segunda-feira, janeiro 31, 2005

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E VERGONHA NA CARA NÃO HÁ ? (ÚLTIMA ENTRADA)

Quando decidir fazer um blog sobre cultura estilo Parque Mayer voltarei a escrever uma linha sobre PSL. Até lá não contem com isso.
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COESÃO TERRITORIAL, MACROCEFALIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL (2)

Embora não directamente citado por este post de Vital Moreira que refere em abstracto "alguns leitores", o FC "veste a carapuça" de um desses "leitores" e, nessa medida, situamos de seguida qual o nosso ponto:

1. O poder de compra da região de Lisboa é superior ao registado no resto do país porque em Lisboa se concentram os rendimentos mais elevados proporcionalmente, daí que seja em Lisboa que se pagam mais impostos na proporção dos rendimentos, óbvio. O rendimento per capita em Lisboa, também é, muito superior ao registado no resto do país. Falamos de imposto sobre rendimento de pessoas singulares. Este é um indicador indirecto do poder de compra, não o imposto pago pelas empresas.

2. Como obviar a que os rendimentos das empresas nacionais sejam pagos senão no local da sede empresarial? Poderiam ser pagos nos locais dos estabelecimentos dessas empresas espalhados pelo país? O problema talvez esteja na concentração em Lisboa das sedes empresariais das maiores empresas nacionais e das "representações" das transnacionais.

3. A política de concentração em Lisboa das sedes empresariais das grandes empresas nacionais e das representações das internacionais, bem como da concentração, também aí, do aparelho administrativo do Estado, implica grande concentração do emprego na capital, o que tem como ónus a concentração populacional e a dimensão dos custos respectivos nos suportes "reprodutivos", (para usar o jargão antigo), como transportes públicos, por exemplo, mas também de outros serviços sociais, para não falar nos custos sociais com habitação e prestações de solidariedade (acção social). Estes custos na capital são incomparáveis com os custos similares no resto do país. Não existe país da União Europeia (pelo menos a quinze) onde quase 1/3 da sua população esteja concentrada numa só região urbana, como sucede em Portugal com a região de Lisboa.

4. Obviamente, o referido nos pontos anteriores só reforça a necessidade de uma outra política territorial, que passe também pela coesão territorial e que beneficiaria não só o resto do país como a própria capital (no sentido da região de Lisboa) e a respectiva qualidade de vida. Além dos "custos da interioridade" existem também os "custos da centralidade" ou da centralização.

5. Nada do referido nos pontos anteriores invalida o que havia escrito como terceiro ponto, no post: COESÃO TERRITORIAL, MACROCEFALIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL, e que não pode deixar de ser levado em conta numa política séria de coesão territorial, entendida não como mera questão de "justiça territorial" e reforço do "subsídio das regiões mais pobres pelas mais ricas", mas sim como política de um desenvolvimento territorialmente mais equilibrado, menos assimétrico. O que não pode deixar de implicar, desde logo, o desenvolvimento de "dentro para fora" ou de "baixo para cima". Não apenas, portanto, a partir de políticas nacionais (centrais), como locais ou regionais. E passo a citar o que aí tinha escrito: "Em terceiro lugar, sendo certo que tarda uma correcta política de coesão territorial, começando por uma mais equilibrada repartição de investimentos estruturantes pelo país, que permitissem a criação de dinâmicas de desenvolvimento em zonas mais desvitalizadas; não é menos certo que a criação de dinâmicas de desenvolvimento para sair da pobreza e desvitalização das pequenas e médias cidades, nomeadamente do interior, depende também (ou sobretudo?) da iniciativa das forças vivas e do poder político desses contextos. Ora, a verdade é que em muitas dessas cidades - como Coimbra, por exemplo, os seus residentes devem queixar-se, antes de mais do seu próprio tecido social e dos seus próprios representantes políticos. O marasmo e o atavismo é o que os tem caracterizado, nas últimas décadas. Exemplos, em sentido contrário, também os há, como Viseu. Estes parecem queixar-se menos da macrocefalia lisboeta e fazer mais pelo seu desenvolvimento local. Os ganhos de uma tal postura são bem visíveis".
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MAU JORNALISMO NUM JORNAL DE REFERÊNCIA

é o que se passou no jornal Público da edição de Sábado. Na primeira página o grande título "António Vitorino Não Exclui Disputar Liderança do PS". Nas páginas para que remete o título apenas uma coluna onde numa entrevista António Vitorino refere que o "futuro a Deus pertence" e nesses termos não põe de parte a hipótese de poder "vir um dia a candidatar-se à liderança do PS". Note-se que na edição "on-line" o link do título de primeira página, nem sequer remete para a entrevista em que Vitorino faz aquela afirmação.
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A DEMOCRACIA É O MELHOR DOS MELHORES SISTEMAS

Independentemente de toda a história recente do Iraque, devemos saudar com alegria e satisfação o afluxo às urnas nas eleições naquele país. Uma prova irrefutável que a razão nunca estará do lado dos extremismos fundamentalistas islâmicos ou outros.
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SOBRE (IN)COERÊNCIA POLÍTICA

A propósito deste post do Abrupto:

Não tenho do universo da política, como não tenho da vida em geral, uma visão linear e a preto e branco. Admito, portanto, que opções que nos possam parecer incoerentes tenham justificação à luz de válidos argumentos lógicos. Julgo, aliás, que alguns exemplos, frequentemente apontados, de personalidades coerentes não abonam muito em favor da mais-valia da coerência. Continuo, no entanto, a achar a anunciada opção de JPP de votar no próximo dia 20 neste mesmo PSD de Santana Lopes, uma opção incoerente com as posições que JPP tem tomado, e bem, face à personagem PSL. Confesso-me pouco atento ao sentido do voto dos actuais "renovadores" do PCP, a maioria dos quais "apontou o dedo" em tempos idos aos renovadores de então. Quanto aos socialistas que terão criticado Sócrates e agora votam PS, não tenho ideia de alguma vez ter lido ou ouvido deles crítica que sequer se aproximasse das que JPP apontou, e com inteira justeza, a PSL. Não se trata, da nossa parte, de uma "critica ad hominem". Escrevemos sobre a incoerência política de JPP pela consideração intelectual que ele nos merece e pela importância pública do sentido do seu voto e peso político das suas opiniões. Mas compreendemos a sua angústia com o caminho que vê o seu partido tomar, arriscando-se a obter um dos piores resultados da sua história graças à liderança que lhe coube. Disso deverá o partido assacar responsabilidades, fundamentalmente, a Durão Barroso.

Mas a opção de JPP torna-se ainda mais injustificável depois de escrever que "seria mau para Portugal que Santana Lopes voltasse a ser Primeiro-ministro". Como pode, então, JPP votar em alguém para Primeiro-ministro depois de considerar que seria mau que voltasse a sê-lo? Diz-se JPP, como militante do PSD, preocupado com o resultado eleitoral do seu partido, por considerar ser mau para o país um mau resultado do PSD. Julgo, ao contrário, que o previsível resultado eleitoral do PSD será a melhor forma que aquele partido terá, de se ver livre, de uma vez por todas, de alguém que faz assentar num suposto apoio popular o seu peso político dentro e fora do partido. Ora, um descalabro eleitoral do PSD será o melhor argumento que os militantes decentes, dentro do PSD, terão para definitivamente afastarem da liderança alguém como PSL e reconstruírem uma liderança credível para o partido. Algo que é essencial não apenas ao partido como à democracia portuguesa. Eis porque me pareceria mais consentâneo com as posições que tem tomado sobre PSL, por exemplo, uma declaração de voto em branco de JPP.

Adenda: Este outro post de JPP, que só agora li, em que faz eco dos "desabafos" que tem recebido dos seus leitores de igual filiação ou simpatia partidária, apenas reforça o que penso.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

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GETTING CLOSER



Bom fim-de-semana !
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MORDE AQUI A VER SE EU DEIXO

Se as sondagens não são verdadeiras porque dão vantagem ao PS e desvalorizam o apoio real ao PSD e PP, por que razão estão eles preocupados com isso? Se tal fosse verdade não seria lógico que aqueles partidos ficassem em silêncio a aguardar que PS ficasse enebriado com a vantagem que as sondagens lhe dão, aguardando apenas os seus bons resultados? Se as sondagens desvalorizam o real peso eleitoral daqueles partidos, então as sondagens até funcionam a seu favor, já que o que importa é ganhar nas urnas e não nas sondagens. Por que quer então Santana Lopes processar quem parece "fazer um trabalho" que reverte a seu favor?
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UM ANO DE TUGIR

O Tugir é um dos melhores blogs nacionais. Alia a qualidade, sensatez e equilíbrio das suas posições e análises a um extremo cuidado gráfico. É daqueles blogs que merecem longevidade. Por isso desejamos aos seus autores que continuem a contribuir com o seu trabalho para o elevado nível de qualidade da blogos e daqui lhes enviamos os nossos parabéns e votos de longa vida ao Tugir !

quinta-feira, janeiro 27, 2005

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COERÊNCIA

não é pensar da mesma forma toda uma vida. Isso é teimosia ou inépcia. Muito menos é, necessariamente, ter a mesma filiação partidária toda uma vida, ou votar sempre no mesmo partido. Coerência é exercer o seu direito de cidadania votando em cada caso de acordo com a sua consciência, a sua análise da situação concreta, num determinado momento da história política do país e conforme as posições que se tem tomado em relação a essa situação concreta e a esse momento da história do país. Isto é coerência. Ao contrário da postura de MRS e JPP. Não digo, obviamente, que estes últimos teriam de votar PS, como Freitas do Amaral, para serem coerentes, mas que tinham de não votar neste PSD do qual foram, porventura, os mais peremptórios, esclarecidos e eficazes opositores.
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EU ARMADO EM JOSÉ GIL

Os portugueses são um povo cinzentão, macambúzio como só o fado. Vestem-se como pensam: monocromaticamente todos de azul. Os que assim não são não estão em Portugal mas longe, ainda que temporariamente, ou estão em Portugal por um mero acaso da História do país ou da sua história de vida, ou então não estão em Portugal, estão na blogosfera.
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PARA NUNCA ESQUECERMOS

quarta-feira, janeiro 26, 2005

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MOMENTO CANAL DISCOVERY



Neste blog não se escreve sobre futebol, com raras e honrosas excepções merecedoras de algum entusiasmo. E como esconjuramos todo o tipo de fanatismos sempre dizemos, para gáudio dos adeptos do animal ali “minusculizado”, que a imagem foi "roubada" de um blog que se intitula "Babuseiras"...Mas como se trata de uma montagem a partir de outra imagem retirada da net, onde no lugar do leão estava um minúsculo rato, estamos certamente desculpados pelo seu autor, e teremos com certeza cem anos de perdão.
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VALE A PENA LER

a intervenção de Vital Moreira no passado sábado, na Convenção Novas Fronteiras que intitulou "Restabelecer a confiança dos cidadãos na política e nas instituições". As condições de partida para mudar de política, de modo a voltarmos a acreditar, estão muito bem sistematizadas naquela comunicação.

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COESÃO TERRITORIAL, MACROCEFALIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Vital Moreira faz referência a um estudo divulgado pelo Público, onde se dá a conhecer o que já todos sabíamos: que a concentração de riqueza na capital do país é um facto que implica, igualmente, um fosso no poder de compra de Lisboa quando comparada com o resto do país. Tal deve-se à inexistência de uma política de descentralização e sobretudo de coesão territorial. Será difícil - se é que é possível -, encontrar um tão elevado abismo entre uma cidade e o restante território nacional, uma tão marcada macrocefalia, em países da União. É mais uma cracterística terceiro-mundista de Portugal. Já me parece menos correcta a segunda parte do post de Vital Moreira, quando refere, por outro lado, que "o défice dos transportes públicos de Lisboa não pára de crescer", o que implica que "os pobres [leia-se o resto do país] subsidiam os ricos". Em primeiro lugar, porque empresas deficitárias não são apanágio da região de Lisboa. Talvez bem pelo contrário. O deserto de qualificações fora de Lisboa indicia maiores dificuldades de boas práticas de gestão no resto do território nacional, quando comparado com Lisboa. Em segundo lugar, porque o reverso da medalha da concentração do poder de compra na capital é a concentração, também aí, da riqueza produzida e dos impostos colectados. Também é em Lisboa que se concentram as receitas com impostos, utilizados para investimentos - ainda assim insuficientes - no resto do país. Em terceiro lugar, sendo certo que tarda uma correcta política de coesão territorial, começando por uma mais equilibrada repartição de investimentos estruturantes pelo país, que permitissem a criação de dinâmicas de desenvolvimento em zonas mais desvitalizadas; não é menos certo que a criação de dinâmicas de desenvolvimento para sair da pobreza e desvitalização das pequenas e médias cidades, nomeadamente do interior, depende também (ou sobretudo?) da iniciativa das forças vivas e do poder político desses contextos. Ora, a verdade é que em muitas dessas cidades - como Coimbra, por exemplo, os seus residentes devem queixar-se, antes de mais do seu próprio tecido social e dos seus próprios representantes políticos. O marasmo e o atavismo é o que os tem caracterizado, nas últimas décadas. Exemplos, em sentido contrário, também os há, como Viseu. Estes parecem queixar-se menos da macrocefalia lisboeta e fazer mais pelo seu desenvolvimento local. Os ganhos de uma tal postura são bem visíveis.
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JSD FAZ CAMPANHA POR SÓCRATES

