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O perigo que veio do frio
O que se esperava como reacção por parte do governo russo ao terrorismo que por definição é irracional e bárbaro, era uma resposta que permitisse encontrar a razão do lado certo. Uma resposta racional, comedida, organizada e imbuída de valores e princípios. Nada disso Putin demonstrou, uma vez mais. Nesses aspectos deveriam os russos recolher ensinamentos dos norte-americanos, descontados os disparates e apenas referindo a capacidade organizativa e de resposta, em caso de ataque terrorista ou catástrofe. Mas se no caso dos EUA de Bush o lado certo não reside ali, no caso de Putin, um ex-coronel do KGB, muito menos. A desorganização da resposta e do suporte logístico; o acaso da solução a encontrar; a ideia de aniquilar os terroristas a qualquer preço, mesmo que tal custe a vida de centenas de pessoas inocentes, são bem a demonstração da natureza do poder instalado no Kremlin. Nem ao menos a organização do apoio logistico. Nem sequer a eficácia racional da intervenção armada dos grupos militares especiais. Sempre pensei que a escola do KGB fosse, pelo menos nessas matérias, uma boa escola. Não. O perigo da actual Rússia é mesmo a ausência de qualquer lógica de poder com alguma racionalidade objectiva que estivesse para além de meros interesses individuais de poder pessoal.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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