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RELATIVIZAR A BLOGOSFERA
Estão por fazer os estudos sobre estes novos media que alguns já designaram como self media, por contraponto à ideia de mass media. A natureza volátil e aparentemente bastante mais self making, user friendly e também assaz mais efémera dos media como os sites e os blogs é o que importa estudar, mais do que os tradicionais estudos quantitativos, como os que já existem sobre a blogosfera. Vem isto a propósito do fim do País Relativo, um dos blogs de referência da blogosfera nacional. Mas, se antentarmos bem na blogos nacional, facilmente nos apercebemos o quão difícil é manter um blog, com as exigências que ele tem, além do primeiro ano da sua existência. Mesmo os blogs colectivos e de maior audiência como é o caso do Barnabé evidenciaram já algum cansaço da parte dos seus autores iniciais, que na sua maioria foram postando cada vez menos, tendo tido a necessidade de renovar o "plantel". Outros há que vão ameaçando desistir, mas sempre resistem, voltando após as vagas de fundo dos seus leitores. É dificil manter um "blog nosso de cada dia", para usar a expressão de José Magalhães, que não conseguiu levar a bom porto o seu projecto dos blogs do parlamento. É também por tudo isto que um blog individual como o Abrupto, há tanto tempo online, com uma impressionante regularidade, não deixa de ser um fenómeno na blogosfera nacional. Também é certo que bloggers como Pacheco Pereira ou mesmo Vital Moreira, recolhem dividendos da possibilidade de criar vasos comunicantes entre as suas participações nos mass media e aquela que têm aqui neste self media. Razão acrescida para crermos que o advento destes novos media não dispensa, mas antes pressupõe, a importância reconfigurada dos media tradicionais (de massas), adaptando-os embora às novas exigências advindas destes novos media e das suas potencialidades, entre as quais uma maior democraticidade de usos, uma maior flexibilidade de utilizações e uma maior potencialidade de personalização, não serão variáveis de somenos importância. Os estudos mais sérios da internet e dos novos media em geral, permitir-nos-ão relativizar o deslumbramento tão em voga com as novas tecnologias de informação e comunicação e recolocá-las no seu devido lugar. São ferramentas cada vez mais fundamentais, mas que apenas devem ser vistas como isso mesmo. Ferramentas de comunicação e não panaceia para todos os problemas económicos, sociais ou culturais que caracterizam os tempos que correm. De igual modo, ficará cada vez mais claro que as crescentes possibilidades de personalização da utilização destes novos media não dispensam o continuado crescimento e requalificação dos media tradicionais. Mas inversamente, que será na existência de pluralidade e diversidade de meios e de interactividade crescente entre esses meios, de massas ou mais personalizados, que residirão os modelos dominantes de comunicação mediática dos tempos vindouros.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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