sábado, maio 31, 2008

Os blogues, a televisão e o baixo nível (modificado)

Alguns blogues têm estado a fazer a crítica, com razão, do conteúdo jornalístico de um programa sobre a net e, em particular, os blogues, emitido pela SIC. Nesse programa da SIC passava-se, basicamente, a ideia que os blogues são um lixo da sociedade actual. O que hoje ouvi, na SIC-N, Luís Filipe Meneses dizer, referindo-se a Pacheco Pereira, está ao nível do mais rasteiro e vil que há em comentários nos blogues dirigidos a pessoas em concreto. Não foi escrito num blogue, foi dito pelo presidente da "terceira maior câmara do país", e emitido num canal de televisão, a SIC, precisamente.

quinta-feira, maio 29, 2008

É por aí sim...

José Miguel Júdice, incluindo-se numa qualquer percentagem dos que ganham mais em Portugal, ofereceu-se para pagar mais impostos para reduzir as desigualdades sociais. Não sei se Júdice disse aquilo para agradar ao seu amigo e sociólogo António Barreto, para agradar a outros amigos, ou por pura convicção. Mas eu, no lugar do governo, aproveitava a deixa e começava por aí a reduzir as desigualdades sociais no país.

Aos defensores do desagravamento do ISP

1) Preço base de um automóvel 1.3 CDTI 90 cv: 17,919.46 euros.
Preço base de um automóvel em tudo igual excepto que é 1.7 CDTI 100 cv: 16,255.43 euros.

2) Imposto automóvel (IA) do primeiro automóvel: 2,249.96 euros.
Imposto automóvel (IA) do segundo automóvel: 6,124.74 euros.

3) Preço final de venda ao consumidor do primeiro automóvel: 24,405.00 euros.
Preço final de venda ao consumidor do segundo automóvel: 27,080.00 euros.

4) Por que razão o veiculo de menor cilindrada e menor potência (menos poluente) tem um preço base superior ao veículo com maior cilindrada e maior potência (mais poluente)?

5) Quem ganha e quem perde com o desagravamento de IA para os veículos menos poluentes?

6) É esta a lógica defendida pelos adeptos da descida do ISP?

7) É esta a lógica "liberal" favorável aos consumidores?

terça-feira, maio 27, 2008

Três padeiros

Conheço três padeiros, funcionários do grupo Jerónimo Martins, que todos os dias, num café do meu bairro, falam de futebol exactamente como Fernando Seara, Guilherme Aguiar e Dias Ferreira o fazem no programa O Dia Seguinte da SIC-N. O estilo, a linguagem e o conteúdo, são exactamente os mesmos. A única diferença é que, aos padeiros, ninguém paga nada por isso.

domingo, maio 25, 2008

Relações de vizinhança

Perdi hoje vinte minutos a olhar para o Euro + Israel Festival da Canção. Ao fim de cinco minutos a observar o sentido de voto dos países passei a adivinhar onde votariam os restantes países. Bastou-me, para tanto, um banal conhecimento da geografia. Todos, quase sem excepção, votavam nos países vizinhos. Percebi, rapidamente, que Portugal não teria hipóteses, por apenas ter um vizinho e que Israel também não, por apenas ter vizinhos de outros festivais.

Os funcionários públicos não são cidadãos?

1. Não concordo com o conteúdo deste post de Vital Moreira. Parece-me que os cidadãos que são funcionários públicos, pelo facto de trabalharem na Administração, não deixam de ser cidadãos. Ora, é enquanto cidadãos que me parece que eles recorrem ao Provedor de Justiça por entenderem violados, em algum aspecto, os seus direitos e garantias, justamente, de cidadãos.

2. O que me parece que deveria preocupar, o governo em primeiro lugar, é o volume de queixas dos funcionários públicos. Será que há por aí muito tiranete na Administração que está a cavalgar "oportunisticamente" uma certa ideologia ambiente, para tirar, arbitrariamente, vantagens pessoais ou políticas, em prejuízo dos direitos de cidadania e do Estado de Direito e em favor de auto-promoção pessoal ou de micro-cliques instaladas na Administração? E isto, para que fique claro, independentemente das filiações partidárias desses tiranetes?

