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Quando o poder não está no poder
Marcelo Rebelo de Sousa ostentou hoje, nas suas declarações na audição à Alta Autoridade para a Comunicação Social, um poder singular na sociedade portuguesa. De um só golpe feriu gravemente um governo e uma das maiores empresas do império mediático nacional. Ao contrário de JPP penso que MRS sai extremamente reforçado no seu poder mediático, tendo recolhido um importante acréscimo de capital de simpatia junto de um potencial eleitorado, ou junto de uma audiência que lhe confere um poder de que pode usufruir para o exercer exclusivamente no terreno dos media, com todas as ramificações que esse terreno, hoje em dia, permite em matéria de capital social e simbólico. Os partidos da maioria tinham, pois, boas razões para não permitir a sua deslocação ao Parlamento. Como seria de esperar MRS jogou no tabuleiro que domina: a comunicação mediática, ao ensaiar e apresentar perante os media as suas razões. Concordo com JPP que a AACS ao invés de fazer o seu papel, teve uma postura de completa submissão ao jogo da sedução comunicacional que MRS impôs. Incompreensivelmente pediram-lhe opiniões além dos factos, jogando desse modo com as regras que não deveriam ser as suas mas sim aquelas que MRS melhor sabe usar a seu favor. Independentemente de todas essas questões de forma, quanto ao conteúdo da prestação de MRS, importa perguntar: vai o governo sair incólume desta situação perante os factos relatados por Marcelo? E se assim for, vai o Presidente da República uma vez mais "assobiar para o ar", em nome de uma estabilidade que é em si mesma um contrasenso quando associamos tal palavra aos nomes de Pedro Santana Lopes e Paulo Portas?
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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