabalhadores do Estado, no programa Prós e Contras da RTP, 17 de Outubro de 2005.

Direitos adquiridos (2)

«Os nobres em França também reclamaram direitos adquiridos. Veja o que lhes aconteceu...»

Silva Lopes, em resposta a Ernesto Cartaxo, dirigente da CGTP que reclamava a defesa dos direitos adquiridos pelos trabalhadores do Estado, no programa Prós e Contras da RTP, 17 de Outubro de 2005.

Direitos adquiridos

«Não há nada mais reaccionário do que a expressão 'direitos adquiridos'»

Silva Lopes, no programa Prós e Contras da RTP, 17 de Outubro de 2005.

Quanto vale um ranking internacional?

Sempre tive uma postura de desconfiança avisada em relação à maioria dos indicadores comparativos do que quer que seja, produzidos por alguns organismos internacionais. Das taxas de alcoolismo, ao desenvolvimento dos paises, passando pela poluição do ar e chegando à competitividade das economias. Foi precisamente sobre a medida comparativa desta última que recentemente veio a público mais um relatório do género, com o respectivo ranking elaborado pelo Fórum Económico Mundial. Este, para nosso gaúdio, posicionava Portugal entre as vinte e duas economias mais competitivas do mundo. Portugal sobe mesmo dois lugares no referido ranking, face ao último ano, passando de 24º para 22º, num total de 117 países comparados. Espanto maior, ainda, advém do facto de termos já deixado para trás países como a Bélgica, a Itália, a Espanha, a Irlanda e a França (!). Mas atenção, entre as vantagens competitivas de Portugal, apontadas no relatório, situa-se a tecnologia e inovação, medida por vários indicadores, entre os quais o número de telemóveis. Os economistas dir-me-ão se estou enganado, mas julgo que as vantagens competitivas relativas à tecnologia e inovação se medem pela presença das mesmas na produção de um país e não no seu consumo. Os telemóveis que os portugueses consomem aos pares são produzidos algures, ou até em Portugal, mas graças à inovação resultante do investimento em I&D realizado na Finlândia, no Japão, nos EUA. Ora, a nossa grande desvantagem competitiva parece residir, precisamente, na debilidade tecnológica e de inovação do nosso sector produtivo e no desequilíbrio entre a elevadíssima importação de bens de consumo e a baixa capacidade para produzir e exportar bens que apresentem vantagens comparativas no mercado global. Essas vantagens, pelo que se tem avançado, passam sobretudo pela incorporação de inovação tecnológica e de design dos bens transaccionáveis produzidos. Ou temos andado todos equivocados nos discursos e análises sobre a economia nacional, ou este "Global Competitiveness Report 2005-2006" é uma piada.

domingo, outubro 16, 2005

Histórias da História

Não será que a Cruz Vermelha "nunca apoiou as famílias dos presos políticos antes do 25 de Abril", porque o regime de então era o que era e que, inversamente, após o 25 de Abril apoiou as famílias dos agentes da PIDE presos, porque os responsáveis de então pelas cadeias, não só permitiram esse apoio como lho solicitaram, numa atitude que lhes ficou muito bem do ponto de vista da sua coerência com os seus princípios e valores democráticos?

Modos de produção e regimes de comunicação

A folha de papel e a caneta continuam a ser indispensáveis para o trabalho de pensar.

sábado, outubro 15, 2005

Duas papoilas e meia
















nu (papoilas), técnica mista sobre tela, Cátia Mourão, 2001.

Agendas

Perdi a minha em 1998. Este ano voltei a encontrá-la. A partir de agora também eu tenho uma agenda.

sexta-feira, outubro 14, 2005

A direita vem a terreiro

Vai ser muito difícil derrotar Cavaco. Mas será imprescindível reunir todos os votos para evitar esta deriva que se prenuncia. Ao não votarem em Soares, todos os que dispersarem os seus votos pelos restantes candidatos da esquerda sem o mínimo de hipóteses de eleição, poderão ficar com o ónus da responsabilidade histórica desta deriva "caudilhista". Na história recente do país tivemos no eanismo uma versão ligeira de uma tal perspectiva do papel do presidente. Não será por acaso que o general já declarou o seu apoio a Cavaco.

