quarta-feira, dezembro 01, 2004

_________________________________________________________________

EIS UM BOM ANALISTA A PENSAR MAL

Pacheco Pereira, assumido cavaquista, ainda nos tempos actuais, queria agora que os relógios andassem ao contrário e lhe restituíssem os "ontens" que já lhe cantaram fundo. Não. A História até se pode repetir, por vezes, mas não se repetem as circunstâncias, os contextos, as condições necessárias. Nem Cavaco Silva aceitaria, alguma vez, vir substituir Santana Lopes. É absolutamente inverosímil que Cavaco Silva quisesse voltar ao mesmo papel que já ocupou na história do país. Por outro lado, ainda que tal fosse a sua vontade, não me parece que os eleitores fossem premiar eleitoralmente uma repetição da História, mesmo que o capítulo a repetir fosse maioritariamente avaliado como um bom capítulo. E por que razão ao PSD só o próprio PSD lhe pode suceder? É péssima a ideia, para o sistema democrático, de que a alternativa a um partido é o próprio partido. Qualquer que ele fosse. Não tivemos já suficiente prova de que é um mito a ideia de que só o PSD é um partido de poder? Sobretudo quando demonstrou tanta incompetência, no caso de Santana e fuga às responsabilidades democráticas, no caso de Barroso? Se alguma coisa ficou provada nos últimos tempos foi que este PSD fez oposição mesmo quando foi governo. Este governo do PSD foi o maior opositor de si próprio. Finalmente, tal como já aqui escrevi, pese embora o facto de José Sócrates não ter ainda suficientes provas dadas no seu trajecto político e de Estado, deu já prova bastante que não é, de facto, ao contrário do que diz JPP, a "outra face da mesma moeda má" representada na alegoria de Cavaco por Santana Lopes. Demonstrou já, ter substrato incomparável face a Santana e sentido de Estado para constituir um governo de pessoas competentes mas com visão política, independentemente dos núcleos de apoiantes e amigos, e até independentemente de filiações partidárias. E é disso que o país precisa. Não é de um Messias salvador e muito menos de alguém com uma visão teimosamente tecnocrática da política.

Sem comentários: