segunda-feira, janeiro 17, 2005

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PLÁGIOS: OS JOTAS OU O UNIVERSO IDEOLÓGICO QUE CRIÁMOS?

1. No episódio do plágio por parte de um jovem dirigente político madeirense de que foi alvo Vital Moreira, tem obviamente toda a razão VM em denunciar publicamente o caso, no que não constitui qualquer "justiça pela própria pena", mas antes a colocação da questão no local próprio: a blogosfera. Julgo que seria ridículo colocar a questão do plágio de um excerto de um post em tribunal, e aí sim, tratar-se-ía de uma retaliação e vingança excessivas para a importância do protagonista do acto desonesto. Por outro lado, seria encerrar a questão numa sala de audiências e até lá o processo arrastar-se-ia no tempo até ficar esquecido e apagado, sem qualquer resultado prático. Assim, talvez sirva de exemplo pedagógico para alertar políticos e cidadãos atentos sobre quem estamos a formar como nossos futuros dirigentes e, quiça, governantes. Assim como para exemplificar que mesmo neste mundo de relativa facilidade de acessos e meios, não vale tudo para atingir os fins pretendidos. Devem existir regras. Importa, contudo, não esquecer que os políticos não são uma casta à parte. Estas práticas reflectem bem uma ideologia ambiente onde valores e princípios de dignidade, responsabilidade, e escrúpulos, tendem a ser palavras vãs e substituídas por outras, entendidas como mais valorizadas socialmente e meio mais eficaz para atingir determinados objectivos.

2. O que é preocupante, no entanto, neste episódio, não é apenas a desonestidade de tais promissores políticos - questão essencial - como a própria imbecilidade das suas práticas - questão acessória no caso particular, mas que não é de somenos importância, se a olharmos num contexto mais geral. O que este caso revela não é apenas a gravíssima ausência de honra e dignidade, como a falta de inteligência que o absurdo e o descaramento do acto, e todo o comportamento subsequente no processo, por parte do jovem, denota. E isto também é preocupante sobre a qualidade (agora não ética, mas de competência) de alguns dos nossos "futuros governantes" e "altos quadros dirigentes" do país. Mas, uma vez mais, tratar-se-á de uma postura exclusiva dos juniores candidatos a dirigentes séniores, ou também de toda uma ideologia ambiente, da qual não nos podemos desresponsabilizar, os mais velhos, como cidadãos intervenientes, pelo que fizemos ou deixámos de fazer, para que a geração que se aproxima da idade adulta e, em breve, de assumir responsabilidades, aja com tanta frequência como age?

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