terça-feira, novembro 30, 2004

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O PAÍS SEGUE DENTRO DE QUANTO TEMPO?

Desde que se recolocou recentemente a questão do PR poder vir a dissolver a Assembleia e convocar eleições, que não acreditei que fosse essa a opção que Sampaio tomaria. Continuo a não acreditar. Pouco importa se por causa do orçamento, se por causa da ainda escassa consolidação e preparação de Sócrates para assumir governo (como se fosse possível maior impreparação do que a do Primeiro Ministro em exercício), se por causa da vitimização que Santana capitalizaria como só ele sabe fazer. O que importa é que a persistência por parte de Sampaio, no erro da decisão que tomou no verão passado, está a custar muito caro ao país e a arrastar-se, como tudo o indica, trará ainda custos mais gravosos, nomeadamente para a economia e para a gestão do Estado. Ouvindo e lendo os especialistas - não só os analistas com créditos na matéria, como os próprios empresários, na sua esmagadora maioria insuspeitos de simpatias pela esquerda -, ficamos a saber da gravidade da situação em termos do ambiente económico e da saúde da economia, pelo simples facto de não haver uma política, um rumo. Não haver governo que governe. O que existe é uma navegação à vista, errática, e que se ocupa não das questões que importam, politica e economicamente, mas de fait-divers. A situação da economia e do universo empresarial, como da gestão do Estado e dos assuntos da administração pública, estão num caos, sem precedentes desde a consolidação da democracia no país. Perante esta realidade, já pouco importa se quem vier a governar imprimirá um rumo mais liberal, ou mais estatal, à economia. Se terá uma política mais à esquerda ou mais à direita. O que importa é que governe. Coisa que o governo em exercício não faz. Porque governar não é fazer congressos e esgrimir argumentos de alianças e jogos partidários. Governar é traçar um rumo para o país, e decidir de acordo com esse rumo, sabendo os agentes económicos e sociais com o que podem contar. Sendo, obviamente, esse rumo claro e consequente em termos do desenvolvimento do país, da sua economia e das suas iniciativas de investimento público. Sempre se soube que Santana Lopes não possuia competência, nem perfil pessoal, para o efeito. O seu trajecto de vida pública, falava por si. Será por acaso que Cavaco Silva nunca lhe permitiu ascender em grau de responsabilidade além de uma secretaria de estado que entendia como irrelevante para a sua política? Será por acaso que olhando para aquele congresso recente, se poderiam contar pelos dedos de uma só mão os militantes do partido presentes com créditos na vida pública e capital de respeitabilidade em matéria de competência política? Ainda assim, Sampaio, optou como optou. Ao persistir no mesmo erro, não será Santana Lopes - que ficou por demais conhecido pelo rasto que deixou por onde passou antes de chegar ao governo - que poderá ser responsabilizado pelas consequências que daqui advirão, mas sim Jorge Sampaio, o actual Presidente da República, nas mãos de quem o país está neste momento e até que haja eleições para que os eleitores possam, finalmente, decidir. Talvez daí surja quem governe o país.

ADENDA: Pouco mais de uma hora depois de inserido este post sabia da decisão do PR. Está visto que em matéria de previsão política não se acerta uma aqui pelo Forum Comunitário. Mas tal como já aqui escrevi em outros momentos, como eu gosto de me enganar nestas coisas das previsões políticas...

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