Avisado sobre o perigo de enveredar, ele próprio, pelo populismo descarado e de baixo nível, PSL optou por dar a imagem do "homem de estado" nos cartazes, deixando o "trabalho sujo" para os catraios da JSD. Bem sei, tudo está aconselhado pelo marketing político. Lá o convenceram (os marketeers) que a irreverência só aos catraios não fica mal. Em todo o caso, o PS agradecerá a publicidade que não teve de pagar e pasme-se, até o BE foi merecedor de publicidade gratuita deste PSD!
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RELATIVIZAR NA ESPLANADA

Pelos vistos, quando se está a esplanar tudo é permitido. Inclusive ser-se xenófobo, mesmo quando não se é de direita. Na esplanada tudo parece relativo, mesmo o humor...
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EDUCAÇÃO EM DEBATE

De novo o P&C a meter o Rossio na rua da Betesga. Discutir todo o ensino, do pré-escolar ao superior, num só programa. Pela rama, só podia ser. Não admira pois que existam no ensino secundário disciplinas como TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) onde se "ensina" aos alunos como usar um processador de texto. Sabemos que em alguns meios sociais terá alguma justificação, se entretanto esses alunos tiverem em casa um PC para dar uso ao que aprenderam na escola. Mas mesmo aí não seria no ensino básico que se justificava um tal nível de utilização das TIC? Claro que depois os professores que leccionam tais programas se arriscam a que, não raramente, os alunos lhes digam qualquer coisa como: "setôra já experimentou utilizar o botão direito do rato para realizar essa tarefa mais rapidamente?". Prioridade da reforma do ensino: reciclagem, a sério, dos professores e das respectivas metodologias de ensino e antes disso, reciclagem dos responsáveis pelas "reformas" e respectivos programas que "todos os anos" se produzem...
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LI E RECOMENDO

- Umas caixinhas muito arrumadinhas de Pedro Mexia. Talvez volte aqui.

- Uma Cruz de Ivan Nunes. Só Álvaro Cunhal é o mau exemplo para o caso...

- Maturidade de Pedro Oliveira. Nada a assinalar.

terça-feira, janeiro 25, 2005

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POR E-MAIL CHEGAM PALAVRAS...

A acrescentar ao léxico da língua portuguesa:

Santanice (de Portug Santana) - acto ou acção de alguém que acaba sempre por prejudicar outro alguém e ser também ele prejudicado com esse acto ou acção, sem ter consciência disso. Forma de agir inopinada e irresponsável que prejudica toda a gente envolvida directa ou indirectamente na acção, sem que o autor tenha uma consciência absoluta das consequências dessa acção - "fez-lhe uma santanice", "acabou por se santanizar", "se disse isso vai ser santanizado"; estupidez, parvoíce, inexperiência, irresponsabilidade de grande dimensão, efeito negativo de algo dito ou feito por um inconsciente com poder para o fazer.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

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O DIA SEGUINTE

Estão ali uns senhores na televisão a debater democraticamente e com uma profundidade reflexiva impressionante, minuciosa e problematizada, se o lance é verdadeiramente perigoso para a integridade física do adversário ou não. Ele dá mesmo um valente murro na face do adversário ou não? Não, não é de um confronto de boxe que falam. É mesmo de futebol. Em todo o caso, alta cultura. E assim vamos nós.
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DE-BATIDOS?

Esta insistência desesperada de PSL, e agora também de PP, nos debates com Sócrates é no mínimo estranha. Não será? Ou alguém achará que PSL e PP são o paradigma do democrata e Sócrates é um arrogante que se recusa ao debate democrático? Não será que PSL e PP estão a precisar do espectáculo mediático, como do ar para respirarem? como de água no deserto?
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DESCREDIBILIZAR A DEMOCRACIA

Já aqui tinha chamado a atenção para a incoerência de JPP, quando afirmou que iria votar neste PSD, depois de ser público o que pensa deste PSD. Mais grave ainda é Marcelo Rebelo de Sousa, depois do que se passou e do que disse deste PSD e deste líder do PSD, vir agora fazer campanha por este mesmo PSD ! Isto apenas prova, como foi dito por vários comentadores, que as iniciativas de MRS no caso TVI e o modo como o geriu, nada tinham de inocente. Mas prova ainda outra coisa mais grave. Que estes políticos não se apercebem como descredibilizam a democracia com estes actos de puro calculismo e tacticismo político manipulatório da opinião pública. Depois queixem-se das taxas de abstenção, da falta de participação cívica, do descrédito da classe política, da crise da democracia representativa...
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SOB O MANTO DIÁFANO DA MODERNIDADE A NUDEZ CRUA DO REACCIONARISMO

Que é hipócrita a perspectiva de Portas sobre a despenalização do aborto, com o discurso demagógico do "direito à vida", parece-me evidente. Como é hipócrita e demagógico o seu discurso em relação a outras matérias. Os valores da família tradicional, a ortodoxia católica, a lavoura, os antigos combatentes, etc. Meros públicos-alvo, nichos de mercado eleitoral que os caminhos da história, objectivamente foram deglutindo e arredando do centro, constituindo-se em potenciais focos onde podem germinar novos descontentamentos de velhos conservadorismos. Públicos-alvo e nichos de mercado vistos como vulneráveis ao discurso demagógico e populista de direita onde Paulo Portas navega. Nada de novo. Agora, que seria Louçã a abrir as portas à convocação de sub-reptícias insinuações sobre as supostas opções de vida pessoal e sexual dos adversários políticos, não deve deixar de merecer interrogação e espanto a todos quantos viam no BE o tal partido das "causas fracturantes", que incluem, entre outras, a defesa dos direitos de afirmação da diferença em matéria de opções de vida privada e orientação sexual, por exemplo. Este BE, afinal, sob o manto diáfano da modernidade da esquerda, esconde a nudez crua do mais vil reaccionarismo e conservadorismo moral fascizante de uma determinada velha esquerda (de Estaline, Mao e Enver Hoxa). Tanto mais lamentável para a esquerda que se quer, de facto, radicalmente moderna, neste momento da história do país, quanto Louçã tinha o debate com Portas ganho aos pontos, com válidos argumentos que deixaram o candidato da direita sem hipótese de resposta, além dos rodriguinhos de natureza pessoal e vacuidade política. No último minuto, Louçã perdeu um debate que estava ganho e - mais grave e mais essencial -, perdeu a face do homem que muitos julgavam defender os valores justos de uma politica emancipatória de modernidade.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

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EIS QUE DESAGUAM NA BLOGOSFERA

os políticos profissionais. Avizinham-se eleições e alguns já perceberam a potencialidade desta ferramenta para passar a sua mensagem. Ainda bem que assim é, para bem da e-democracia e da Democracia real também. Como seria de esperar, a maioria dos seus blogs são aborrecidos como o discurso falado dos seus autores. Mas há um que não posso deixar de distinguir, pela simpatia que me merece o seu autor. Trata-se do blog do Seguro, como era conhecido entre os nossos contemporâneos dos tempos de escola na primeira metade da década de oitenta. A imagem que guardo do Seguro desses tempos é a de um jovem socialista afável, bem educado, de pullover de bico, vermelho, e calças de ganga, no "bar" da escola, indo ao encontro dos grupos de colegas, metendo conversa, bem falante e simpático. Contrastava claramente com a maioria de nós os de sociologia e antropologia, mas também se distinguia da maioria dos seus colegas de gestão de empresas - quase todos laranjas. Sendo um jovem ligeiramente mais novo do que eu, posso dizer e garantir que o Seguro é um bom rapaz. Além de tudo isto está no lado certo. Tenho-o acompanhado pelas suas intervenções televisivas, sobretudo. Por estas boas memórias e por concorrer com Luís Filipe Menezes, em Braga, desejo sorte ao Seguro candidato e as boas-vindas ao blogger António José Seguro!

