domingo, agosto 08, 2004

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Sobre o F9/11

Fui, finalmente, ver o documentário de propaganda sobre o qual tanto se tem escrito. Não é um grande produto cinematográfico. Manipula, como convém a um filme de propaganda. Deturpará alguns factos também. Parte, não de uma interrogação mas de uma resposta para depois colocar questões. Todas elas com respostas prévias. Sem dúvida. Sequência fílmica sem guião, ao sabor do vento. Mas muitos dos factos relatados não são novidade para ninguém. São factualmente verdadeiros e conhecidos de todos nós através dos media mais diversos.

O que importa, para lá do filme, é o facto de a maior potência mundial ter ao leme um homem como George W. Bush. Isso é deveras preocupante para a humanidade e é um sinal dos tempos. O que se passa aqui no nosso cantinho à beira-mar é afinal compreensível, também, à luz do que vai sucedendo à democracia um pouco por esse mundo fora. Ora, os EUA têm, e provavelmente terão por muitos anos ainda, um presidente como Bush e a respectiva "política", devido a doís factores interligados decisivos para o sucesso dos Bushs deste mundo: O medo e a ignorância. O medo do "estranho". Isto é, o "Outro" cultural. O estrangeiro. Tudo o que diverge do nosso pequeno universo. A ignorância cultural e política, terreno fértil para o medo do Outro e o sucesso daqueles que nos prometem o céu num mundo, afinal, tão medonho. Um mundo que na realidade a maioria esmagadora do povo americano desconhece na sua cultura, na sua geografia, na sua socio-economia, na sua forma de organização política. Isto é a ignorância que os Bushs podem facilmente explorar para ganharem eleições, comandarem países, o mundo, e a partir daí defenderem interesses económicos particulares. Da sua família. Das famílias sauditas. Das famílias de alguns amigos. Dos congressistas. Dos senadores. Nunca os interesses da Nação americana. Nunca os superiores interesses do povo americano. Muito menos o interesse da humanidade. Isto é o que importa subtrair do F9/11. Embora não precisássemos do filme de Moore para o fazer. O resto são polémicas estéreis.

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