quarta-feira, abril 27, 2005

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UMA DIREITA ULTRAPASSADA

Sempre achei extraordinário o apoio de João Soares e outros socialistas à Unita. Tratava-se de ignorância e de uma certa candura que os fazia "engolir" o cenário montado na Jamba para conquistar apoios internacionais. Para quem está informado sobre a realidade política angolana e perfilha determinados valores e ideais políticos, não basta reprovar o poder corrupto, belicista, oportunista e sanguinário instalado no poder em Angola desde 1975. Seria igualmente necessário condenar um criminoso comum como Savimbi e muitos dos seus correligionários. O que me parece é que as dicotomias dos tempos da guerra fria turvaram a visão de muita gente. Mas o amor ainda agora manifestado pelos militantes do CDS, no seu congresso, àquela organização política angolana, revela bem como a nossa direita não evolui nada, permanecendo agarrada aos amores e ódios dos tempos da guerra fria. Dir-me-ão que ao conservadorismo compete ser antagonista da mudança e da abertura de espírito que permite apreender para melhorar e evoluir. Mas se continuam a ler o mundo com os óculos que usavam em 1975, não vão conseguir percebê-lo, para o gerir, governar e mudar. Vão apenas conservar o que já não existe. A nossa direita arrisca-se, assim, a ocupar o lugar de guardiã dos túmulos da História. É pena, porque o país precisa de visão inteligente, actuante e capaz de compreender o mundo actual, em todos os quadrantes políticos.

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