Nota: Foi através do Adufe que tomei conhecimento da chegada do AJS à blogosfera.
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OS VELHOS DOS MARRETAS

A entrevista que ontem vi no programa sobre economia de José Gomes Ferreira na SIC-NOTÍCIAS, a duas proeminentes figuras da academia no que à ciência económica diz respeito, os Professores Silva Lopes e Miguel Beleza, só me fez lembrar - sem qualquer ofensa -, os velhos dos Marretas no seu camarote. Sinceramente, confesso-me cansado de descrições de cenários cinzentos e de diagnósticos negros sobre o país e a sua economia. Bem sabemos que a situação do país é extremamente grave, mas tal já foi repetido à exaustão por todos os credores de mérito científico no que à economia concerne (Veja-se o relatório recente da SEDES). Bom seria que os melhores em reflexão e análise sobre economia e políticas de desenvolvimento, começassem a estudar as saídas do túnel escuro. Se o diagnóstico ainda é insuficiente, que de uma vez por todas se conclua, para passarmos à fase prospectiva, de plano de acção e proposta de objectivos e medidas exequíveis, para sair da crise. A fazer diagnósticos, bons ou maus, com maior ou menor rigor, todos somos uns “ases”. A avançar estratégias e caminhos realistas para mudar para melhor, não se vislumbram cabeças. E é dessas que precisamos!
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E VERGONHA NA CARA, [TAMBÉM] NÃO HÁ?

Interpela-me em comentário ao post Inépcia Total, o companheiro Maschamba sobre se este caso de Nuno Cardoso não é também "e vergonha na cara, não há?". Pois tem neste aspecto toda a razão o JPT. Nuno Cardoso também não tem vergonha na cara. Mas tal como já disse por e-mail ao JPT, isso não faz dos principais partidos portugueses, "iguais". E muito menos faz "iguais" os seus actuais líderes. A prova vem referida pelo Causa Nossa, conforme se pode ler aqui.

Post-scriptum: Já agora, tal como já referi ao JPT, por favor não misturemos estes casos com o argumento dos "erros e desvios" dos partidos comunistas. É que esses "erros e desvios", foram responsáveis pelo extermínio de milhões de seres humanos. Misturar isso com tolices, caciquismo e até eventual corrupção de responsáveis políticos, é um caminho perigoso, no fim do qual nada de bom encontraríamos.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

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O DIVÓRCIO SIM, É UMA ILUSÃO

À mesa do restaurante:
- Estou a ter os mesmos problemas com esta mulher que tive com a primeira.
- Eu estou pior! Estou a ter problemas com esta mulher que nem com a primeira tive!
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E VERGONHA NA CARA, NÃO HÁ? (6)

Definitivamente nem o momento próprio nem o tema para as trapalhadas PSL sabe escolher. Depois de ontem ter levantado a atoarda sobre as nomeações do governo ao qual Sócrates pertenceu, tem hoje oferta de um "espelho" por parte do Jornal de Negócios. Segundo a edição de hoje daquele jornal:
«Executivo de Santana nomeou um total de 1.349 pessoas desde que tomou posse (...) O Governo nomeou, até ontem, um total de 72 pessoas desde que Santana Lopes anunciou ao país que o Presidente da República iria dissolver o Parlamento, de acordo com uma pesquisa do Jornal de Negócios aos despachos publicados em Diário da República.»
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E VERGONHA NA CARA, NÃO HÁ? (5)

Quando se fala do que se apanha a correr de ouvido dá nisto. As trapalhadas transferem-se para a campanha, com acusações infundadas ou truncadas sobre nomeações passadas, em governos de gestão. O nível já começou a descer...
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INÉPCIA TOTAL



O problema do PS é também ter nas suas fileiras dirigentes pessoas como esta. Será que Nuno Cardoso não percebe mesmo que só está a prejudicar o seu partido e até a si próprio? Ou será que naquela cidade não se consegue deixar de colocar as questões pessoais acima das políticas? Ou será que nem sequer se percebe que a política não são as questões pessoais? Ou será que não se consegue perceber que o futebol e a política têm de se jogar em campos diferentes? Esta tentativa de defesa atacando não tem pés nem cabeça sobre qualquer ponto de vista. Trata-se de uma questão de polícia e, portanto, não de uma questão que se possa responder politicamente numa conferência de imprensa. Muito menos na forma e com o conteúdo que tal disparatada conferência de imprensa teve. Importa chamar a atenção para a forma inequívoca como o PS se demarcou, e bem, da atitude do Eng.º Nuno Cardoso. Francisco Assis, líder do PS Porto, criticou firmemente a atitude e o conteúdo das declarações de Nuno Cardoso.
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E VERGONHA NA CARA, NÃO HÁ? (4)

Lembra o Jumento: "30 anos depois, outra vez Almada". E não é que se fala ali, também, contra os interesses da Banca? O grande capital financeiro? E contra eles a criação de brigadas (fiscais)? Eu bem disse: este PSD/PP é (BR) - Brigadas Revolucionárias ! E até a musiquinha de fundo fala de qualquer estribilho assim: "este homem que foi humilhado" ou coisa que o valha. De pé ó vitimas da humilhação, longa vida ao Grande Timoneiro ! Contra os interesses do capital financeiro votai no PSL !
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ORA AQUI ESTÁ

alguém a pensar bem. Com a devida vénia, assino por baixo ! Aprendi a desconfiar das explicações monocausais e dos conceitos que tudo explicam sozinhos.
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CASOS DE POLÍCIA (2)

não são casos de política e casos de futebol não deviam ser casos de política, mas alguns deviam ser casos de polícia, até ao fim.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

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SUBSCREVO

«E a corrupção, o compadrio, o deixa-andar, o apostolado partidário, o fundamentalismo de todas as matizes, admitidas com o maior dos beneplácitos pela elite indígena, tornam moribunda a sociedade civil e castra o exercício da cidadania. Ou este jogo insuportável se atenua ou a tragédia não tem fim».