A terceira ponte

O sector mais dinâmico da economia nacional, o sector imobiliário, tem andado cabisbaixo. Faltam os euros no bolso das classes médias. Apertam as finanças com o controlo das mais valias. Fiscalizam-se os montantes reais das transacções imobiliárias. É preciso animá-los. O orçamento de estado para 2006 prevê uma terceira ponte para o efeito. Construtores civis arrumem o estaleiro que o destino é o Barreiro. Lisboa prepara-te que aí vêm mais carros e dióxido de carbono.

terça-feira, outubro 11, 2005

Conversa em família

Foi proposta a sua reedição. A noite passada, no P&C. Inovação na comunicação política: regressemos atrás no tempo. Mais de trinta anos.

O dia seguinte

é o nome de um programa sobre a bola, na SIC-N, onde à segunda feira se dissecam os jogos, as arbitragens, as jogadas. No dia seguinte a ter ganho a câmara de Sintra - apenas com o capital mediático do universo futebolístico e nada mais - lá estava o comentador da bola. Para justificar a sua eleição. Sintra pode esperar. Mais quatro anos.

domingo, outubro 09, 2005

Há derrotas boas para a democracia

A derrota de Pinto da Costa e dos super-dragões no Porto é um bom sinal para a democracia.

Vitórias que esmagam

As vitórias esmagadoras são sempre um mau sinal para a democracia, como se prova pelos resultados de Oeiras, Gondomar e Felgueiras.

Resultados

Bons para reflexão do PS. Se disso for capaz.

sábado, outubro 08, 2005

Um gole de água sem gás

«O SG do PCP disse claramente, com todas as letras, que o mais importante nestas eleições, acima da opção quanto à resolução dos problemas locais, era a avaliação da política do Governo e o seu castigo nas urnas. Julgo que o terá feito com a barriga inchada pela mobilização, que ele julgará que reverterá em meritização eleitoral do PCP, dos sectores mais avançados, concientes e combativos da classe operária em luta contra o Governo – militares, esposas dos militares, polícias, juízes, oficiais de diligências, funcionários públicos, professores, médicos, enfermeiros e donos de farmácias

João Tunes, no seu melhor. A ler no Água Lisa.

Micro-causa

Subscrevo o pedido de esclarecimento do Bloguítica. Ou o Público esclarece os factos que sustentaram a notícia da existência de contactos entre FF e responsáveis do PS com vista ao seu regresso a Portugal - desmentida categoricamente por Sócrates - ou aquele jornal sujeita-se a perder o direito ao estatuto de jornal de referência nacional, para passar ao estatuto de pasquim sensacionalista ou ao serviço eventual sabe-se lá de que interesses. Estão em questão a verdade jornalística, a deontologia da profissão e a honorabilidade do Estado, já que a noticia envolvia o Presidente da AR.

Combates, tiros e alvos

Concordo inteiramente com a ideia de Medeiros Ferreira. Não tenho nenhuma dúvida em apoiar, ou melhor, exigir, que as polícias cumpram o seu dever e combatam, não o enriquecimento ilícito, mas sim as actividades criminosas que o geram. Mas creio que esse combate exige uma espécie de complemento ético-político: o combate simultâneo ao empobrecimento. E este se não é ilícito é sempre ilegítimo.

É a economia...é a economia...

Não serão as pontes, os túneis, o alargamento do IC19, as taxas penalizadoras da entrada na cidade, ou as multas de estacionamento que irão reduzir o fluxo de automóveis ao centro da metrópole de Lisboa. Só o investimento na criação de economia geradora de empresas que criam efectivamente emprego nos concelhos periféricos à cidade de Lisboa, permitiria inverter o quadro actual de irracionalidade económica, urbanística, ambiental e de qualidade de vida. Mas isso exigiria algo que o actual quadro administrativo territorial do país não dispõe. Um governo metropolitano de Lisboa. Não inoperante como as juntas metropolitanas actuais, mas sujeito a escrutínio e com responsabilidades de planeamento e gestão territorial, sujeitas a avaliação. Eis um caso em que um acréscimo de despesa pública seria largamente compensado por ganhos de produtividade do trabalho e de rendibilidade da economia da capital do país e, logo, do próprio país.

