"Já me referi atrás à generalizada impreparação dos docentes do ensino superior no plano especificamente pedagógico. Manifestando-se em fenómenos que podem ir do culto elitista do hermetismo (frequentemente associado a posições elevadas na hierarquia mas também a projectos de ascensão meteórica na carreira académica) até à angustia quotidiana do estagiário sem estágio, nem orientação, passando por incúrias bem mais grosseiras, uma tal impreparação leva a privilegiar na acção pedagógica, ora a retórica e o ritual que se auto-consagram, ora a acumulação, tão exaustiva quão inorgânica, de informação. Dividido, em casos extremos, entre a aula que entorpece e eventualmente enfeitiça, mas pouco ensina, e a aula que ensina "demais", o que o aluno universitário não raramente acaba por perder é a própria possibilidade de aprender" ..."
in: José Madureira Pinto, (1994), Propostas para o Ensino das Ciências Sociais, Porto, Afrontamento, p. 33)
in: José Madureira Pinto, (1994), Propostas para o Ensino das Ciências Sociais, Porto, Afrontamento, p. 33)
Subscrevo inteiramente aquela citação. Embora alertando para a necessidade de não generalização, a verdade é que, tal como já o afirmei publicamente noutro lugar, a carreira universitária carece de formação e avaliação da sua vertente pedagógica, sendo implacavelmente eficaz, e bem, na formação e avaliação da sua componente científica. Infelizmente, tenho as maiores dúvidas que as lógicas que se estão a tornar dominantes com a "globolonhização" da carreira universitária venham a permitir, como seria desejável, uma equiparação da eficácia de formação e avaliação do desempenho pedagógico dos docentes universitários , àquela que caracteriza a vertente científica da sua profissão.
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