E vale a pena ler todo o post aqui.
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EUGÉNIO

Lembrança do Almocreve

Matéria Solar

50.


Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu dessas vogais
de um azul tão apaziguado?

E das consoantes, que lhes dirás,
ardendo entre o fulgor
das laranjas e o sol dos cavalos?

Que lhes dirás, quando
te perguntarem pelas minúsculas
sementes que te confiaram?

Eugénio de Andrade
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CASOS DE POLÍCIA

não são casos de política.

terça-feira, janeiro 18, 2005

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E VERGONHA NA CARA, NÃO HÁ? (3)

Ao que parece o partido dirigido pela pessoa mais estável, coerente e constante da política nacional, Pedro Santana Lopes, está em guerrilha interna. PSL de cabeça perdida (já?) atacou, no Conselho Nacional do partido, os seus mais directos correlegionários: Deduz-se que Rui Rio por persistir na sua batalha anti-FCP e seus dirigentes, Morais Sarmento pelo Bom-Bom e Aguiar Branco por ter dito que avançaria para a liderança, caso perdessem as eleições. Pois é, José Sócrates e este PS são de uma inconstância, incoerência e instabilidade impressionantes...
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O SPLEEN DA TRANSIÇÃO DE SÉCULO CHEGA POR E-MAIL

"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

Eça de Queirós , 1871.
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PRÓS & CONTRAS

O debate sobre temas tão fundamentais para o país, para ser sério e credível, não se pode fazer assim. Por que razão se misturam num mesmo debate vários temas que merecem cada um deles vários debates? Freitas do Amaral e Adriano Moreira ainda tentaram sistematizar e pôr alguma ordem naquele brainstorming que a jornalista propunha, mas foi impossível. Acredito que tenha sido o "sentido da oportunidade" de ter conseguido juntar na televisão e em directo todas aquelas pessoas, mas os jornalistas não aprendem que o tempo do debate e reflexão séria não é o tempo do "simulacro e simulação"?

segunda-feira, janeiro 17, 2005

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PLÁGIOS: OS JOTAS OU O UNIVERSO IDEOLÓGICO QUE CRIÁMOS?

1. No episódio do plágio por parte de um jovem dirigente político madeirense de que foi alvo Vital Moreira, tem obviamente toda a razão VM em denunciar publicamente o caso, no que não constitui qualquer "justiça pela própria pena", mas antes a colocação da questão no local próprio: a blogosfera. Julgo que seria ridículo colocar a questão do plágio de um excerto de um post em tribunal, e aí sim, tratar-se-ía de uma retaliação e vingança excessivas para a importância do protagonista do acto desonesto. Por outro lado, seria encerrar a questão numa sala de audiências e até lá o processo arrastar-se-ia no tempo até ficar esquecido e apagado, sem qualquer resultado prático. Assim, talvez sirva de exemplo pedagógico para alertar políticos e cidadãos atentos sobre quem estamos a formar como nossos futuros dirigentes e, quiça, governantes. Assim como para exemplificar que mesmo neste mundo de relativa facilidade de acessos e meios, não vale tudo para atingir os fins pretendidos. Devem existir regras. Importa, contudo, não esquecer que os políticos não são uma casta à parte. Estas práticas reflectem bem uma ideologia ambiente onde valores e princípios de dignidade, responsabilidade, e escrúpulos, tendem a ser palavras vãs e substituídas por outras, entendidas como mais valorizadas socialmente e meio mais eficaz para atingir determinados objectivos.

2. O que é preocupante, no entanto, neste episódio, não é apenas a desonestidade de tais promissores políticos - questão essencial - como a própria imbecilidade das suas práticas - questão acessória no caso particular, mas que não é de somenos importância, se a olharmos num contexto mais geral. O que este caso revela não é apenas a gravíssima ausência de honra e dignidade, como a falta de inteligência que o absurdo e o descaramento do acto, e todo o comportamento subsequente no processo, por parte do jovem, denota. E isto também é preocupante sobre a qualidade (agora não ética, mas de competência) de alguns dos nossos "futuros governantes" e "altos quadros dirigentes" do país. Mas, uma vez mais, tratar-se-á de uma postura exclusiva dos juniores candidatos a dirigentes séniores, ou também de toda uma ideologia ambiente, da qual não nos podemos desresponsabilizar, os mais velhos, como cidadãos intervenientes, pelo que fizemos ou deixámos de fazer, para que a geração que se aproxima da idade adulta e, em breve, de assumir responsabilidades, aja com tanta frequência como age?
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E VERGONHA NA CARA, NÃO HÁ? (2)

Não, caro RuiMCB, o caso que relata é apenas um exemplo da política constante, coerente e estável do governo agora demitido, porém em grande acção reagente. Foi essa política que imprimiu também à FCT. E como a FCT é um bom exemplo dessa política coerente, estável e constante do governo PSD/PP... Ai houve alguém que se demitiu do emprego que tinha, para ocupar um lugar de investigador no Estado, e depois disseram-lhe que afinal o concurso em que tinha ganho o seu lugar já não valia? Não faz mal, a culpa é da perspectiva incoerente, inconstante e instável de José Sócrates e do PS. Então não ouviu PSL no passado domingo?
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DIZ QUEM SABE

Carros e voos caros e até assessores e jobs for the boys and girls constituem a pequena imoralidade, os pecadilhos. A grande imoralidade, a escandalosa imoralidade, passa por aqui. É também por aqui que deveria passar a grande reforma da Administração Pública e do equilíbrio das contas públicas. Não tenho grandes dúvidas.
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E VERGONHA NA CARA, NÃO HÁ?

Ontem Santana Lopes deu uma conferência de imprensa para falar da inconstância, incoerência e instabilidade de José Sócrates e do PS, tendo inclusive sugerido a hipótese teórica do Presidente da República poder "dissolver o principal partido concorrente com o PSD", ou seja, dissolver a oposição ao ainda governo, embora demitido. Santana Lopes ainda não percebeu que a maioria dos portugueses não está com grande capacidade para o seu humor, e que pela situação do país e pelo que lhe calhou em sorte como primeiro-ministro, não tem grande vontade de rir. Especialmente quando vem falar de instabilidade, incoerência e inconstância de alguém, no dia seguinte a ter saído no jornal Expresso, sem desmentido até agora conhecido, que ele, Santana Lopes, convidou António Borges para liderar a Caixa Geral de Depósitos, e que quando este, de malas feitas, se dirigia para Portugal, para ocupar o cargo, terá feito escala em Bruxelas e aí sido alertado por Durão Barroso que afinal já não iria ocupar o cargo e ía ser desconvidado por Santana Lopes.
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PHILOS