3. Talvez fosse aconselhável não tomar a nuvem por Juno e fazer-se uma recolha de informação objectiva sobre o que se estará a passar na Administração que leva tantos funcionários a recorrer ao Provedor de Justiça...

Hábitos da (nossa) história...

Concordo, claro, com o princípio que define o mercado enunciado pelo Rui. Por definição só há mercado onde há concorrência. Mas muitos dos players, como agora se diz, no mercado, sonham alcançar o monopólio do mesmo, ou seja, sonham com um "mercado" sem concorrência. É o caso em apreço, mas não só, como sabemos. O que mais há são players com sede de monopólio. No mercado das telecomunicações, da energia, dos media, etc. há por aí muito jogador cujo jogo denuncia mais desejo de monopólio (situação de privilégio) do que de mercado...

sábado, maio 24, 2008

Podia ter sido escrito no Jornal de Angola ou no Avante

“Vincamos decididamente a nossa profunda indignação face à estreia na Rússia do filme-provocação, resíduo da guerra fria, pasquim nojento: o filme de Spielberg: Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (...) o filme apresenta, de forma caricatural e feia, as acções dos soldados soviéticos e dos nossos serviços secretos, que são cínica e cruelmente liquidados pelo super-herói americano Indiana Jones. Semelhantes invencionices formam, na nova geração de russos, disposições decadentes, falta de confiança no poderio do seu país, adoração dos Estados Unidos. (...) Lançamos um apelo aos espectadores para assobiar o filme durante a estreia nas salas de cinema de São Petersburgo e enviar cartas de protesto aos fantoches do imperialismo: Harrison Ford e Cate Blanchett”

Mas foi num comunicado dos comunistas de São Petersburgo.

Outro factor de esperança

Sempre fui um optimista em relação à evolução global do mundo contemporâneo. A actual "crise alimentar" veio dar-me razões acrescidas de esperança, por dois motivos. Em primeiro lugar, porque para uma parte muito significativa da humanidade há hoje muito menos fome do que havia há vinte ou trinta anos, motivo principal da escassez de alimentos. Em segundo lugar, porque a viabilidade do mundo vai obrigar os países desenvolvidos e as instituições supranacionais (como a ONU, FMI, BM, ONU, UE) a alterarem as suas politicas em relação ao mundo "em desenvolvimento" onde a escassez de alimentos persiste, factor essencial para a redução drástica da fome no continente africano e em parte do continente asiático.

sexta-feira, maio 23, 2008

A sério? ainda não tinha dado conta...

Estudo revela que actualmente os fumadores são marginalizados dentro das redes sociais a que pertencem.

Um factor de esperança

Sempre fui um optimista em relação ao problema ambiental. A actual crise dos combustíveis veio dar-me razões acrescidas de esperança num futuro ambientalmente sustentável.

terça-feira, maio 20, 2008

Tinoni

Misturar cigarros acesos com combustível não é boa ideia. Algo me diz que a coisa pode explodir...

O público e o privado

Falar de violação da privacidade a propósito das câmaras de vigilância no espaço público, parece-me um claro contra senso. Já a intromissão do olho (electrónico ou humano) no espaço privado de cada um, me parece ser uma clara violação da privacidade. Mas há, também, quem traga a sua privacidade, deliberadamente, para o espaço público. A isto chama-se exibicionismo.

E há ainda o mercado do associativismo recreativo

"as associações típicas recreativas dos bairros típicos de lisboa vendem-nos uma sardinha por uns típicos quatrocentos (400) escudos, isto mesmo depois de receberem mil continhos da edilidade para, por favor, nos venderem umas sardinhas à noite num local todo mijado e com pão amassado durante a crise de 1383-1385. Parece agora que António Costa vai diminuir o subsídio para mil euros, ou seja, 200 contos, apesar dos fortes protestos do PCP."

