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A NATUREZA DO PCP E A REGENERAÇÃO DAS IDENTIDADES
O Partido Comunista, pela sua própria natureza, está condenado a desaparecer. Trata-se de um partido que por razões que se prendem com a especificidade da sua doutrina e por razões históricas, pertence já à própria História e nela já cumpriu o seu papel. O PCP não tem mais alternativas senão duas que culminarão no mesmo fim: o seu próprio fim. Ou se mantém "fiel à sua própria natureza e não muda a sua identidade" , como sustentou Jerónimo de Sousa este fim-de-semana no congresso em Almada; ou renova-se e deixa se ser um partido comunista. Optando pela segunda hipótese desaparece pela natureza própria das identidades híbridas. Tendem a diluir-se nas restantes identidades e a tornar-se indistinguíveis das mesmas. O que não só não seria grave como seria o processo natural de reconstituição das identidades e de mudança própria da vida. Mas, ainda assim, acarretaria o fim do partido tal como o conhecemos, já que rapidamente se confundiria com as forças políticas que imediatamente o ladeiam. Ao optar pela primeira hipótese o partido comunista cumpre o seu papel histórico, e o seu destino, que é igualmente o destino de todas as identidades que não mudam e se mantêm cristalizadas: morrem. A estratégia que resulta deste congresso apenas permitirá a ilusão daquele fim já que, no curto prazo, pode permitir capitalizar o descontentamento que existe com os governos do chamado "centrão". Assim pensaram os dirigentes comunistas. Mas enganam-se quanto aos efeitos dessa estratégia no médio prazo, quando os partidos do centro conseguirem demonstrar (perante o eleitorado) a capacidade regenerativa das suas identidades que um partido como o partido comunista, pela "sua própria natureza" jamais poderá protagonizar.
Morreu François Ascher
Há 15 anos
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