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Doutora Filomena e os seus erros ortográficos
Descubro aqui e aqui referências aos erros ortográficos, pelo que agora sei já célebres, de Maria Filomena Mónica. Também eu, em tempos, me dei conta desses erros num texto publicado por MFM no Público. Pensei, então, escrever aqui, não a propósito dos pontapés na gramática de MFM, mas sim do seu pretenso elitismo cultural, ou intelectual.
Filomena Mónica faz parte de um grupo de gente que cultiva esse suposto elitismo, mas que à primeira curva escorrega nos seus próprios argumentos e estampa-se na ridicularia do culto da cultura cultivada, embrulhada em discursos de uma suposta superioridade intelectual e cultural, que mais não são do que papel de conhecimento enciclopédico, quantas vezes colado com cola recente.
Quis eu, em tempos, escrever a propósito das posições que MFM defendeu numa entrevista a Maria João Avilez na SIC Notícias. Acabei por nada escrever pois tive mais que fazer. Recordaram-me agora aquela entrevista. Defendia aí, MFM, a crítica ao "estado actual do ensino superior", à "mediocridade" do mesmo e também, do mesmo passo, ao facto dos mortais investigadores, alunos ou outros, que não autorizados por um Professor Catedrático, acederem a certas fontes documentais históricas na Biblioteca Nacional. Sim, que isto da investigação histórica, não pode estar ao alcance de qualquer um...
Pois bem. Em primeiro lugar, importa esclarecer para quem o desconheça, que MFM não é, ao contrário do que deixa passar sem correcção nessa entrevista, professora universitária. É sim, investigadora de um instituto de investigação estatal. O conhecimento que possui do ensino superior é, portanto, "apanhado de ouvido" e não por qualquer experiência própria, que não possui há mais de, pelo menos, vinte e cinco anos. Embora aquele instituto confira os graus de Mestre e Doutor, não se trata de uma instituição de ensino superior, em sentido próprio, para que MFM entenda o que quer que seja sobre a realidade de que fala.
Em segundo lugar, a questão dos pontapés na gramática. Quem nunca se deu conta de ter dado o seu erro ortográfico que atire a primeira pedra. Tenho corrigido aqui, na blogosfera, erros como aqueles com que Maria Filomena Mónica brinda os seus leitores nas crónicas do Público. Faço-o apenas, devo reconhecer a minha subjectividade, aos blogs que aprecio. Pedindo-lhes que me corrijam, igualmente, algum erro ou gralha que detectem aqui no FC. Afinal os prontuários e correctores ortográficos existem para corrigir os erros.
Os erros ortográficos são, para mim, uma questão de estética da nossa expressão escrita e de rigor no uso, neste caso, da língua materna. Por isso os corrijo nos meus alunos e a todos aqueles de quem leio, com prazer, os respectivos textos. Jamais me atreveria a corrigi-los em alguns arautos do elitismo intelectual e cultural, como MFM, que também pululam na blogosfera. Nesses, os erros ortográficos são inadmissíveis, perante a sua própria auto-imagem. Mas eu, por exemplo, cuja formação de base já foi feita, em parte, no período errático do ensino em Portugal, darei os meus erros, por mais esforçado que seja para os evitar; por mais que não receie a oportunidade de corrigir o erro, para parafrasear um homem do conhecimento, esse sim - à semelhança de outros que compõem a história e a contemporaneidade das nossas universidades - me merece a mais elevada consideração e perante a sua humildade grandiosa me curvo.
Em Maria Filomena Mónica, ao contrário, os erros ortográficos são, indesculpáveis, pela simples razão que traem uma pretensa superioridade intelectual de casta, manifesta na arrogância com que defende o que defende. Mas, ao contrário dos grandes intelectuais portugueses, muitos dos quais estão, ou estiveram, nas nossas universidades, cultivando o rigor do conhecimento, mas igualmente a humildade que os engrandece e a defesa do princípio da democraticidade no acesso ao conhecimento e à cultura - Maria Filomena Mónica, afinal, dá erros ortográficos primários que, se o soubesse, criticaria nos outros. E, no entanto, Maria Filomena Mónica, não terá sido vítima da “mediocridade do ensino superior que temos”, ou da desgraça que no após 25 de Abril de 1974 foi caindo sobre o ensino básico e secundário. E isso é, de facto, lamentável da parte de quem se pretende uma aristocrata do conhecimento e da cultura.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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