O mercado da solidariedade

Os contornos aqui mencionados são muito simples de enunciar. São os contornos do mercado da solidariedade. Os exemplos práticos são inúmeros. Desde o approach de marketeer de uma assistente social aos familiares de um idoso num hospital, até à demarcação territorial de paróquia, efectuada pelo respectivo pároco, dentro da qual, segundo o próprio, se estaria em território prioritário de intervenção da "sua" IPSS. Afinal estamos a falar de economia social. É social, é certo, mas não deixa de ser a economia! [sem ofensa]

quinta-feira, maio 15, 2008

Crise petrolífera

Já aqui disse e repito. Acho essa coisa de ir para o local de trabalho de bicicleta uma grande javardice dos tempos anteriores à sociedade pós-industrial.

Como eu compreendo o PM...

Há tempos o PM disse que tinha deixado de fumar e em alternativa fazia jogging como um atleta. É saudável e dá boa imagem. Hoje em dia fumar é politicamente incorrecto. Regozijava-se, também, com a lei anti-tabágica que colocou em vigor no dia 1 de Janeiro do corrente ano. Ano novo vida nova.

Agora, Sócrates foi apanhado com a boca na botija (leia-se, no cigarro). Como eu compreendo o PM. Por três ordens de razão:

Primeiro, porque deixar de fumar não é fácil, mesmo para um PM.

Segundo, porque, para um fumador, passar oito horas fechado num avião sem poder fumar é uma tortura. Que o digam os pobres mortais que não têm estatuto de PM.

Terceiro, porque a lei não é para todos. Não faltava mais nada ser-se PM e ter de cumprir a lei como um qualquer cidadão.

Adenda: Eu, por experiência própria, no lugar do PM, não prometia deixar de fumar. Nunca se sabe quando há uma recaída e, neste caso, as recaídas podem ter equivalente funcional.

terça-feira, maio 13, 2008

A propósito das comemorações do Maio (1917 e 68)

"Agora, que João Paulo II unilateralmente aboliu o Inferno, o diabo já não mete medo a ninguém. E os artistas malditos também não."

Fim de época

Os efeitos positivos e não esperados da acção, logo, efeitos não perversos, no que toca aos episódios mais recentes do universo da bola, prenunciam a morte há muito anunciada de uma época. O moribundo está próximo do último estrebuchar.

quinta-feira, maio 08, 2008

Observação participante no trânsito de Lisboa

Carros a circular com três ou quatro cotovelos de fora.

- 99,9% são do sexo masculino.
- 89,9% são jovens.
- 79,9% são da classe média-baixa.

Conclusão: carros com cotovelos de fora denunciam um acesso recente ao maravilhoso mundo do "também eu quero contribuir para o aquecimento global".

Ao cuidado dos senhores operadores da justiça

1. Quem trabalha no ensino superior e na investigação há mais de 10 anos, sabe como as Tecnologias de Informação e Comunicação, mudaram radicalmente os modos de trabalhar, criando eficácia, eficiência e uma produtividade sem paralelo com as que se obtinham antes. Basta recuar 10 anos.

2. Quem trabalha nos hospitais sabe como o mesmo se está a verificar nesse sector. Ao invés da circulação de envelopes com resultados de exames médicos e de funcionários a levar e trazer papeis, hoje o médico olha para os doentes, o enfermeiro vem fazer o exame, algures no hospital a análise é feita e os resultados introduzidos na intranet. O médico apenas tem de consultar o seu monitor e os exames ali estão.Minimização de desperdício (tempo, dinheiro). Maximização de eficácia, eficiência e melhores e mais rápidos diagnósticos e tratamentos. Ganham os profissionais do sector, ganham os cidadãos, ganham os contribuintes,em suma, ganhamos todos. Estes são processos de mudança imparáveis e que apenas trazem melhor qualidade de vida, melhor qualidade dos serviços prestados e mais desenvolvimento do país.

3. Alguém me explica por que razão a imagem que temos hoje dos tribunais continua a ser a de pilhas de processos em papeis e arquivos de cinzento pardo do chão até ao tecto e no meio desse amontoado de papel vários funcionários perdidos em processos que se perdem no tempo? Talvez os senhores operadores da justiça me possam esclarecer esta minha perplexidade. Ou talvez esta seja uma questão ajustada para colocar a uma Câmara Corporativa.

Banco corrido

é o nome de um novo blog que vale a pena acompanhar. Por mim, vai já para a coluna de ligações directas.

quarta-feira, maio 07, 2008

Insustentável

1. Bob Geldof veio a Portugal a convite do BES falar de desenvolvimento sustentável. O conhecido activista disse o que não é o desenvolvimento sustentável, apontando o exemplo de Angola, país que detém níveis miseráveis em todos os indicadores de desenvolvimento, em contradição com os seus indicadores de crescimento económico e criação de riqueza. Num país com uma esperança média de vida próxima da Idade Média Europeia, é na sua capital que encontramos as residências mais luxuosas do mundo. Segundo Geldof, em Luanda existem residências de luxo e valor superiores às que se encontram num dos bairros mais caros do mundo, em matéria de valor imobiliário, Chelsea, em Londres.

2. Perante estas afirmações, o BES fez um comunicado em que se demarca da intervenção do seu convidado. Business oblige. A embaixada de Angola fez, também, um comunicado em que repudia as afirmações do activista irlandês, considerando-as "injuriosas" e contrapõe "o esforço que o Estado angolano tem vindo a fazer para melhorar as condições de vida das populações".

3. O que a representação diplomática angolana em Portugal não fez foi negar as afirmações de Geldof, sobre o "facto imobiliário" por ele referido, apresentando provas das "injúrias" que atribui ao activista.

Lemos, ouvimos e vemos

Eis um dos melhores posts dos úlimos tempos na blogosfera. E o resto é conversa para boi dormir.

terça-feira, maio 06, 2008

Finalmente percebi...

...a expressão marialva lusa: "boa como o milho". Para quem não aprecia particularmente o milho, só agora fiquei a saber que o milho produzido em Portugal é do melhor do mundo.

domingo, maio 04, 2008

Keep buzzing about your business

O marido da candidata vencedora do AUDAX, um imigrante russo professor associado da Universidade de Aveiro, "gosta muito de Portugal porque lhe faz lembrar a União Soviética dos anos sessenta". Além de estarmos na presença de um nostálgico dos tempos áureos da URSS, a comparação talvez se fique a dever à quantidade de LADAS que circulam por aí nas estradas nacionais.

Não há coincidências

Será mera coincidência o facto dos três finalistas do programa AUDAX não serem naturais de Portugal? Um nasceu em Angola, outro na África do Sul, e a terceira na Rússia.

sábado, maio 03, 2008

Ao cuidado da CPLP

1. Passados mais de trinta anos sobre a descolonização começa a ser possível fazer história sobre o colonialismo português, mas também sobre a governação dos países desde então independentes. A excelente reportagem de Anabela Saint-Maurice sobre as roças do Cacau e os contratados em São Tomé e Príncipe, que ontem o canal 2 da RTP repetiu, é disso mesmo um bom exemplo.

2. As explorações agrícolas já não existem. Casas, instalações, outros meios de produção e até um hospital e o seu equipamento, lá estão, pilhados, abandonados, entregues aos efeitos do tempo e das leis da natureza. O povo que antes ali habitava lá permanece, mas tal como as construções e equipamentos coloniais, à mercê das mesmas leis da natureza. Vive apenas do que essa natureza, as árvores e o mar, espontaneamente propicia. Um ex-contratado, ou descendente dos que foram de Angola e Cabo-Verde, dizia: "no tempo colonial havia tudo, tínhamos tudo, menos liberdade. Agora só temos liberdade, o resto falta tudo".

3. Como classificar os governantes de um país que nunca conheceu guerras, nem conflitos armados, sejam eles políticos, regionais, étnicos, ou outros; independente há 33 anos, e que, ainda assim, mantêm um país e o seu povo naquele estádio de desenvolvimento?

quinta-feira, maio 01, 2008

Tio Patinha

Vi numa barbearia do meu bairro que um dos candidatos do PPD/PSD gosta de ostentar o seu título de Prof. Doutor. Inversamente, eu tenho alguma nostalgia dos momentos em que na escola onde sou professor, quando tinha menos vinte e um anos do que tenho hoje, um aluno se virou para mim ao balcão do "come-em-pé" e me pediu: "passa-me aí os guardanapos colega".