domingo, setembro 25, 2005

Confusão de planos (3)

Não me admiraria que Isaltino, Valentim, Ferreira Torres e Fátima Felgueiras se candidatem por estarem convictos que os resultados da sua corrida eleitoral poderão influenciar a decisão do tribunal. Embora seja inquietante, para a democracia e o Estado de Direito, que uma tal hipótese de confundir a esfera judicial com a esfera política lhes possa, eventualmente, ter passado pela cabeça. O que admira mais, no entanto, é a confusão implícita entre a esfera política e a esfera judicial por parte de comentadores e até políticos responsáveis (como Cavaco Silva e Marques Mendes) ao comentarem o caso do regresso de Fátima Felgueiras. A resposta democrática e dos tribunais a estes casos apenas deve ser a de deixar claro, nos respectivos processos judiciais, que um eventual capital eleitoral não pode ser colocado a render, como eles hipoteticamente julgariam, em sua defesa no banco dos réus e que, portanto, o resultado desses processos é absolutamente independente de quaisquer resultados eleitorais. No plano político, se a justiça funcionar como todos desejamos que funcione, apenas haverá presidentes de câmara declarados inocentes pelos tribunais. Aqueles que o não forem, perderão o direito ao exercício do cargo. Não será assim?

Adenda: A hipótese veiculada na imprensa de que o PS teria negociado com FF o seu regresso ao país é, quanto mais não seja do ponto de vista da mera lógica, absurda. Que interesse teria o PS no seu regresso, mesmo a tempo da campanha eleitoral autárquica? Só no registo de uma qualquer teoria conspirativa, alguém no PS militantemente anti-Sócrates poderia beneficiar com um tal "regresso negociado".

Sem comentários: