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UMA COISA É CERTA
Portugal é um país, entre outros, em que a hipocrisia tem aconchego caloroso e amplamente enraizado no subconsciente colectivo da nação. Ou não deveria a Igreja toda defender o que as suas leis postulam? Ou não deviam as cadeias estar cheias de mulheres que praticam o aborto? Ou não deviam os concursos públicos anunciar à partida que não são concursos mas a sua fachada para colocar alguém que se sabe à partida quem é? Ou não deviam os limites de velocidade anunciar que não são para cumprir à risca? Ou não deviam as mulheres que se queixam da inequidade na distribuição de tarefas deixar de pensar que há tarefas que são femininas e outras masculinas e assim são condescendentes e cúmplices face aos seus parceiros homens só porque são homens, isto é, ostentam em seu favor o simbolo do seu poder, o falus? Ou não deviam os moralistas anunciar que as públicas virtudes que defendem não são confundíveis com os vícios privados que ocultam? Ou não devia Frei Tomás ser o padroeiro da nação? Tem, por isso, inteira razão o Bruno Sena Martins.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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