Tenho grande admiração e respeito pelo trabalho dos filósofos e pela Filosofia. Todos sabemos quanto a ambos devemos no longo caminho da humanidade, da ciência e do conhecimento em geral. Por maioria de razão me merece igual admiração e respeito o trabalho de um filósofo português. E quem seria eu para o questionar, quando acaba de ser considerado um dos maiores filósofos da contemporaneidade? Ainda assim, humildemente, aqui afirmo que, como sociólogo, não sei o que seja "o português", teria dificuldade em conferir à "sociedade portuguesa" um atributo psíquico, porque uma sociedade não é uma entidade psíquica ou, enquanto tal, passível de condição psíquica, e seria, ainda, incapaz de falar de Portugal como entidade abstracta com capacidade para exprimir sentimentos, ou permitir um "sistema" que determine os mesmos sentimentos, posturas sociais, comportamentos, representações, formas de estar, ou o que quer que seja, de modo assim generalizado.
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SARABAND



Até agora o melhor filme do ano exibido entre nós (embora realizado em 2003). Uma qualidade de imagem irrepreensível, graças à tecnologia digital utilizada, a fazer justiça à qualidade da fotografia bergmaniana. O mesmo caudal de sentimentos e de "fantasmas" que marcaram as obras de Bergman e atormentaram a história de vida do cineasta. Agora, com o questionamento sobre o envelhecimento, a morte e os balanços de vida, de quem se (nos) interroga sobre o que realmente vale a pena nesta nossa fugaz passagem por aqui. Um olhar singular sobre o universo afectivo feminino e sobre as relações pais/mães-filhos/filhas e os seus, por vezes (ou sempre?), contraditórios e tumultuosos sentimentos. Uma visão laminar sobre uma racionalidade gélida de uma cultura masculina/protestante/racionalista (?). Um "ajuste de contas" com a sua própria história de vida e o lugar que nela representaram as figuras paterna e materna, bem como o masculino/feminino. A libertação, porventura trágica, da jovem mulher (Karin) das teias de uma relação incestuosa é um sinal de futuro e a melhor celebração da vida e do feminino, que atravessaram toda a sua obra. Embora dedicado à sua mulher Ingrid, (representada pela figura de Anna), este filme - que Bergman diz ser o seu último trabalho - é também uma homenagem a Liv Ullman, indisfarçável pelo que transparece do olhar por detrás da câmara quando nos revela Marianne, a protagonista de Saraband.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

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BERGMAN'S EYES



Ao companheiro João Tunes aqui lhe deixo o olhar da Ingrid e um obrigado por tanto que me fez rir com este delicioso post. Por mim, este fim-de-semana, depois da sarabanda que levei do João Tunes, vou fruir do olhar fílmico de Ingmar:

«Remarkably, Marianne and Johan have resurfaced some three decades later in Saraband (2003), Bergman's latest TV film that he both wrote and directed. This haunting but ultimately hopeful film brings back the couple (with Ullmann and Josephson reprising their roles) who meet up again after not seeing each other for 30 years. As we watch them try to come to terms with their lives, the personal nature of the film becomes increasingly palpable».

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Bom Fim-de-semana !
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JUDEUS AMERICANOS OU AMERICANOS JUDEUS?

Será que faz sentido a referência distintiva recorrente aos "judeus americanos", se não estamos propriamente a falar dos Amish? Os judeus americanos distinguem-se, de facto, em diversas áreas. Da cultura ao mundo empresarial e dos negócios. Mas não se distinguem também, nessas áreas, outros americanos de origem africana, asiática, europeia, que professam as mais distintas religiões, ou são simplesmente agnósticos? Sem dúvida que existe segregação socio-espacial e de culturas nos EUA, como existem fortes desigualdades de oportunidades. É dessa argamassa, também, que é feita aquela sociedade. Mantendo alguns traços identitários da sua cultura original - a cultura hebraica - os americanos de origem judaica são, antes de tudo, americanos. Foi, de resto, nos guetos judeus no princípio do século XX que mais se vislumbraram ímpetos (bem sucedidos) de mobilidade e integração no modelo cultural e espaços de vida já então dominantes na sociedade americana. Isto, apesar da oposição expressa pelos movimentos mais organizados e radicais da cultura "wasp" (white-anglo-saxon-protestant), sempre mais activos e organizados nas pequenas cidades e no mundo rural do que em grandes cidades como NY ou Chicago.

De esquerda ou de direita, intelectuais ou empresários, filantropos ou misantropos, julgo que falamos de americanos judeus e não de judeus americanos. Estes são apenas parte daquela enorme diversidade e até divergência cultural que construíram os EUA. Provavelmente nenhum país no mundo é constituído da convergência de tanta divergência como os EUA. Um judeu americano não é, nem se sente, menos americano do que qualquer outro cidadão americano. Aquele país foi construído por todo o mosaico cultural que o compõe e a sua cultura, a sua história e a sua nacionalidade mais não são que o reflexo espelhar desse mosaico de universos de representação, de credos religiosos, de mundos sociais e de estilos de vida. Referir a proveniência identitária dos americanos judeus como traço distintivo, por referência a um país como os EUA, quando falamos de Susan Sontag, Woddy Allen e tantos outros, talvez seja histórica e societalmente descontextualizado e expressão de um olhar culturalmente eurocentrado da nossa parte.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

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E-LEARNING E COMUNIDADES DE PRÁTICA

Até ao presente apenas tinha tido um contacto teórico com o e-learning. Fui agora convidado a integrar uma equipa de formadores de um curso por e-learning. As minhas expectativas e o meu entusiasmo com mais esta ferramenta da web, bem assim como a sua aplicação especificamente a este curso, estão ao rubro! A todos quantos se possam interessar pela temática aconselho a navegação. Poderá interessar em particular estes colegas e também esta amiga, estes amigos, além destes "miúdos". O futuro está a chegar e a eles pertence!

quarta-feira, janeiro 12, 2005

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O CONHECIMENTO

Não está ao alcance de todos. Limitação científica da nossa parte que somos incapazes de vislumbrar a profundidade das águas dos mistérios da governação. As suas necessidades vitais em prol do bem nacional, da solidariedade com os PALOP e do árduo trabalho que tais tarefas exigem. O João Tunes explica muito bem tudo isto. Está visto, só Luís Delgado consegue entender com aquela facilidade com que depois nos explica as razões que as nossas limitações não conseguem alcançar.
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EXPEDIENTES

Dentro de algum tempo um determinado Conselho Científico irá solicitar a minha presença na prestação pública de provas académicas de doutoramento. Além da única resposta da minha parte que concebo: apresentar o resultado do trabalho que tenho vindo a desenvolver há vários anos, ocorrem-me, igualmente, três soluções em voga:

- Fazer uma viagem ao Canadá
- Compilar uns excertos de alguns bons blogs
- Responder que não acho interessante ir apresentar provas e que prefiro ir ao
cabeleireiro nesse dia...