Autarcas de segunda geração

Houve quem afirmasse que esta campanha eleitoral elevou a fasquia da qualidade, tomando como exemplo o caso de Lisboa. Pelo curriculum dos candidatos em contenda e nível técnico dos debates. Não vou contrariar essa ideia, ainda que não seja inteiramente líquido que os discursos, na sua generalidade, tenham descolado em absoluto do autarca português de primeira geração. Quando muito configuram o autarca de segunda geração, de transição, portanto, para o que se exigirá ao autarca de terceira geração. Ainda assim deve registar-se o facto da presença de Marques Mendes, Louçã, Ribeiro e Castro e Jorge Coelho, ter permanentemente feito marcha a ré nesse crescendo de qualidade rumo a uma outra lógica de exercício da política local territorializada. Do mesmo modo que considero de justiça registar que Maria José Nogueira Pinto protagonizou, pelo conteúdo objectivo das suas propostas, a candidatura que melhor interpretou o papel que se exigirá a uma terceira geração de autarcas do país.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Cada actor com o seu papel

Os tempos actuais e os que aí estão a emergir serão tempos que exigem a participação dos cidadãos na vida pública. Colectivamente ou individualmente todas as formas de exercício da cidadania serão, pois, de aplaudir. A tansmutação do cidadão pró-activo no político de partido é que não parece ser grande ideia, como ficou empriricamente demonstrado no caso prático do candidato do BE à autarquia da capital do país. A incapacidade para o desempenho discursivo e formulação de opinião consolidada de natureza multisectorial que se exige ao candidato autárquico da capital do país foi, no caso em apreço, pouco menos que confrangedora.

Até já se acendem velinhas

Depois das sondagens e da quase totalidade dos fazedores de opinião terem previsto uma estrondosa derrocada do PS, ou pelo menos uma vitória significante do PSD, nas autárquicas - eis que existem sinais para crer que provavelmente não serão bem esses os resultados nas urnas de voto do próximo dia nove. Pelo menos a avaliar pelo funeral a que estamos a assistir em directo do Pavilhão Atlântico de Lisboa. Há inclusive um candelabro com velas acesas à frente do palco para minimizar a falta de chama entre os militantes presentes.

Post-scriptum: Tratava-se do comício de encerramento da campanha do PSD. Discursavam Marques Mendes e Carmona Rodrigues.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Desmaterialização de processos

Pois eu também estou a procurar desmaterializar o meu trabalho. Mas como consequência desconfio que necessito de ir ao oftalmologista.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Prontos. Já está!

O pessoal do bué, tipo, prontos, já chegou à Universidade. Mas o que é do pior é memo o setôr. Aqui fica o apelo aos meus colegas que os apanham à entrada. Por favor, digam-lhes que o setôr ficou no secundário.

terça-feira, outubro 04, 2005

Excitação

Estado resultante do estímulo do sistema nervoso, não necessariamente em sentido erógeno.

The croquette business

A parte que eu mais gosto das redes científicas internacionais é aquela parte em que as pessoas andam com um palito na mão a engolir croquetes.

domingo, outubro 02, 2005

Autumn Leaves

Words of Wisdom

"A ti só te conquista quem não quiser conquistar-te."

sábado, outubro 01, 2005

Barbaridades

"Bárbara na rua agita hostes do PSD", título do DN de 29 de Setembro de 2005.

Google Earth

"Ver o mundo do alto, e o sentimento de omnipresença que daí decorre, é um mito humano bem mais antigo do que o avião, que tornou esse sonho material. O Google Earth inventa a omnipresença absoluta. Vemos o mapa real do alto ou de lado, como se fossemos a aterrar podemos escolher todos os pontos de vista. Como as imagens, mesmo se diferidas, são reais, ganhamos o domínio simbólico da totalidade do espaço. O mundo físico tornou-se parte integral do mundo simbólico. Tal como o Google se tornou, nestes sete anos, a principal porta para a totalidade do mundo da informação, em permanente transmutação na Internet."

Miguel Gaspar, DN, 29 de Setembro de 2005.

Em que autarquia concorre?

"Cavaco muito perto de vencer à primeira volta", titulava o DN há dois dias.

Terminator

O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, debateu-se com um grande incêndio, embora sem consequências para a integridade física dos seus concidadãos, no seu Estado. Por que não mandou lá o Terminator?

Kafkas cá de casa

Os jornalistas questionam agora, em plena campanha para as autárquicas, os políticos sobre as presidenciais. Se eles respondem acusam-nos de estarem a baralhar as coisas. Se eles não respondem acusam-nos de estarem a fugir ao tema das presidenciais.