segunda-feira, agosto 16, 2004

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Sobre a ignorância dos estudantes universitários

Mais um post de Rui Tavares com o qual estou inteiramente de acordo. Todos nós que leccionamos numa universidade sabemos que o nível geral de conhecimentos de base dos alunos tem vindo a diminuir. Na exacta medida em que tem vindo a diminuir o nível geral do país, em todas as esferas, como muito bem tem chamado à atenção Pacheco Pereira.

Em primeiro lugar, tal não implica que não continuem a chegar à Universidade muitos alunos razoavelmente preparados e alguns até muito bem munidos de conhecimentos de base. Em segundo lugar, como recorda o Rui Tavares, se os alunos ignoram as matérias, cabe ao professor colmatar-lhes essa ignorância. Ou não será assim?

A este propósito lembrei-me de uma intervenção de um colega há uns anos, numa reunião de debate sobre questões pedagógicas, em que alguns colegas nossos vociferavam, porventura até com razão, contra o estado geral de quebra da qualidade dos alunos. Dizia esse colega algo que pode parecer uma evidência. Mas por vezes é necessário lembrar algumas evidências: "Se os alunos soubessem tanto como nós, não seriam alunos, seriam professores. E se o seu nível de conhecimentos fosse de uma excelência tal que agradaria a todos nós, talvez tivéssemos nós, os docentes, de passar para o outro lado e transformarmo-nos em alunos". Ora, como refere o Rui Tavares: Menos lamentos e toca a trabalhar, pois a nossa função é precisamente ensinar aquilo que os alunos ainda desconhecem. Minimizar a sua ignorância. Quem tem saúde, vai ao hospital? Porque vão, então, as pessoas frequentar uma universidade? Não será para aprenderem o que ainda ignoram?

Post-scriptum: Aconselho vivamente, sobre esta questão, este texto que acabei de ler no País Relativo. Também o Rui Tavares retoma o tema, a propósito de um editorial de José Manuel Fernandes no Público.

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