Qual a solução que me aconselham?
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PREVISÍVEL

A descolagem do PP em relação à crise política e aos disparates governamentais. Tentativa de dar uma imagem de grande dinamismo por parte de PP que se desdobra em iniciativas e decisões in extremis, como se só ele trabalhasse, enquanto os outros passeiam e mergulham. O passo seguinte serão as alfinetadas no parceiro de coligação pré-pós eleições, no reforço da tentativa de demarcação. PSL que se cuide. Não há face nem dignidade nesta gente.

terça-feira, janeiro 11, 2005

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HOJE, UM OLHAR PERDIDO ASSIM...



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SONGS OF INNOCENCE-NIGHT

The sun descending in the west,
The evening star does shine;
The birds are silent in their nest,
And I must seek for mine.
The moon like a flower,
In heaven's high bower,
With silent delight
Sits and smiles on the night.

Farewell, green fields and happy groves,
Where flocks have took delight;
Where lambs have nibbled, silent moves
The feet of angels bright;
Unseen they pour blessing,
And joy without ceasing,
On each bud and blossom,
And each sleeping bosom.

They look in every thoughtless nest,
Where birds are covered warm;
They visit caves of every beast,
To keep them all from harm:
If they see any weeping
That should have been sleeping,
They pour sleep on their head,
And sit down by their bed.

When wolves and tigers howl for prey,
They pitying stand and weep, -
Seeking to drive their thirst away,
And keep them from the sheep.
But if they rush dreadful,
The angels, most heedful,
Receive each mild spirit,
New worlds to inherit.

And there the lion's ruddy eyes
Shall flow with tears of gold,
And pitying the tender cries,
And walking round the fold,
Saying, "Wrath, by his meekness,
And, by his health, sickness
Is driven away
Form our immortal day.

"And now beside thee, bleating lamb,
I can lie down and sleep;
Or think on him who bore thy name,
Graze after thee and weep.
For, washed in life's river,
My bright mane for ever
Shall shine like the gold,
As I guard o'er the fold."

William Blake (1757-1827)

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Boa noite !

segunda-feira, janeiro 10, 2005

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O HOMEM QUE É INCAPAZ DE MENTIR

«O filme é fraquinho. O filme não é nada de especial. O filme (...) até é uma rica bosta».
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Caspar David Friedrich (1774-1840)

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INSCRIÇÃO

Eu vi a luz num país perdido.
A minha alma é lânguida e inerme.
Ó! Quem pudesse deslizar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme...

CAMINHO III

Fez-nos bem, muito bem, esta demora:
Enrijou a coragem fatigada...
Eis os bordões da caminhada,
Vai já rompendo o sol: vamos embora.

(...)

Camilo Pessanha (1867-1926)

domingo, janeiro 09, 2005

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RESPOSTA DE FIM-DE-SEMANA

Pergunta o Terras do Nunca quem será o principal derrotado se o PS ganhar as eleições a 20 de Fevereiro. «Santana que esteve lá seis meses, ou Durão que esteve lá dois anos?»

- Que tal o principal derrotado ter sido o povo português que sofreu as consequências dos governos de ambos?

sábado, janeiro 08, 2005

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ABSENTISMOS

Antes comer carne de porco todos os dias do que não lhe tocar e pensar assim, como este professor da universidade Al-Imam, na Arábia Saudita.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

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DIREITA GOURMET

Ando, com frequência, afastado de alguns mundos e respectivas terminologias. Já ouvi falar, e tenho lido várias vezes aqui na blogolândia, a expressão esquerda caviar. Mas existe igualmente o seu equivalente funcional à direita. É uma direita gourmet. Julgo que esta expressão já estará cunhada, pois não me é totalmente estranha aos tímpanos. Trata-se de pessoas que consideram ter uma inteligência superior e que se acham muita piada quando produzem um discurso que, supostamente, chocará os valores e os códigos ideológicos da esquerda. Preocupam-se em exibir códigos culturais inacessíveis ao comum dos mortais e fazem particular questão em ser originais, seja lá isso o que for. São normalmente seres caprichosos e procuram desesperadamente a distinção, normalmente pela mediação de capitais culturais. São obcecados com o contrariar o "politicamente correcto", mas sobretudo em afirmar ideias absolutamente originais face às direitas e esquerdas "tradicionais". Pululam na blogosfera. Trocam piropos entre si e partilham os mesmos ícones ou gurus de dentro e de fora da blogolândia. Também os há que se situam à esquerda, ao centro, ou para além da esquerda e da direita. Mas a estes, de que falo, posiciono-os à direita. Podiam ser divertidos, mas não lhes acho piadinha nenhuma. Prefiro a outra direita. Menos de salão e mais autêntica. Menos cínica.
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AVISO ANTECIPADO

Leio agora aqui que será bem provável que venhamos a atingir as profundezas do lodo nesta campanha eleitoral. Avisei disso antes:

O país ainda não atingiu o lodo mas vai atingi-lo nos próximos meses. Vai valer o tudo por nada. Nada pode ser o que sobra de se descer tão baixo no mergulho até ao lodo. O descer até ao lodo num mergulho pode provocar falta de oxigénio nos cérebros que se torna irreversível, para a saúde, do país. Vem de longe uma campanha de descredibilização das instituições, dos cargos públicos, dos políticos. De promoção da confusão entre valores, regras, códigos de conduta e normas de ética. Uma campanha que só pode interessar a quem pretende descredibilizar o regime. Mas foi o regime que foi permitindo que tal acontecesse. Por inércia, por envolvimento nas teias da estratégia da aranha. Agora está preso nessas teias e delas terá enorme dificuldade de se livrar.
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O DELGADO MÉTODO COMPARATIVO

Aos deuses suplico: neste país que dá mais vontade de chorar do que rir, levem-nos este governo e o seu Grande Timoneiro, mas deixem-nos ficar o Luís Delgado, para nosso regozijo e riso:

«Santana tem algo em comum com Bush é objecto do mesmo ódio militante, com base no mesmo tipo de questões laterais, que o Presidente americano. Só que, sendo um país pequeno e quase sempre exagerado, não temos apenas um Michael Moore, mas muitos, e piores. Seria curioso, e interessante, comparar o que se escreve e diz de Bush e Santana. Parecem gémeos. Nunca nenhum Presidente americano - só talvez Reagan - foi tão atacado, ridicularizado, humilhado e fustigado e, no entanto, para espanto desses tarots, os americanos reelegeram-no».

quinta-feira, janeiro 06, 2005

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VOU PERDER-ME NUM OLHAR ASSIM



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(...)

Ficas toda perfumada de passar por baixo do vento que vem
do lado reluzente das laranjeiras.
E crepitam-me as pontas dos dedos ao supor-te no escuro.

