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Édipo a fazer contas ou a inexorável crueza do tempo
Não tenho escrito neste blog. Mas também não se notou muito. Os meus vinte leitores continuam a dormir bem e a comer melhor, apesar disso. Mas vou lendo, por aí. Hoje não há muito para ler. Será do inesperado calor fora de época, ou será do pântano em que o país teima em ficar? Pouco importa. Aliás, no país, no propriamente dito país, nada já parece importar.
Entretanto, a blogosfera parece andar a circular numa rotunda sem saída. Circula, circula e não sai do mesmo sítio. Claro, não tem por onde sair. Até o Terras do Nunca deu a volta ao mundo (dos templates) em muito menos de oitenta dias e voltou ao mesmo. O inicial. Em outros que leio, com regularidade, nada se escreve, também.
Há, no entanto, um blogger que sempre circula ao contrário na blogosfera. Quando todos escrevem muito, ele nada diz. Quando ninguém diz nada, ele torna-se prolixo em textos, memórias, controvérsias, análises finas e posts que valem apenas por olhar para eles, como este.
Manda-nos fazer contas, o Ivan. Já fiz e dei-me conta que uma amiga dos tempos de liceu faz hoje quarenta e um anos e não quis ser minha namorada quando tinha dezassete. Ela, porque eu tinha vinte. E dei-me conta também - acaso bem mais importante - que a minha mãe completará, este ano, setenta anos de vida. A minha amiga tinha uns ares da Brigitte. Tinha sim, embora menos carnuda. Há quarenta e quatro anos a minha mãe apenas tinha vinte e seis. Como estará hoje a beleza carnuda da Brigitte, quarenta e quatro anos volvidos? Será digna de um post como este?
Morreu François Ascher
Há 15 anos