sexta-feira, maio 28, 2004

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Falta de Imagem ou de políticas sólidas e estratégia alternativa?

Como era mais que previsível as sondagens continuam a revelar a queda a pique do PSD e o quase eclipse do PP. Ao mesmo tempo que indicam um crescendo vitorioso do PS e uma muita significativa subida do BE.

Não tenho dúvidas em afirmar publicamente que este cenário me agrada. Mas julgo-o, infelizmente, muito improvável. Considero que as sondagens são um desabafo dos portugueses sondados, perante os sérios constrangimentos de consumo e a ausência de perspectivas de retoma a que a política deste governo conduziu. Mas será que na hora da verdade, os crédulos cidadãos eleitores, que julgo maioritariamente apóstolos da ideia de "pôr ordem na casa", não darão uma derradeira oportunidade a este governo? Não que as próximas eleições sejam legislativas (e por consequência executivas), mas serão um sinal de como os portugueses já perderam todas as esperanças na alegada superioridade de competência da coligação ou, alternativamente, um indicador de que dão ao governo mais uma chance. Penso que acabarão por se inclinar, ainda, para esta segunda hipótese.

As preocupações de alguns bloggers, como este, este e este, vão no sentido de saber da capacidade de Ferro Rodrigues para agenciar mais ou menos eleitorado para a causa do voto socialista. Terá ele a melhor imagem para tal desiderato? Seria melhor o resultado caso fosse outro o líder do PS?

Em minha opinião, o desempenho político do actual líder do PS, enquanto líder da oposição tem sido medíocre. Na forma, no modo, no conteúdo. Tacticamente, estrategicamente e substantivamente muito fraco. Exactamente na razão inversa do seu desempenho como ministro dos governos Guterres, em qualquer dos ministérios que liderou. Ferro revelou-se muito melhor executante governativo do que se tem revelado como político que lidera a oposição. É certo, também, que não tem grande carisma como líder, ao contrário da imagem positiva que detinha como ministro. Porém, o problema não me parece residir aí. Tivesse Ferro uma ideia sólida de políticas e uma estratégia, alternativas ao actual governo, e a capacidade de comunicação para conduzir os portugueses a acreditarem nas suas alternativas, e a sua popularidade como líder politico subiria em flecha e aí sim, nas urnas, e não apenas em sondagens, o PS sairia inequivocamente vencedor. De outro modo, arriscamo-nos a que estas sondagens não signifiquem tanto o crédito do PS e do seu líder, quanto o desabafo dos portugueses face ao descrédito dos actuais governantes. No próximo acto eleitoral, veremos se os portugueses se decidem e como decidem...

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