Herberto Helder
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COISAS QUE MERECEM SER LIDAS EM BLOGS QUE GOSTO DE LER

No Adufe, uma conveniente citação de alguém que pensa bem, o Paulo Querido, no Avatares e no Tugir... todo o blog diariamente, ou quase. Três dos melhores blogs nacionais.
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AVENIDA DE ROMA, 2016: CARTAZ DE CAMPANHA



O quê? Não digam que não sabem quem são os três últimos da foto de família? O quê? Só reconhecem os outros quatro? Então não se vê bem que o último da direita é José Luis Arnault?

quarta-feira, janeiro 05, 2005

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EM EQUIPA QUE SE DESGRAÇA SOZINHA NÃO SE BATE

Valerá a pena continuar a publicitar os disparates e criticá-los, como o caso do cartaz em que uma vez mais o morto não está cá para se defender e de novo o professor de economia se demarca? Ou o triste espectáculo de um dos "homens do futebol" parceiros de comentário da bola onde vai recolher os seus apoios? Não é apenas o jogo falado, não. É também o dia seguinte. Todos os clubes, um só partido. O partido da bola. Não vale, de facto, a pena. Em matéria de política futeboloide há uma regra elementar: em equipa que se desgraça sozinha não se bate. Basta ficar sentado na bancada (ou no sofá) a ver o jogo (falado) até ao dia seguinte a 20 de Fevereiro. Entretanto, esta equipa é razão para voltar a acreditar. Participemos, pois.

terça-feira, janeiro 04, 2005

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NO LIMITE, O ABSURDO

O blogger João Miranda leva o que julga ser a sua teoria liberal ao limite do absurdo. Já que assim é, vamos questionar o blogger João Miranda sobre o que acharia se em Portugal todos os condomínios tivessem no seu regulamento uma norma que rezava assim: "É expressamente proibida a permanência de indivíduos de nome João Miranda no condomínio". Estaríamos, como no caso das crianças, como no caso dos negros, dos judeus, das mulheres, do que quer que seja, a elaborar uma norma ilegal, de acordo com a nossa Constituição e, portanto, absolutamente desnecessária porque o João Miranda, segundo a nossa Constituição não pode ser impedido de viver onde pretender pelo facto de se chamar João Miranda. A Constituição salvaguarda a sua liberdade de viver onde quiser. Ao fazê-lo, restringe a "liberdade" de quem quer que seja o impedir de viver em qualquer condomínio, mesmo naqueles onde o respectivo regulamento proíba a permanência de pessoas de nome João Miranda. Acresce que se todos os condomínios tivessem tal norma as hipóteses de liberdade de escolha de João Miranda ficariam restringidas, limitando-lhe a sua liberdade individual e o seu direito ao alojamento. Perante tal situação João Miranda iria, certamente, pugnar pela sua liberdade e exigir uma "land of the free".
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NEM FREUD NEM WEBER. NINGUÉM EXPLICA TUDO...

Errado. Weber explica, em parte, por que razão os países onde domina a religião protestante são como são e por que razão tem origem aí o espírito do capitalismo. Não explica (satisfatoriamente) por que razão aquele espírito não existe, do mesmo modo, nos países não protestantes. Muito menos explica a razão do nosso atraso, no que ao espírito e matéria do capitalismo concerne. Muito menos poderia explicar o que se passa quanto a essa matéria num país como Espanha, ou ainda mais "inexplicável", num país como o Japão. Ou ainda mesmo "incompreensível", num país como a "China Comunista" da transição do século. Duvidemos, pois, sempre, das explicações totais de um só autor, de uma só obra, ou de um só conceito. Em regra não explicam. São profissões de fé, como bem se adequa ao presente caso.
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A IDADE DO CINISMO

Questionar o que seria dos que hoje vivem do défice das contas públicas se acabássemos com ele e o que seria dos que hoje vivem da economia que coloca bens no mercado mas não passa pela contabilidade pública se acabássemos com a evasão fiscal, é ironia ou apenas uma requintada forma de cinismo? Perante isto acho que também podemos questionar: O que seria de alguns "pensadores" pagos a peso de ouro para verter em cinismo os principais problemas que impedem o desenvolvimento do país e uma redistribuição mais equilibrada da riqueza, se fossemos capazes de resolver esses problemas?
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A MADURA IDADE

Com a maturidade toda a gente perde em ingenuidade e utopia o que ganha em realismo e pragmatismo. Na maior parte dos casos em porções equilibradas. Com a maturidade que só chega com uma certa idade, a idade madura, alguns tornam-se mais tolerantes, num certo sentido. Ganham em compreensão, capacidade de ouvir, distanciamento crítico, humildade, sagesse, sabedoria de experiência feita. Espírito aberto, tolerante, moderado, são características próprias de uma boa assumpção da maturidade. Outros há, porém, que se tornam agrestes, ardilosos, intolerantes, arrogantes, acintosos, imodestos, justiceiros, de mal com o mundo e a vida, ávidos de endireitar o mundo, de espírito revanchista. Prontos a encontrar os culpados que são sempre os outros e nunca também eles próprios. Ai de nós se estes últimos ambicionam também o poder e têm a oportunidade de o exercer.

domingo, janeiro 02, 2005

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BLOGS

Agradecimentos ao Almocreve das Petas por ter incluído este Fórum na sua lista de prémios de Melhores Blogs de 2004. É recíproca a preferência como se viu nos prémios do FC. É para nós uma honra termos sido distinguidos por um dos blogs nacionais de referência e colocados a par de tão nobres companhias da blogosfera.

Ainda sobre a blogosfera, ao lado cresceu a lista de ligações. Algumas novas descobertas e outros já referenciados há tempo demais para continuarem fora do mundo deste blog.
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EM BUSCA DA VERDADE



Este ano será o tempo de partir em busca da verdade. Essa que sabemos não existir e que só por essa razão a procuramos.
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FONTE I

Ela é a fonte. Eu posso saber que é
a grande fonte
em que todos pensaram. Quando no campo
se procurava o trevo, ou em silêncio
se esperava a noite,
ou se ouvia algures na paz da terra
o urdir do tempo ---
cada um pensava na fonte. Era um manar
secreto e pacífico.
Uma coisa milagrosa que acontecia
ocultamente.

Ninguém falava dela, porque
era imensa. Mas todos a sabiam
como a teta. Como o odre.
Algo sorria dentro de nós.

Minhas irmãs faziam-se mulheres
suavemente. Meu pai lia.
Sorria dentro de mim uma aceitação
do trevo, uma descoberta muito casta.
Era a fonte.

Eu amava-a dolorosa e tranquilamente.
A lua formava-se
com uma ponta subtil de ferocidade,
e a maçã tomava um princípio
de esplendor.

Hoje o sexo desenhou-se. O pensamento
perdeu-se e renasceu.
Hoje sei permanentemente que ela
é a fonte.

Herberto Helder